Capitulo 3: Onde esta Dilan? Parte II

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PARTE II

Eu não era uma sereia vidente como algumas que existiam no nosso reino e muito menos com o dom do canto, meu único talento era o controle sobre as águas, conseguia manipular até a mínima gotícula. Ash podia criar tempestades, pequenas chuvas. Usar os poderes era permitido apenas em batalhas ou quando requisitados por algum órgão do reino. Dilan possuía o poder dos polos norte, sua mãe era de lá, ele consegue congelar qualquer coisa, seu dom era tão frio quanto seu coração.

- Ele entrou nas cavernas Syrene, devemos seguir? – Meu irmão parecia em dúvida. – Talvez ele só esteja fugindo da festa. - Completou inseguro da própria afirmação.

- Não sei, estou com uma péssima sensação nas escamas, talvez devêssemos entrar só para garantir. – Eu sabia que o quer que Dilan fosse fazer ali não era boa coisa.

- Tudo bem, mas vamos ser rápidos ou vão sentir nossa falta na festa. Eu prometi uma dança para uma linda sereia de cabelos loiros. – Falou Ash sonhador.

Revirei os olhos e fiz uma cara de vômito para ele, que riu.

Seguimos nadando para dentro das cavernas. Elas eram escuras quase não conseguia-se ver lá dentro, mas nós sereias podemos enxergar mesmo no escuro, não tão bem quanto a luz do dia, mas evita que morremos por esbarrar em algum tubarão branco.

- Sy, ali – Meu irmão apontava para uma das curvas da caverna, onde a ponta de uma calda cinza aparecia.

Fiquei apreensiva se deveria chamar Dilan, não parecia certo estarmos à espreita seguindo ele. Mas a voz de Ash retirou minhas dúvidas

.

- Estamos vendo você Dilan, o que está aprontando? – Sua voz era dura, como se estivesse pronto para uma briga se precisasse.

A calda cinza se mexeu com agitação e tudo ficou frio. Muito frio.

- Ele está congelando a caverna Ash – Falei enquanto via riscos de gelo começarem a aparecer nas pedras. – Dilan pare, só queremos conversar.

Então uma risada ecoo pela caverna e minha mente.

- Minha querida e amada Syrena não sou eu que deveria ficar preocupado e sim vocês. Eu sabia que me seguiriam até aqui, a curiosidade atiça você não é meu bem? Ou será que estão preocupados com o segredinho da mamãe? – Sua voz era rouca e parecia distante mesmo as ondas sonoras atingindo minha mente dolorosamente.

- Você não sabe do que está falando – Retrucou Ash

- Sei sim ruivinho, esse cristal que sua doce irmã carrega não é o único do reino. São difíceis de achar assumo, mas eu encontrei. Se eu disse a vocês que meu propósito é nobre vocês acreditariam em mim?

Automaticamente senti o pingente roxo em meu pescoço pesar, eu prometi a mamãe que o protegeria.

- Não me faça rir Dilan. Você nobre? – Resmunguei

- Imaginei que diria isso, mas pensem vocês dois por um momento -Argumentou Dilan

O ar estava ficando mais frio, ele não parou de congelar ainda, se continuasse morreríamos ali. Não éramos sereias do polo norte para aguentar muito tempo. Nossas escamas são finas.

- Você vai nos matar se continuar congelando a caverna. – Grunhiu Ash

- Não se preocupem, deixem me terminar a explicação e acho que principalmente você Syrena vai entender. – Continuou – Nosso reino vem sofrendo mais de mil ostras com os humanos e nós ficamos escondidos sem reivindicar nosso poder. Nós somos o triplo da espécie deles, temos poderes e maior quantidade de seres. Os humanos deveriam rastejar por nossas caldas e eu vou fazer com que eles entendam isso usando o cristal. Vocês sabem como ele funciona certo? Com os ingredientes certos, posso subir lá, me misturar entre eles e chegar até seu líder. – Dilan soava determinada e não havia parado de usar seus poderes, a parede estava quase totalmente coberta de gelo.

O que Dilan achava que iria fazer? Render todos os humanos?

Eu não gostava deles, mas não queria dominar o mundo terrestre. Era arriscado demais eles podiam vir atrás dos nossos reinos, com seus submarinos e armas. Meu pai disse que uma vez quase encontraram nosso reino, ele teve que afundar três de suas maquinas que imitam baleias de tão grandes.

- Dilan eu sei o que você sente, também não gosto deles, mas não podemos arriscar assim. Você seria apenas um contra todos lá em cima? - Tentava argumentar, mas sabia que quando ele colocava algo na cabeça era impossível fazer o mudar de ideia e o fato de estar contando todo o plano e usando seus poderes contra os próprios reis do reino me dizia que ele não pretendia nos deixar sair dali vivos.

- Pare de ser tão idiota - Falou inutilmente Ash. Ele nunca fora bom com as palavras.

Eu não queria usar meus poderes, pensei em criar uma pequena turbulência na água para distrair Dilan mas as partes congeladas era seu domínio e meu poder era inútil quanto a descongelar.

- Syrena não sou apenas um, eu sou o um. Eu congelarei todos se for preciso, mas relaxe minha estrela do mar tenho todo meu plano traçado. Assim que misturar os ingredientes, o líquidos será colocado dentro do cristal e irei subir até a superfície e me misturar em um lugar que eles chamam de universidade. Andei observando eles de longe, são ingênuos e não vão nem me notar, vou estudar seus gostos e congelar cidade por cidade até chegar ao seu líder, vai ser perfeito. - Dilan não iria nos deixar sair depois desse discurso.

Eu não conseguia ver ele, mas tudo começou a ficar muito frio, mais do que o normal minhas escamas começaram a doer, quando olhei para o lado eu vi que a passagem havia sido totalmente congelada.

- Ash? - Chamei pelo meu irmão. Sem resposta. - Dilan nos deixe sair. Isso não vai lhe levar a nada, eles iram caçar você por ter feito isso.

A risada ecoo de novo.

Tudo estava escuro, a água estava gelada e minha calda começara a congelar. Olhei para o lado e vi Ash desmaiado.

- Ash por favor acorde, acorde. - Balancei seu corpo frio mas não obtive respostas. Dilan já não estava mais lá, eu precisava achar um modo de sair, mas estava ficando fraca.

Meus pensamentos tentavam achar uma solução para aquela situação. Não podíamos morrer congelados, não podíamos. Falhamos com mamãe sobre o segredo, agora precisávamos salvar nosso povo.

Talvez se eu conseguisse ao menos criar um turbulência na água para dar impulso, comecei a criar um redemoinho em baixo da minha calda para dar força, se eu conseguisse quebrar o gelo com meu corpo, conseguiríamos sair dali. Segurei a mão de Ash me concentrei e impulsionei toda força que eu tinha para frente. Senti cada centímetro do gelo raspar em minha pele e uma dor cruciante passou pelas minhas escapa e corpo.

Não podia me preocupar se estava machucada, tinha que chegar até meu pai.


NOVAS ÁGUASWhere stories live. Discover now