Luz para os meus olhos

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Enquanto fui me aproximando, percebi que o chão se inclinava para baixo, em uma leve ladeira, que se tornou bastante íngreme um tempo depois. O vento tornou-se mais forte e gélido, a vegetação bem mais espessa me cercava, lanhava e atrapalhava meu caminhar. Minhas mãos tremiam e minhas pernas ameaçavam travar. Apertei o casaco ao redor do pescoço.

Havia um pequeno portão de ferro, com duas portas pesadas, era a entrada para a Torre. E ali em volta, espalhadas no chão, haviam muitas folhas secas. E um chafariz empoeirado que estava coberto de musgo. No centro dele, um lindo golfinho esculpido. Deve ter sido um pequeno e charmoso jardim um dia.

Minha mente estava inquieta desde que acordei ali e meu corpo amedrontado não respondia corretamente meus comandos perto da torre, como sempre ocorria, quando me encontrava em uma situação inusitada. Afinal, não fazia ideia​ de quem ou o que encontraria lá dentro. Sem querer, empurrei os portões de ferro com mais força do que precisava, me desquilibrei e entrei tropeçando. Uma entrada triunfal.

Lá dentro estava bastante escuro e o ar era ainda mais frio que do lado de fora. Enfiei as mãos no casaco e observei em volta de mim. Havia algumas tochas nas paredes e todas estavam apagadas. Sob meus pés existia um alçapão, com uma viga enferrujada, cuidadosamente puxei a porta da passagem, mas era muito pesada, então me virei em direção a minha única opção.

Subi os degraus de uma enorme escada em caracol empoeirada, subi um caminho que parecia me levar até o céu, de tão alto. Continuei caminhando em direção ao desconhecido, mesmo querendo voltar, mesmo sem saber como, mas algo me intrigava sobre aquele local e prossegui seguindo meu coração, pela primeira vez há muito tempo.

Mais um lance de escadas e logo avistei uma pequena porta de madeira escura. Era toda trabalhada, com desenhos esculpidos ao seu redor.  Me curvei sobre os joelhos, sentindo no corpo inteiro o peso da subida.  Arfando, ainda mais segurando uma espada tão pesada, respirei fundo, estendi as duas mãos e sem pensar muito empurrei lentamente a porta, fazendo toda a estrutura envelhecida pelo tempo, ranger.

Nesse momento, a mesma música de antes recomeçou. Parecia vir de dentro do cômodo. Desta vez, com um toque de esperança que eu nunca havia ouvido.

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