Prólogo

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Peguei todos os meus pertences escolares visíveis pelo quarto. Coloquei-os na mochila, sem dar importância a organização de seu interior ou prestar atenção em algo que fosse além do meu atraso matinal.

Acordar às seis e meia da manhã é uma tarefa um pouco complicada, pois exige raciocínio para levantar e encarar um dia naquela maldita escola. Mas, ainda sigo invicta tentando sobreviver ao ensino médio e suas terríveis atrocidades.

Desci as escadas sem dar importância para o risco de um acidente, já que pulava alguns degraus da sequência da escada. Andei até a cozinha, limitando meu café da manhã para salgadinhos que comeria no caminho. Foi difícil deixar as panquecas da minha avó para trás, me fazendo voltar para olhar elas uma última vez.

- Atrasada de novo, Hailey? - meu avô perguntou com um toque de ironia.

Fui criada a vida toda por meus avós paternos. Meu pai está preso por homicídio, ele matou a ex-namorada com sete facadas. Uns meses antes, ele havia aberto um inquérito para pedir minha guarda e felizmente, meus avós salvaram minha vida. Nem eles confiam no próprio filho!

- Talvez um pouco. - respondi.

- E vai sair sem comer as deliciosas panquecas da sua avó? - tentou me chantagear.

Decidi entrar em seu jogo.

- Eu teria tempo mas, estou atrasada para pegar o ônibus. Caso eu tivesse uma carona, comeria as deliciosas panquecas da vovó. - falei sugestiva.

- Melhor ir rápido ou vai perder o ônibus. - ele gargalhou logo em seguida.

Como é lindo o amor entre avô e neta.

Coloquei o salgadinho na mochila e saí correndo pelo gramado. Corri até o ponto, onde o ônibus estava estacionado esperando três alunas entrarem.

Uma delas é Stacy, minha melhor amiga. Conheci Stacy aos os oito anos de idade e somos amigas desde então. Em poucas palavras, confio nela de olhos fechados.

- Nossa, que cara péssima. - Stacy debochou.

- Nossa, oi para você também. - revirei os olhos.

Entramos no ônibus e procuramos um lugar nos últimos bancos.

- O acampamento no verão está de pé? - ela quis saber.

Meus avós são amigos dos avós de Stacy. Planejamos juntos acampar no verão e, usando o trailer do meu avô, nos deslocaremos por três estados.

- Sim, mas meu avô está tendo alguns problemas com o trailer.

Poçante é o nome do trailer do meu avô, graças a uma poça que ele quase sempre deixava por causa de um vazamento. O Poçante apresentou problemas novamente semana passada, pela falta de uso.

- Ah, tomara que ele consiga. Meus pais querem que eu vá trabalhar na loja deles. - emitiu uma expressão horrorizada.

- Preguiçosa! - eu provoquei.

- Ei! - ficou perplexa. - Eu já frequento um hospício chamado escola, o que mais você quer que eu aguente?

- Eu estudo com você, acha que não preciso aturar as mesmas pessoas?

- Eu que sou a vitima coitada aqui, OK? - ela gargalhou.

Rimos juntas. O melhor da escola, é saber que lá você encontra quase todos os tipos de personalidade existentes. Existem as boas, almas solidárias que contribuem para que o processo do estudante seja menos doloroso. Existem também os maldosos, seres abomináveis que prezam o bullying e status, fazem do seu ensino médio uma competição por popularidade. Grande coisa.

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