Não Posso Deixá-lo (Romance Gay)

Capítulo Um

Boa Leitura, Amorxs!!! 

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Afortunados são os que amam e são correspondidos com a mesma intensidade! - Maristela Chaves

Qual fim é pior para um homem do que não vivenciar na própria pele o amor? - Maristela Chaves

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Willy Neuberger-Boursheid

Ele está me traindo.

Eu sei, por causa das reuniões intermináveis, pelo número excessivo de jantares tarde da noite, ele tem estado mais tempo fora de casa do que o normal, chegando quase sempre depois que já estou dormindo. Também sei pelo perfume novo em suas roupas ao chegar em casa me dando um beijo de boa noite, nas raras vezes em que chega cedo, mas sabe o que é pior? O fato de eu não poder deixá-lo. Só de pensar nisso meus ombros se curvam com o peso. Não é só porque ainda o amo cada vez mais, isso também pesa, e muito, mas o real motivo é o meu orgulho.

Não pense que sou mau por me importar mais em ser orgulhoso do que com o amor que sinto por ele. O fato de eu ser orgulhoso é o que está me mantendo de pé, impedindo minha queda de um abismo em quinhentos por hora. Recuso-me a desmoronar dessa forma e fazê-lo sentir pena de mim ou que o amante desfrute às minhas custas – das casas, dos carros, do chalé, do meu bom gosto para decoração – aproveitando todos os luxos que antes eram por direito meus! É como ter alguém mexendo na sua gaveta ou em seu quarto, é desconfortante e eu não quero deixar isso acontecer.

Essa noite é o começo da minha vingança, ao menos eu desejo que seja. Afinal nós, homens, só damos valor depois que perdemos, e isso é um fato. O leilão beneficente será apenas o pontapé para fazê-lo me pagar todas as últimas noites não dormidas, todas às lágrimas silenciosas derramadas no chuveiro e antes de dormir, todo o meu orgulho pisoteado, todos os meus receios. Confiro mais uma vez no espelho de corpo inteiro do banheiro, minhas roupas, meu cabelo e minha maquiagem. Segundo Thomas, uma reunião de última hora é a responsável por eu ter de ir sozinho para o leilão, mas isso não é tão ruim quanto seria meses atrás.

Sorrio para o meu reflexo aprovando minha aparência. Com passos calmos vou para o quarto e pego meu sobretudo negro com um cinto na cintura, desço as escadas, atravesso a sala, abro a porta e saio de casa. Fecho a porta de entrada de madeira e caminho para a garagem ao lado, pego as chaves do carro no bolso do meu sobretudo e desativo o alarme, acomodo-me no banco do motorista, ainda com a porta aberta, e pego meu celular. Encontro o aplicativo de mensagens de texto e com todos os meus sentimentos borbulhando digito uma mensagem para Thomas.

Eu: "Amor, estou saindo de casa agora. Espero que já tenha chegado.

Beijos do seu Willy."

Faço uma careta ao reler o que escrevi, mas dou de ombros ao perceber que ela se parece com todas as mensagens que já trocamos durante esses cinco anos de casados. Aperto o enviar e deixo o celular em cima da minha coxa enquanto ligo o carro, fecho a porta e coloco meu cinto de segurança. Meu celular vibra e a foto de Thomas aparece no visor, antes que eu comece a dar ré no carro, ao menos dessa vez a resposta veio mais rápida do que as anteriores nos últimos meses.

Querido: "Já cheguei amor, estou te esperando! Não demore."

- Até que a reunião terminou rápido, não é?! – Digo após ler a resposta do meu marido. Jogo o celular no banco do passageiro e ligo o rádio deixando Rign the alarm da Beyoncé ecoar pelos auto falantes.