O Diário de DI (De Ferreira) - {HIATUS}

Capítulo 10

Tatiane Veloso sempre acreditou que se o mundo a julgasse pela sua maneira de agir, ela não importaria. Pois assim como dizia o Manual de Epicteto, as opiniões alheis estão sob as coisas que não estão sob o nosso controle. Sugerindo diversos raciocínios, como que, as coisas não são boas ou más, mas são as opiniões alheias que as julgam assim. Afirmando a necessidade de submeter à reflexão de todas as opiniões e ressaltando que o status social não é conveniente buscá-lo através do abandono da nossa dignidade.

E Tati, compreendera isso. Ela não estava se importando com o status que todos a estava à acusando, como sempre fizera. Tatiane jamais abandonaria sua dignidade se rebaixando a acusações de opiniões alheias que ela jamais se importou. Para a garota, não é preciso se importar com a opinião alheia se estiver para fazer algo, ou que já fez algo, que considera correto. Pois quando crê que sua felicidade depende da aprovação alheia, ela passa a ser escravizada.

E tem uma coisa que Tati odeia é ser escravizada e controlada.

E foi por isso que ela continuava no seu quarto tomando a quinta latinha de Coca-Cola, lendo mais um Manual de algum filósofo e refletindo sobre sua vida. Ela não iria atrás de Diana. Não pediria desculpas, sendo que ela achava que estava correta. E que se dane aquele diário. Não abandonaria jamais a sua dignidade. Mesmo isso significando uma amizade, uma porcaria de status no Colégio.

Mas quem tem dignidade se estar errado? Exatamente. A dignidade vem daquilo que julgamos correto. Se acredita nisso, vai fundo. Tudo depende de opiniões alheias, más ou boas.

"O mundo nunca vai te mostrar o caminho correto e gritar:"Vire na direita e segue na esquerda, caminhe reto e no fim desse caminho você vai encontrar uma placa enorme escrito 'Esse é o Caminho Certo, Seja Feliz!'". Não existe isso, você quebra a cara, se machuca, se não levantar, rola, mas não é fácil assim. Passamos por tantas coisas, que se um dia acharmos o caminho certo, quem vai saber? Talvez nem achemos. Qual é o caminho certo? Tem essa droga de caminho idealizado de bom ou mau? - Tati pensava enquanto comia com agressividade salgadinhos de milho. Pobres salgadinhos de milho, estava recebendo toda agressividade da menina Tati.

Ela saltou um suspiro involuntário se lembrando da amiga. "Por que Di? Por que estamos sempre fadadas a ter esse muro enorme impedindo de continuar?"

Maldito penhasco. Maldito beijo apaixonado. Maldito irmãos. Maldita decisão.

Até onde vai uma luta de um amor?

Tati olha para o teto esperando que algumas respostas que tanto confundem sua mente, caía do céu. Um céu que ela não agreditava.

Até a companhia tocar tirando-a daquela confusão de pensamentos.

- O que você está fazendo aqui? - A garota perguntou assim que abriu a porta, se exaltando um pouco com a visita inesperada. Muito inesperada, diga-se de passagem.

- Nós precisamos conversar. - Pedro escorou na parede a encarando.

A respiração de Tati por um minuto parou, seus dedos formigaram e deu um aperto no coração. O que ele estava fazendo ali?

Tati queria saber, no mesmo jeito que Pedro a encarava esperando que ela o convidasse para entrar. Se fosse antes, ele já teria entrado e se jogado no sofá da casa da garota pedindo a senha do Wi-Fi para assistir algum episódio de Bob Sponja e bebendo de umas das latinhas de Coca-Cola da garota. Mas hoje os tempro era outros, ele não tinha mais aquela intimidade com a maluquinha de Tati. E isso, apesar do tempo, era complicado.

Ninguém esquece um amigo de uma hora pra outra. Ninguém consegue fingir que tempo de deixou com amnésia. Não é bem assim. O tempo ameniza a dor, não cura.