Capítulo 6

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–Ah, olá de novo, Quésia. Algum problema? –ela não estava muito impressionada em me ver.

–A professora pensou que falei mal dela, mas não fui eu. Enfim, eu vou aproveitar pra dizer o que eu quero, apesar de eu não ter feito nada: Ela quer aplicar um teste em nosso primeiro dia! –sentei na cadeira frente à dela.

–Ela pode fazer isso.

O quê?!

–Desculpe Quésia. Mas na sala de aula, o professor é a autoridade máxima. Você precisa fazer o teste. São as regras daqui.

–Como eu vou fazer uma coisa que eu não sei?

–Fica calma, é claro que ela não botaria algo que vocês já não tenham estudado. Se botasse, você teria o direito de vir reclamar.

–Mas...

–Faça o favor de voltar pra sala, se for apenas isso que você queira saber. –a diretora abriu a porta.

Voltei pra sala de aula com a pior cara possível. Os alunos já estavam fazendo o teste. A professora me olhou de cima a baixo e entregou a folha:

–Espero que isso não se repita!

Fui pro meu lugar e comecei a fazê-la. Alguns minutos depois eu já tinha terminado. Olhei pra direita e Hebrom estava batendo com a caneta na carteira e mordendo o lábio inferior. Agitado. Talvez ele não seja mesmo bom na matéria, já que não é desse país.

–Tá conseguindo fazer? –falei bem baixo com ele. Salamander sacudiu a cabeça em negação. –Se você quiser, eu posso... –deixei o teste à mostra pra ele.

–Não, desculpe... Isso não é certo... Mas obrigado mesmo assim, eh.

O que vocês dois estão conversando aí?! –a professora chamou nossa atenção lá de longe.

–Nada! –eu fiquei com medo de lascar o garoto.

–Como a mocinha tem tempo de conversar, creio que já deve ter acabado. Traga seu teste aqui. –fui até lá e devolvi o papel para ela. –Hm... "Quésia Cortês", é? Volte para o seu lugar. –ela começou a corrigir.

Algum tempo depois, as pessoas que terminavam o teste podiam ir entregá-lo. Já estava na hora do intervalo, todos haviam terminado, exceto o Salamander.

–O tempo acabou. –a professora tentou pegar o teste da mão do garoto.

–Mas ele ainda não! –bedelhei.

–O horário para o teste é limitado. Ele não pode ficar aqui enquanto todos estão lá fora. –a mulher sequer escondia que não estava nem aí pra qual nota ele tiraria.

–Está tudo bem, Quésia... –Hebrom entregou a folha sem relutar.

–Estão liberados. –a professora disse a todos na sala. A maioria saiu correndo.

Salamander e eu fomos ao refeitório juntos. Não pegamos nada para comer. Simplesmente sentamos numa das mesas.

–Primeiro teste do ano e eu já acho que estou de recuperação. –ele abaixou a cabeça.

–Você conseguiu terminar?

–Não saí da segunda questão.

–Porque não insistiu pra ela deixar você fazer mais tempo?

–Não é culpa dela eu não ser bom em Português.

–Sei... Mas você parece falar tudo certo. Tem dificuldade em quê?

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