Capítulo 10

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Chegamos em sua casa e a família dele até que me recebeu bem. A casa, em si, era pequena, mas o terreno tinha um gramado extenso e muito bonito. À frente da casa havia um banquinho de madeira, era uma gracinha. Tiramos os sapatos antes de entrar. Não era muito agradável pisar naquele chão apenas com meias naquele frio, mas fazer o quê? Deve ser mania deles.

A mãe dele estava meio descabelada e parecia comigo (estava com cara de quem não dormiu, em outras palavras). Conheci seu pai (Ramon, um homem de cabelo castanho cacheado e pele escura - era totalmente diferente do que eu esperava de um Salamander), sua mãe (Crisbell, uma moça baixa, pálida de cabelos lisos e pretos - o mais estranho é que nenhum dos dois tinha olhos verdes, Hebrom deu muita sorte) e seu cachorro branco e extremamente gordo (que eles chamavam de "Harold").

–Não liga, ele é muito folgado. –disse Zacur, que trocava os canais da televisão ao perceber que o cãozinho colocava sua enorme barriga pra cima bem na minha frente, porque queria carinho. –Esse pudim de banha sempre fica querendo atenção.

–Não chama meu filho disso! –Hebrom reclamou feito uma criancinha.

Seu filho, disse certo! Você sabe que eu não queria ele, era o pior e mais obeso cachorro pra adotar. Da próxima vez que for passear com essa coisa na rua, não chega perto de mim. É vergonhoso ter um cão que parece uma ovelha... Ainda mais com esse nome idiota que parece de gente. Imagina se aparece um Harold andando na rua.

Salamander não gostou do comentário. Deu pra perceber isso porque ele fez biquinho de bravo, colocou o cachorro no colo (com o maior esforço, claro) e o levou até o quarto da sua irmã mais nova.

Mesmo que não conseguisse nem respirar direito com aquele bicho no colo, Hebrom aproveitou o caminho para me mostrar onde era a cozinha, o banheiro e seu quarto, mas só de vista mesmo, disse que depois eu poderia olhar cada cômodo mais calmamente. Entramos num quartinho rosa e ele me apresentou a menininha de uma maneira extremamente empolgada, logo depois de colocar Harold no chão.

–Quésia, essa aqui é Dileã! –estendeu os braços para mostrar a pequena garota de cabelos castanhos que estava sentada numa cadeirinha à mesa de plástico. Ela estava tomando chá com um gato preto que usava um vestido lilás e um guaxinim de pelúcia idêntico ao meu.

–Essa é a sua namorada, Brom? –ela perguntou olhando pra cima. –Não é bonita do jeito que você falou.

O rapaz arregalou os olhos cheio de vergonha:

–Di, o que a gente tinha combinado sobre ser educada?

–Não lembro. –ela deu os ombros e não prestou atenção na tentativa de fuga do gato preto de vestido.

Diferente dele, eu comecei a rir. Ela é totalmente sem escrúpulos, adorei!

–É um brazer! E... Não... Não sou naborada dele. –expliquei sorrindo.

–Por que não? –ela ficou indignada, como se eu estivesse desdenhando seu irmão. –Brom é um ótimo mordomo, você deveria ficar com ele. –falou enquanto empurrava Harold, que estava tentando cheirar as xícaras da mesinha.

Bordobo?

–Sim, quando brincamos de chazinho, ele sempre é o mordomo. Eu preciso de uma empregada também. Tem certeza que não quer ser namorada dele? Ela seria uma ótima empregada e poderia tomar conta da Jezabel, não acha, sr. Feffer? –ela falou com seu guaxinim de pelúcia.

–Eu já disse pra não chamar a gata de Jezabel. Você sabe como essa mulher morreu? –Hebrom reclamou.

–Era o nome que estava na coleira! –a menina se defendeu. –Eu não vou trocar o nome só porque não encontramos a dona dela ainda. Ela precisa de uma babá, por isso você deveria namorar a Quésia pra combinar.

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