10° capítulo

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- Aceita um café, papai? - pergunto.

- Sim, aceito, minha filha. - responde ao se sentar.

Me direciono até a cozinha, retiro duas xícara do armário, coloco-as sobre a bandeja, despejo o café, e levo até a sala.
Inclino a bandeja para meu pai, ele pega uma xícara, e depois levo até minha mãe, que também pega uma xícara. Depois pouso a bandeja sobre a mesinha de centro que havia na sala, e sento ao lado de meu pai.

- Hum, tinha me esquecido o quanto seu café era gostoso, Melannie. - diz ao bebericar.

- Obrigada! - ela responde envergonhada.

Ambos se olham, por incontáveis segundos, e percebo que minha mãe ainda fica mexida com a presença de meu pai. Depois de tantos anos separados, será que algo ainda existia entre eles? Será que ambos, ainda se amavam?

- Hum, hum. - me remexo no sofá, para chamar atenção deles.

- Ah, minha filha, nem preguntei, como está sendo na faculdade nova? - pergunta, depois de depositar a xícara sobre a bandeja.

- Graças a Deus, está tudo indo muito bem. - digo, entre dentes.

- Qual é mesmo o nome desta faculdade, onde você está cursando?

- É na faculdade Hilton, papai. - reviro os olhos.

Minha mãe levanta do sofá, retira a bandeja junto com as xícaras que estavam sobre a mesa, e se retira da sala.

- Bom, se me derem licença, eu voltarei a fazer os meus afazeres.

- Claro! - meu pai diz ao olha-lá.

Acompanho o olhar de meu pai, que também acompanhava a ida de minha mãe até a cozinha.

- Acho que o senhor irá secala-lá, de tanto que a olha. - tombo minha cabeça para trás, dando uma risada sarcástica.

- É que estou impressionado com sua mãe, ela nunca envelhece, continua tão bonita. - sua voz soava como uma melodia. - Mas eu não vim aqui pra isso. Eu vim aqui te parabenizar, pela bolsa que você conseguiu, mesmo sabendo que eu posso pagar a sua faculdade.

- Ah papai. - reviro os olhos.

- Tudo bem, tudo bem. - ele se rende. - Eu tenho tanto orgulho de você, minha filha. Fico tão feliz por você ter resolvido seguir a mesma profissão de seu pai.

- Eu não resolvi estudar direito, só por que é a sua profissão papai. E sim porque eu gosto.

- Ainda bem que optou estudar o que gosta. Já seu irmão, praticamente o obriguei a estudar direito, porque ele queria estudar gastronomia, acredita?!

Arregalo os olhos.

- Papai, você não pode o obrigar a estudar algo que ele não goste! Cada um tem o seu gosto, e não é só porque ele não erdou os mesmos gosto que você, isso não significa que você pode agir deste jeito, tão mandão! - levanto do sofá.

- Annie.. - ele levanta também.

- Ué, que foi? Estou apenas falando a verdade. Cada um tem o seu gosto, e você tem que respeitar isso. Desnecessário o que você fez.

- Vamos mudar de assunto, não quero discutir com você. - ele volta a sentar no sofá. -  Falando no seus irmãos, quando você vai visitá-los? Eles estão doidos para te conhecer.

Incrível, desde que meu pai foi embora de casa, pra viver com sua outra família, eu nunca os vi na minha vida, mas também nem fazia questão de conhecê-los. Pra que eu ia querer conhecer a mulher que destruiu o relacionamento de meus pais, e estragou com a minha vida quando tirou meu pai de mim. Claro que meu pai não é nenhuma criança, ele sabia muito bem o que estava fazendo quando resolveu ir embora de casa, deixando apenas minha mãe e eu em casa. Sei que essa mulher com quem meu pai vive não tem tanta culpa, mas por parte sim. 

- Me desculpe papai, mas eu não quero ir, ainda não. Não estou preparada fisicamente para conhecê-los.

- Mais Annie.. - ele levanta.

- Não insista, por favor. - coço a testa.

- Tudo bem, não insistirei mais. Quando você achar que está preparada "fisicamente" - ele faz aspas com os dedos. - Você me liga. Agora eu vou indo, tenho assuntos da empresa pra resolver. - ele caminha até a porta.

Caminho junto com ele, abro a porta para ele sair, mas antes de ir embora, ele se despede de minha mãe.

A Reencarnação. "um amor proibido"Onde histórias criam vida. Descubra agora