O Lado Bom Da Vida

Capítulo 13

P.O.V Bella
Depois que aceitei o convite do jantar, Alice me pediu para que avisasse seu irmão que o jantar já estava pronto, mas quando bati na porta do quarto dele levei um susto daqueles. Edward estava apenas com uma toalha azul que cobria apenas as suas er... Partes baixas.
Eu acho que essa foi a primeira vez que vi um homem de toalha, assim ao vivo e a cores. Já vi o Jacob sem camisa mas só quando estávamos na praia ou algo do tipo já que sempre tivemos um namoro respeitoso. Tão respeitoso que levei um belo par de chifres na testa. Apesar de não ser tão musculoso como o Jake, Edward tem um corpo bastante atraente, não há como dizer que não senti uma certa atração quando o vi daquele jeito, tanto que fiz a besteira de morder o lábio. 
Mas também senti vergonha e por isso, cobri meus olhos enquanto conversava com ele. Minhas pernas ficaram bambas, meu coração disparou e senti minhas bochechas queimarem. Provavelmente, fiquei mais corada do que de costume. Ele deve ter me achado uma menininha boba, ainda mais porque sai correndo pelo corredor sem sequer me despedir dele, assim que terminei de dar o recado. Acho que esse foi um dos maiores micos que já paguei na vida e ele deve estar rindo da minha cara até agora, que droga. 
Espera, desde quando me importo com o que Edward  pensa ou não de mim? 
Durante o jantar, passei por mais uma situação constrangedora. Assim que Edward entrou na sala de jantar, fechou a cara e ficou olhando fixamente para mim. Na hora pensei que fosse tirar onda comigo por conta do lance que aconteceu no quarto, mas ele fez coisa pior. 
— Isabella, poderia se sentar em outra cadeira? - Ele pediu e eu arqueio uma sobrancelha, completamente confusa. 
— Não liga não, Bella. É que esse é o lugar onde a falecida sentava. - Alice cochicha no meu ouvido e só então entendo o que estava acontecendo. 
—  Claro. - Concordo, me mudando de lugar. 
Pra ser sincera, achei ridícula a atitude dele. Ele pensou o quê? Que a alma da defunta ainda estava ali e que eu estava sentada no colo dela? Só me faltava essa! 
Só não desci a lenha nele por respeito a sua família e a Nessie. Jamais faria um barraco na frente de uma criança, mas isso me chateou de verdade e só fez eu me dar conta do quanto Edward ainda está ligado a sua esposa. Com certeza ele ainda é apaixonado por ela. Uma pena, porque isso pode atrapalhar o processo de mudança dele. 
Durante o resto do jantar Esme e Carlisle me fizeram algumas perguntas, pois queriam me conhecer melhor e tals. Mas quando tive que citar meu padrasto, senti certo  desconforto. Só de lembrar do Caio, já sinto uma raiva enorme no meu coração. Odeio aquele homem com todas as minhas forças. E só de pensar que minha mãe está com aquele monstro, fico ainda mais irritada. 
Depois do jantar, recusei uma carona de Carlisle já que estava com minha caminhonete e fui para casa sozinha. Quando cheguei em casa, Charlie me encheu de perguntas. Começou a dizer que estava desconfiado que Edward estava a fim de mim, por isso havia me convidado para o jantar. Pode uma coisa dessas? E ficou ainda mais desconfiado quando quando falei do passeio. Tentei tirar essas ideias da cabeça dele, espero ter conseguido. 
(...)
No dia seguinte...
Acordei bem cedinho e depois de tomar café, vesti a roupa mais velha e surrada que tinha, pois iria fazer uma bela faxina nessa casa que acho que não vê uma vassoura há séculos. Meu pai disse que de quinze e quinze dias, a diarista vem aqui, mas se vem mesmo não faz um bom trabalho não. 
Passei toda a manhã limpando cada milímetro dessa casa que ficou limpinha e cheirosa, típico de uma casa de família. Assim que terminei tudo, sentei-me exausta no sofá quando meu celular vibrou. Era um torpedo de Alice.
"Bella, meu irmão pediu seu endereço e eu dei, porque ele decidiu te buscar em casa. Aliás, ele já saiu daqui então se arruma logo! Beijos!" 
Não imaginei que Edward iria me buscar aqui em casa. Olho para mim que estou só o bagaço, cheirando a produtos de limpeza. Se ele me vir assim, vai sair correndo! Levanto e subo correndo para meu quarto, me trancando lá e tomando um banho rápido. Preciso decidir que roupa vestir. Ai... Que dúvida. Será que devo ir com roupa do dia a dia ou mais arrumadinha?
Caramba, estou me comportando como se fosse ir a um encontro e não, isso não é um encontro. Decido colocar um dos poucos vestidos que tenho no guarda-roupa. Um preto com uns detalhinhos vermelhos. Sou péssima com saltos, então, vou de all star mesmo.
Passo um rímel para acentuar meus cílios, tento fazer um penteado no cabelo deixando-o semi-preso, mas como não fica legal, resolvo deixar os cabelos soltos mesmo e passo um batom rosinha bem clarinho na boca. Nem preciso de blush, já que sou corada por natureza. Logo meu pai bate na porta avisando que Edward já está a minha espera e meu coração dispara.
Olho para o aparelinho que meu pai me deu e decido não leva-lo. Vou para um passeio onde terá uma criança no meio e acredito que não vai ser necessário o uso de um teaser para me proteger dele caso tente me agarrar. Qualquer coisa, dou um chute nele que já vai estar de bom tamanho. Saio do quarto e desço as escadas. Papai está conversando com o senhor Cullen na sala. Uma conversa nada amigável. 
— Ah é? E como você sabe? Por acaso, já tentou dar em cima dela? - Ouço meu pai perguntar e aperto o passo, descendo as escadas o mais rápido que posso. 
— Olá. - Dou um sorriso tímido, enquanto observo Edward. Está bonito, com um visual menos classudo e mais displicente. E o melhor de tudo, não está bêbado.
— Oi Bella. - Ele sorri de volta e ficamos nos olhando. Sei lá, era  como se ele fosse um imã que estava me atraindo. Percebendo isso, meu pai nos interrompe.
— Traga minha filha até o fim da tarde. - Ordena como se eu  tivesse treze anos e Edward assenti com a cabeça, enquanto reviro os olhos. - E que fique claro que isso não é um encontro e que há uma criança com vocês. E respeito é bom e eu gosto. - Encara meu patrão e sinto minhas bochechas esquentarem.
— Pai, para com isso. Estou indo só pela Nessie então não faz sentido tanta marcação! Sem contar que não sou mais criança. - Falo entre os dentes, completamente envergonhada. 
— Mas filha...
— Tchau pai! - Me despeço. - Vamos senhor Cullen! - Puxo Edward para fora de casa, mas logo o solto. - Desculpe pelo meu pai, as vezes ele é muito sem noção. 
— Tudo bem. Ele só quer te proteger. - Vamos em direção ao carro, até que ele para. - Bella, antes de entrarmos gostaria de te pedir desculpas. 
— Pelo quê? - Pergunto curiosa. 
— Pelo lance de ter pedido para você sair da cadeira, ontem no jantar. É que a Sophie sempre sentava lá, foi mal.  
— Tudo bem. Mas não se esqueça que a Sophie está morta. - Dou a volta no carro e entro pelo banco de passageiro. Ele faz o mesmo, só que no de motorista. - Oi Renesmee. - Viro para trás e a cumprimento. 
— Oi Bella. - Responde baixinho. Nessie está diferente de ontem. Hoje está mais calada, como na maioria das vezes. 
— Coloque o cinto, Bella. - Edward manda e obedeço. Ele então, começa a dirigir. 
(...)
Alguns minutos depois, chegamos ao parque. Tem bastante criança brincando nos balanços, no escorregador, gangorra e por aí vai. É um parquinho simples, aliás, quando eu era pequena já vim muito aqui com meu pai.
— Chegamos. - Edward avisa e eu e Nessie tiramos o cinto de segurança e saímos do carro. - Querida, vá brincar. Bella e eu ficaremos te olhando, qualquer coisa é só nos chamar, como antigamente. - Sorri.
— Sim, papai. - Ele dá um beijo na bochecha da filha que sai para brincar. 
Edward e eu ficamos parados do lado de fora do carro calados, lado a lado, apenas observando Renesmee brincando no escorregador. Cruzo os braços. Já perdi as contas de quantas vezes ela escorregou, subiu a escadinha e escorregou de novo. Parece feliz e isso acaba me alegrando também.  
— Ainda está chateada comigo? - Edward pergunta, enquanto tira um maço de cigarros do bolso e o abre. 
— Um pouco. - Vou até a grama e me sento com cuidado já que estou de vestido. Ele me segue e faz o mesmo. 
— Não fiz por mal. - Diz, enquanto pega um isqueiro do bolso da calça e acende um cigarro. Até fumando esse homem fica sexy, credo. - A fumaça te incomoda? - Dá uma tragada. 
— Sim, meus pulmões agradeceriam se apagasse esse cigarro. - Ironizo e ele revira os olhos. - E os seus também. 
— Desculpe. - Joga o cigarro fora e comemoro mentalmente. - Fiquei surpreso quando você disse ontem que só tem dezoito anos. - Puxa assunto. 
— Pensou que eu fosse velha? - Pergunto franzindo o cenho.
— Não, só não pensei que fosse tão novinha, porque você é quase uma pirralha. - Ele olha para Nessie, que agora está com uma  criança conversando animadamente. 
— Eu não sou pirralha. Pirralha é a sua... 
— Opa, calma! - Ergue as mãos em sinal de rendição. - Estou brincando! 
— Hum... - Reviro os olhos. 
(...)
— Bella, por quê veio para Forks? - Me pergunta e olho para ele. 
— Porque eu quis. - Respondo secamente. 
— Poxa, tô tentando ter um papo legal com você, mas parece que não quer conversar, então tudo bem! - Ele pega outro cigarro, mas apenas o coloca na boca, sem acendê-lo e fica calado. (...)
— Vim para cá porque queria mudar de ares, pois tinha levado um chifre do meu noivo. - Respondo, pois acho que estou sendo muito rude com ele. 
— Espera, você já foi noiva? - Me olha chocado. - Mas é tão jovem! - Tira o cigarro da boca e o coloca entre os dedos. 
— Sim... - Desvio o olhar, pois só de lembrar da cena do Jake se agarrando com aquela vadia, meu sangue já sobe. - Com quantos anos você se casou? - É minha vez de perguntar. 
— Uns dezoito, dezenove, se não me engano. 
— Viu? Quase da minha idade! - Ele sorri. - Queria me casar porque queria sair de casa logo. Daí no dia do meu aniversário, fui até a faculdade do meu noivo e... Peguei ele com outra. - Uma lágrima acaba escorrendo dos meus olhos. - Dai aconteceu mais algumas coisinhas e resolvi ir embora de casa. Quando cheguei aqui estava confusa, perdida. Por isso acabei... - Engulo em seco. 
— Fazendo programa? - Ele completa. 
— Não cheguei a fazer. Você ia ser meu primeiro cliente, juro. Por isso machuca quando você me chama de prostituta com tanta grosseria, porque não sou garota de programa. E mesmo se fosse, não merecia ser tratada com tanto desprezo. - Baixo a cabeça.
— Ei... - Com o dedo indicador, ele ergue meu queixo para que o olhe nos olhos e assim o faço. - Eu acredito em você, Bella. Desculpe por ter te tratado mal. Sei que errei, mas eu estava amargo demais, enfim, não estava no meu juízo normal. - Se justifica. - Mas eu sei que está falando a verdade porque vejo nos seus olhos e olhos não mentem. - Diz e eu sorrio. 
Fico olhando para aqueles olhos verdes e acabo me perdendo neles. Desde a primeira vez que vi esse homem, seus olhos me chamaram atenção. São sombrios, tristes, mas agora estão com um ar de desejo, mais escuros que o habitual, pois estão olhando para  minha boca e involuntariamente, acabo mordendo os lábios. Ele começa a se aproximar de mim, parece até que vai me beijar e sinto meu coração disparar por isso. 
— Papai!! - Rapidamente, Edward se afasta de mim e olhamos para Nessie que está sentada no balanço. Ele se levanta e vai até a filha. Eu faço o mesmo. 
— Diga filha. 
— Empurra pra mim? - Pede e ele e eu nos entreolhamos. 
— Claro, filha. - Dá um sorriso de canto de boca e começa a empurrar o balanço. 
— Quero ir lá no alto! - Renesmee diz, abrindo um lindo sorriso para mim e Ed gargalha e empurra com mais força, fazendo ela voar no balanço. 
Ele olha pra mim e sorri. 
Olho para Nessie e sorrio.
Ela sorri de volta e só então percebo que nós três estamos parecendo uma família. 

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