Música

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"Abre, Senhor, os lábios, e a minha boca entoará o teu louvor." (Salmo 51:15, NTLH)

Um dia, estava sentada com minha mãe e ela me contou uma experiência que me fez pensar sobre o dom que Deus me deu.
Você quer conhecer essa história? É linda... Minha mãe sempre gostou de música, adorava a Jovem Guarda, admirava quem cantava bem. Um dia, quando estava mais ou menos com dois meses de gravidez e sem saber se teria um menino ou uma menina ela colocou a mão na barriga e, mesmo sem ser evangélica, conhecendo Deus de seu jeito, de sua maneira, de sua forma pediu: "Deus, eu gostaria muito que este filho, menino ou menina, viesse com uma voz muito bonita e cantasse." Do momento em que as palavras são liberadas da nossa boca, o poder delas é imenso. Precisamos saber lançar nossas palavras, direcioná-las para o bem, para abençoar pessoas. "O que você diz pode salvar ou destruir uma vida; portanto use bem suas palavras e você será recompensado" (Provérbios 18:21, NTLH). Naquele momento, mesmo sem saber, minha mãe estava me abençoando. E Deus ouve nosso coração, Deus ouve o que se pede com sinceridade.
Deus ouviu as palavras daquela mulher, Deus ouviu o desejo, a vontade e o sonho de um coração de mãe. Porque aquele era seu desejo e sua vontade. Tenho certeza de que o dom que Deus me deu nasceu muito antes em seu coração. A palavra de Deus diz que, mesmo no ventre, ele já conhece nossa história, já traça todos os dias da nossa vida. "Antes do seu nascimento, quando você ainda estava na barriga da sua mãe eu o escolhi e separei para que você fosse um profeta para as nações" (Jeremias 1:5). Deus começou a escrever minha história desde antes de eu existir.
E quando você se entrega a Deus, seu coração é dele, não tem como sua história ser diferente.
O que começou no ventre da minha mãe, meu dom de cantora, foi lapidado, esticado, treinado pelo seu pai, que me ajudou muito a conseguir o que Deus planejara. É muito lindo ver o valor de uma mãe e de um pai na nossa vida. Meu pai se afastou da música, profissionalmente depois que se converteu, tentou novos caminhos, mas jamais abandonou seu violão. Em seu cotidiano a música era presente. Nasci e cresci ouvindo meu pai tocar. Quando era bem pequenininha, uns 2 aninhos, comecei a me interessar muito pela música que ele para1fazia. E ele pegava o violão e tocava mim Atirei o pai no gato; Cai, Cai, Balão;
essas músicas bem infantis. Eu cantava com ele. De repente, ele mudulava no violão para ver o que acontecia, e eu acompanhava. Ele ficava surpreso e, no fundo, no fundo, dizia: "é isso aí, garota!" Rio quando penso nisso. Meu pai foi percebendo que existia alguma coisa a mais na minha vida, uma sensibilidade musical, e aí ele começou a investir mais em relação a isso, mas tudo acontecia de forma natural, como se tudo fosse uma grande brincadeira entre pai e filha.

BEM-AVENTURADO TODO AQUELE QUE TEME AO SENHOR

Meu pai já fazia parte do louvor da Comunidade da Vila da Penha. E todos ne viam cantando com ele na igreja nos intervalos do culto, me achavam afinadinha e começaram a me chamar para cantar em casamentos. Eu tinha 5 anos, uma voz fininha, aguda e cantava sempre a mesma música, uma adaptação do Salmo 128. Meu pai amava essa música, que é muito alta e só uma vozinha de criança mesmo paar alcançar as notas. A letra era grande e eu ficava ouvindo a gravação feita em um elepê da Comunidade S8 para aprendê-la.

Bem-aventurado todo aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos.
Pois comerás do trabalho das tuas mãos;
Feliz serás, e te irá bem.
A tua mulher será como a videira frutífera, no interior da tua casa;
Os teus filhos como plantas de oliveira, ao redor da tua mesa.
Eis que assim será abençoado o homem que teme ao Senhor!
De sião o Senhor te abençoará;
Verás a prosperidade de Jerusalém por todos os dias da tua vida, e verás os filhos. A paz seja sobre Israel.
Salmo 128, ARC.

Eu ensaiava em casa, colocava o vinil, cantava com o grupo, para aprender também a música. Depois, meu pai chegava em casa, pegava o violão, e ficávamos os dois na sala do nosso apartamento na Rua Belisário: meu pai passava comigo a música, ajustava, me corrigia, me mostrava onde eu havia semitonado.
Ele sempre foi muito perfeccionista e não deixava que eu cantasse errado, mesmo sendo criancinha. Dizia com carinho: "Preste atenção nessa notinha".
E, por onde eu passava, cantava. Todos perguntavam:
"Quem é aquela garotinha? Qur gracinha... Ah, aquela é a filha do Ronaldo."
Talvez a graciosidade de uma menininha com vestido branco, todo armadinho,uma verdadeira daminha, tenha feito com que os convites não cessassem. Em todos os casamentos estava eu lá, parecendo uma bonequinha cantando, com meu pai tocando violão. Será que alguma vez eu fiz birra, não quis ir?
Não me lembro, mas acredito que não. Eu gostava muito de cantar, e acho que amava estar ali ao lado de meu pai. De vez em quando me dava um friozinho na barriga, disso eu me lembro.
Mas meu pai sempre falava para mim: "Não se preocupe com as pessoas cante para Deus." "O que vocês fizerem, façam de todo o coração ❤, como se estivesse servindo o Senhor e não às pessoas" (Colossenses 3:23, NTLH). E aí eu fechava os olhinhos e mandava ver. Não era perfeito, porém as pessoas achavam muito lindinho. Hoje encontro casais em cujo casamento cantei.
Durante alguns anos, além de cantar em casamentos, vivia grudada ao meu pai nos ensaios do grupo de louvor da nossa igreja.
Ficava fascinada com algumas cantoras, como a Ludmila Ferber - na época ela liderava o grupo de música e eu a chamava de Mila -, que tinha uma voz linda. Quando ela subia para dirigir um louvor, eu ficava quietinha, observando-a admirando-a. Gostava de passar perto dela, porque sabia que ela ia falar comigo, e eu ficava buscando uma oportunidade pra poder estar juntinho dela.
No dia em que o grupo da igreja foi gravar em um estúdio, pedi para entrar na sala de gravação, onde Mila ia colocar a voz. Prometi que não ia fazer barulho algum, e eles deixaram que eu ficasse vendo-a cantar com enorme deslumbramento. Era um mundo que me fascinava.

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