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Totalmente chocada com as palavras que tinha acabado de ouvir, levanto-me e caminho do lado de Martin, pensando no que estou a fazer.

Isto será realmente o certo?

Deus aceita esta escolha, ele me perdoaria?

Farei alguém feliz com esta escolha?

O que me espera?

'Daqui a pouco vai tocar o sino, para mim chega de chicotada por hoje' digo parando e ela para olhando para mim e de seguida para os dois lados.

'Apenas anda' ela pega no meu braço e puxa-me.

'Meninas, voltem aqui. Não queiram ser punidas' ouvimos a voz de uma mulher a dizer por trás de nós quando já tínhamos passado o gigante portão do colégio.

'Corre' a Martin grita e desata a correr. Eu, sem pensar duas vezes, sigo os seus movimentos sem olhar para trás.

Pela primeira vez na minha vida conseguia sentir alguma adrenalina, gostei desta sensação, algo a que poderia chamar de liberdade. Por mais que eu sentisse que me viria a arrepender e que era errado, eu também precisava disto. O que aconteceria depois com a minha mãe e com o diretor seriam apenas consequências dadas por regras sem sentido. 

Corria o mais rápido. Focava-me em obrigar o meu cérebro a permitir as minhas pernas correr o mais rápido possível como se a morte estivesse atrás de mim e uma vida feliz ainda por viver estivesse a minha frente á espera de ser apanhada como uma chance que irei ter apenas uma vez na vida.

Risos de ambas enchiam aquele espaço entre nós. Porque nos riamos? Bem nem eu sei, mas talvez por sabermos as consequências que iríamos sofrer seriam 0 face ao que sentia no momento.

Paramos e apoio-me nos meus joelhos a recuperar o fôlego. Encosto as minhas costas a uma das árvores que enchiam aquele pequeno parque tão verde e tratado.

'Onde estamos?' pergunto olhando a minha volta depois de já ter recuperado a respiração e as minhas batidas terem voltado ao normal.

'Num parque vizinho à nossa cidade' ela diz também observando tudo á sua volta.

Passado alguns segundos, olho para a Martin e vejo-a a sorrir e sigo o seu olhar. Um lago.

Ela corre na direcção do pequeno lago, e pelo caminho vai deixando as suas roupas e já de roupas íntimas atira-se para o seu interior.

'Tu és louca' vou catando as roupas dela e dobrando-as.

Ela sai de debaixo da água e ri se alto.

'Deixa-te disso e manda-te, anda'

'Uma constipação? Não me está a apetecer muito' digo e pouso as roupas dela no chão e deito-me ao lado observando o céu limpo sem nuvens.

'Mas conta-me mais sobre a asneira que fizeste" disse curiosa mas a mostrar indiferença. A Martin ri se mas começa.

'O Fred, lembraste?' ela flutua.

'Não!' digo completamente chocada com a imagem daquele rapaz que já anda a tentar dar umas voltas com ela desde que conheço a Martin. Ele é um rapaz bonito, não digo o contrário mas não tem nada de interessante.

'Esse mesmo' a Martin fala parecendo satisfeita 'Acho que agi por impulso, mas tive mais uma discussão com o meu pai sobre levar-me com um convento. Para me vingar liguei-lhe'

'E isso foi uma vingança?' 

'Foi o suficiente. Mas vah, agora anda para a água, ela está quente'

'Não, sai que ainda te vais constipar, anda aqui para o sol' levanto-me para lhe dar o meu lugar.

Quando me levanto a Martin começa a rir desesperadamente e a olhar para algo atrás de mim.

Quando viro a cabeça para trás, para saber a razão de tanto divertimento sinto dois braços fortes pegarem-me e atirarem-me para o lago.

Fico desesperada e nem sustenho a respiração e sinto a água começar a entrar-me pela boca e pelo nariz. Puxo o meu corpo para a superfície, mas por não saber nadar começo a gritar mas só ouço risadas um pouco desfocadas por estar sempre a voltar para debaixo de água.

Sinto-me a perder os sentidos depois de tanto desespero.

'Ei' sinto agarrarem-me a na cintura e mandarem-me leves lapadas na cara 'Acorda' uma voz rouca diz 'Porque não me disseste que ela não sabia nadar? Ela está a ficar inconsciente' a voz diz e sou pousada em terra e os meus sentidos apagam de vez.

RELIGIOUS GIRL |H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora