A minha cara fica um pimento e Harry tira a cabeça de debaixo da cama e olha para mim com sorriso gigante. Eu levanto as sobrancelhas e levanto-me e olho para a janela.
'Fora' digo. Ele sai de debaixo da cama, compõem a roupa e pisca-me o olho dirigindo-se para a janela e atira-se da varanda a baixo.
Fiquei assustada em vê-lo saltar daquela altura, mas a forma como ele cai de pé e como se nada se passasse, impressiona-me.
Ele olha para cima e pisca-me o olho e eu dou costas e entro no quarto voltando a estudar.
'MACKENZIEEE' a minha mãe grita do andar debaixo. Bufo e saiu do meu quarto e desço as escadas.
'Diz' digo.
'Eu estou aqui a cozinhar e tu a descansar. Mas isto aqui ainda não virou hotel, minha menina. Descasque aí esses legumes' ela aponta para as cenouras.
Eu ia dizer que estava a estudar, mas não vale a pena mesmo.
---NEXT DAY---
O despertador toca e eu abro os olhos. Fico a encarar a janela e lembrei-me: será que aquela casa é onde o Harry está a viver? Ou melhor, será que aquela janela que dá para ver para a minha janela é do quarto dele? Fudeu.
Faço a minha rotina, desço para pegar uma maçã e saiu em direcção aos autocarros.
'A pé?' ouço a voz de um rapaz. Harry. Olho para o lado e vejo Harry dentro de uma range rover preta, com o braço de fora, com o cabelo para o lado, uma t shirt preta e um relógio prateado no pulso.
'Como podes ver, sim' continuo a caminhar, ignorando-o.
'Anda, entra' ele diz.
'Vou no autocarro, muito obrigada' digo sem olhá-lo.
'Vais preferir ir num autocarro imundo, cheio de adolescentes com hormônios aos saltos do que vir comigo?'
'Tu te achas mesmo aff' fico saturada 'E tu és o quê? Lá por teres uma range rover não és muito diferente deles, pelo menos os hormônios estão iguais' digo.
Ele faz um sorriso irônico e acelera a fundo, e vejo-o desaparecer no fim da estrada.
É preciso ter lata, mesmo. Ele achasse melhor que todos os outros e vai-se a ver e é igual a eles todos. Pensa que por ter dinheiro já é alguém? Ok, que aqueles olhos, e aquele cabelo...
'Te deixam louca por ele' o meu subconsciente interrompe-me.
'E tu que não viesses' penso.
'Ele mexe tanto contigo, olha só para a forma como estás por ele ter falado contigo. Quem desdenha quer comprar, pequena Mackenzie'
'Já te calavas' penso novamente e entro dentro do autocarro e vou para os lugares do fundo onde encontro Martin.
'Foi impressão minha ou vi o Harry a falar contigo?' a Martin olha-me com o sorriso tarado.
'Bom dia' digo apenas.
'Até que vocês ficavam bem giros juntos' ela diz já a imaginar coisas.
'Não, Martin, tudo menos ele'
'Estive a pensar e que achas de no sábado irmos acampar para uma das florestas mais assombradas daqui?' ela pergunta a olhar pela janela.
'Falas como se não soubesses o quanto tenho medo dessas coisas' digo.
'Anda lá, vai ser super altamente, Mackenzie. Vão muitos amigos meus, não te assustarás com nada, eu quero explorar aquilo e perceber se é tudo mito, anda lá, por favorzinho' ela faz cara de cachorrinho a olhar para mim e a agarrar-me o braço.
'A minha mãe' digo.
'Como se isso fosse um problema, foges' ela diz.
'Não estás bem a ver como é a minha mãe. Depois terias de me visitar todos os dias á campa' digo.
'Vai ser tão boa a experiência que morrerás realizada, Mackenzie. Prometo ir lá todos os dias levar uma erva daninha, agora aceita, vá lá'
'Vou pensar' cedo.
'YEY' ela dá um grito de alegria e chegámos á escola.
'E já agora, ... esses amigos não incluem alguém chamado Harry, certo?' pergunto. Ela fica um pouco calada.
'Suponho que não, ainda nem lhe falei disso, mas ele aos sábados tem sempre coisas combinadas já, por isso não. E se não queres eu não o chamo' ela diz.
'Tu é que sabes' digo.
Entramos na sala e eu já estava a pensar como seria a fuga. Tenho que arranjar uma corda para saltar da varanda, se não ainda vou com uma perna partida. Isto vai correr mal, é uma floresta assombrada e eu odeio esse tipo de coisas, já em filmes de terror me borro imagino numa floresta cheia dessas coisas.
