Robbers Of Love

M e d i c i n e

Noah P.o.v

" Vamos desligar as máquinas se ela não reagir à cirurgia,desculpe "

- Ei,ouviu o que eu disse Noah? Show hoje dude.
- É,falando nisso é melhor cancelar.

George passou as mãos pelo rosto,sinal de que estava exasperado e cansado de todo meu descaso,ele tinha toda razão.
- São 500 mil pessoas Noah,você não pode fazer isso.
- Hoje é a última cirurgia dela - Falei com um fio de voz.
- Já fazem três meses Noah,três meses cara - ele disparou - Três meses em que você não fez a barba,não sequer a arrumou o cabelo,não quis sair de casa,comer ou ao menos tomar banho direito,só quer beber e fumar enquanto olha pra sacada ponderando se se joga ou não,mas presta atenção, já fazem três meses que ela tá em coma,a Viollet não vai voltar.
Ele esperava gritos,arremessos de garrafas,socos,uma reação. Qualquer uma,mas infelizmente talvez esperasse por um longo tempo.

- A última cirurgia dela é hoje - Falei dando uma golada no meu vinho.
- Merda Noah,temos responsabilidades aqui,você se lembra o quanto batalhamos por essa chance e agora está aí se afundando.
- Vai embora George.
- O que ?
- Só vai.

[...]

Vinte para as duas da tarde. Tomei banho,fiz a barba,arrumei o cabelo e pus a minha melhor roupa. Me olhei no espelho, tirando minhas olheiras roxas e fundas,eu estava apresentável e não cheirando a bebida e mofo,o que era um grande avanço.
Duas da tarde,passei pela portaria do apartamento e fui na floricultura,comprar o maior buquê com flores azuis que pude encontrar,afinal eram suas flores favoritas.
Duas e meia peguei meu Impala 67 e dirigi cautelosamente para o hospital.
Três horas eu segurava o fim do meu cigarro com as mãos trêmulas de nervosismo encostado no meu carro.
Três e quinze tomei coragem pra entrar e encarar o que fosse que me esperava.

Entrei no saguão,a enfermeira responsável pela recepção já me conhecia e me acenou com a cabeça,peguei o elevador e comecei a contar de cinquenta até um,para diminuir a ansiedade. No corredor pude sentir a tensão no ar,uma enfermeira correndo e gritando " código azul " esbarrou em mim e eu torci pra ela não virar o corredor,mas ela virou e então eu sabia que Viollet estava em apuros.
Corri pra seu quarto e os médicos estavam entubando ela e usando a máquina de choque.
- O que houve? O que houve? - Perguntei à mãe dela.
- Viollet teve uma parada - Ela me abraçou - Eles não sabem se ela vai aguentar a cirurgia.

Eu a abracei enquanto ela tremia e chorava,uma lágrima solitária caiu dos meus olhos e eu percebi que eu precisava ser abraçado. Eu mal podia respirar e Viollet estava partindo.

- Senhora Hathaway,sou o Doutor Melbort,precisamos levar sua filha pra cirurgia agora pra aliviar a pressão intracraniana.
- Tudo bem,eu autorizo.

[...]
Após cinco longas horas de cirurgia,o médico disse que estava tudo certo,Viollet estava estável e seu cérebro havia desinchado,o que significa que a qualquer hora ela podia acordar,do contrário as máquinas seriam desligadas.
   Sua mãe ficou a maior parte do dia no quarto comigo,nervosa e apreensiva.

   -    Noah,George me ligou faz algumas horas -   Eu já sabia o que viria em seguida,um grande sermão.
-   Com todo respeito Catherine,mas já estou onde queria estar.
-   Bem,faça como quiser mas você conhece Viollet,se ela estivesse lúcida,te daria uma bronca e te mandaria pro show que é o seu sonho,é onde deveria estar.
-   Viollet é meu sonho,todo o resto pode esperar.
-   Bem a escolha é sua,mas depois de tudo pelo que você e os meninos batalharam acho que quando ela acordasse ia querer que você estivesse lá com eles,feliz e cantando -   Eu não disse nada,apenas toquei no pulso imóvel e quente de Viollet -   Eu te ligo se ela acordar.

    Respirei fundo. Tomei a decisão rapidamente.

-   Não deixa de me ligar,por favor -   Peguei minha jaqueta e saí pela porta com o celular na mão,já ligando para George.

-  Alô,Noah?
-   Prepara o equipamento,to chegando.

Desliguei o telefone,encarei a foto de Viollet no wallpaper,uma lágrima solitária escorrer. Liguei o carro rumo ao show.

[...]

-   Foi foda demais -   Adam apoiou o braço no meu ombro e eu me permiti sorrir -   Que bom que decidiu vir,nada disso seria possível sem você.
-   Nada disso seria possível sem a banda,sem o conjunto -   Eu disse.

  Todos nos juntamos em um abraço em grupo e permanecemos assim até meu celular começar a vibrar no meu bolso.
-   Catherine ?
-   Ela acordou Noah,ela acordou.

Meu celular caiu da minha mão,meus olhos marejaram de emoção e meus lábios começaram a se curvar num sorriso. Ah Viollet,se você soubesse que se amor é meu remédio,você é minha medicina.