Respira.

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Respira. Era o que ela dizia. Respira. Ela repetia. Respira, era tudo o que ela queria. Não chora, ela falava para ela mesma. Não chora. Ela repetia. Mas ela chorava. Chorava... mas segurava a respiração o máximo possível, pois se ela respirasse, não aguentaria e choraria. Choraria como uma criança, na frente daqueles que deveriam ajuda-la. Mas a ironia está aí. Aqueles que deveriam ajuda-la, estavam criticando. Enquanto uma contava mentiras, mentiras absurdas sobre ela. Dizendo que ela havia xingado, xingado muito. Ela só ficava no canto, encostada  lado da porta, ela queria ficar longe para eles não perceberem que ela estava prestes a desmoronar, mas não desmoronar de " Nossa! Porque eu fiz isso com ela? " " Me desculpe, eu sinto muito" " Eu me arrependendo" Não! Não era esse tipo de choro, era o choro que ela sempre tinha, de raiva. Raiva pelas mentiras, de eles não acreditarem na verdade quando ela tentava dizer, ela chorava por eles acreditarem nas mentiras e brigarem com ela, por uma coisa que era apenas uma vingança da outra, por ela não ter emprestado o celular quando a outra havia pedido. E tudo o que havia acontecido naquele dia, foi uma briguinha infantil, por conta de uma foto. Era uma briga desnecessária. Como todas as outras. Ela sempre estava certa, mas preferia ficar na dela. Quieta. Se ela respirasse ela chorava. Quem fala, respira. Não chora, ela repetia.

Aquele inferno não terminava. Ela queria sair dali ela tinha que respirar! Acabou? Ela falou rapidamente e sem resposta, virou rapidamente e correu para seu quarto logo a frente, fechou a porta. Não trancou, apenas fechou, se trancasse poderiam ouvir e ela não queria mais sermões desnecessários. Deitou rapidamente em sua cama, ainda com sua respiração parada, e prestes a desmaiar pensou no que deveria fazer, foi aquele tipo de pensamento que você pensa em tudo em apenas um segundo. Ela deveria chorar e aguentar aquela dor, aquela raiva? Ou já que estava prestes a desmaiar, segurar só mais um pouco a respiração e desmaiar logo de uma vez, quem sabe ela não morria também? Era tudo o que ela queria. Mas em meio aqueles pensamentos, pensou em sua família e o quanto os amava e por conta disso, não aguentaria velos sofrer por sua morte, ela não sabia nem se era possível ela ver isso se estivesse morta, mas o amor dela era tanto que só de pensar neles não aguentava. Soltou a respiração rapidamente e com um travesseiro abafou o som de seu choro. De novo.

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