Sentimentos e emoções

Quando tudo sopra a seu favor

Lembro que aquele dia eu estava tão cansada que não tinha vontade de fazer nada. Enquanto o tempo passava eu não pensava. Até que algo me fez pensar. Olhando para minha janela fechada percebi a cortina balançar. Sim, a cortina estava balançando como se o vento estivesse querendo dizer algo. Aquela velha frase "o vento está soprando a seu favor". Uma sensação estranha me fez pular da cama e era como se toda aquela vontade de não fazer nada nunca tivesse existido. Recebi uma mensagem me chamando para sair. Tomei banho. Estava tão extasiada que levei 40 minutos para me arrumar. Faltava uma hora para sairmos. Decidimos então ir até o mercado comprar umas bebidas. E lá que te vi. Na seção em que estávamos. Mas não sabia. Pedimos o uber e fomos até o nosso destino. Chegando lá trombei com um menino e foi aquela velha história clichê de "amor à primeira vista". Menina tola. Enquanto estava esperando no bar. Oi, ouvi. Olhei para o lado e lá estava o menino que havia trombado. Estava meio frio e quando está frio é como se nada adiantasse, o vento gelado não acabava. Respondi. Oi. A sensação do vento gelado havia passado. Não havia nenhum rastro desse vento. Você está bem? Sim, porque não estaria? Perguntei. Parece que está para baixo. É só o frio. A sim. Ele respondeu enquanto me entregava sua jaqueta. Pode pegar. Olhei com uma cara estranha. Eu sei que vamos nos encontrar de novo. Agradeci enquanto vestia. Mas ele não estava mais lá. Olhei ao redor. Onde ele estava? Me perguntava. Até que vi. Ele com uma menina. Obrigada, por nada. Já estava na metade da festa. Sentia a música entrando dentro do meu ouvido e possuindo meu corpo por inteiro. Um calafrio no meu braço. Viro para trás e é o tal menino do bar me puxando. No começo, mesmo com a sensação de "amor à primeira vista" resisti em ficar com ele. Ele estava com uma outra garota a menos de duas horas atrás. Falei que havia visto os dois. Ele respondeu que não tinha nada a ver. Depois de muito questionar, nos beijamos. Uau. Paramos. Ele estava olhando fixamente a um ponto atrás de mim com uma sorriso sarcástico. Olhei e era a tal garota que havia visto mais cedo. Ela saiu batendo os pés e ele foi atrás. A vida pode fazer coisa horríveis até quando o vento sopra a seu favor. Ou não. Ele havia ficado comigo apenas para fazer ciúmes na menina. Mas naquele momento eu havia conhecido outra pessoa. Conheci a mim mesma. Joguei a jaqueta no chão e lá ficou. Subi para encontrar minha amiga e parei para olhar as horas. Três da manhã. Trombei em mais um menino. Acordei no dia seguinte com uma mensagem no celular. Oi. Respondi sem saber quem era. Até que a resposta veio. Te vi no mercado antes de irmos para a mesma festa, não conversei com você antes porque você estava com outro garoto, peguei seu número com uma amiga sua. Puts, pensei. Aliás, achei sua jaqueta e ela está comigo, tentei te entregar, mas você estava no celular e quando olhei havia sumido. O que eu não havia percebido era que o tempo e o vento estavam soprando a meu favor.