Os dias foram passando normalmente, nada demais havia acontecido. Havia saído com Lucas duas vezes desde o episódio da balada, mas nada rolou. Apenas papo e altas risadas, o que era bom. Estava gostando dessa amizade, Lucas é daquele tipo que te faz rir nos piores momentos, mas também te dá colo quando necessita, fica com você em todos os momentos.
Sete de setembro feriadão gostoso, tempo querendo fechar em Goiânia e o resto da semana sem aula. Se isso era maravilhoso? Claro que sim.
Estava deitada no sofá de pijama assistindo um filme qualquer, meu pai havia ido viajar com o carro, a moto estava na oficina... ou seja, sem voltinhas pela cidade. Meu celular tocou e me assustei ao ver o nome do Lucas na tela.
— E ai Ca!! Tá fazendo o que?
— Tô mofando em casa - estiquei as pernas no sofá.
— Quer vir aqui em casa? Meus pais foram pra Patrocínio, Leandro viajou a trabalho, tô sozinho e sem o carro.
— Conhecidência. Meu pai também viajou, tô sem carro e minha moto tá na oficina.
— Estamos no mesmo barco! – riu - Topa vir aqui?
Lógico que topei né? Preciso fazer algo, sair, sei lá e a casa de Lucas era perto. Tomei um banho rápido, vesti um short jeans destroyed, uma blusa de alcinhas na cor azul marinho com flores em tons vintage, um chinelo havaianas da Mulher Maravilha, um óculos para disfarçar as olheiras (look ) e fui pro condomínio dele a pé mesmo. Ao chegar na portaria...
— No que posso ajudar? - um senhor aparentando ter uns cinqüenta anos perguntou ao me ver na portaria.
— Gostaria de entrar, sou amiga do Lucas.
— Lucas? - respondeu sem dar muita importância.
— Lucas Corrêa, Lucas Lucco. O cantor que mora aqui.
— Sinto muito mas você não pode entrar - disse sem me olhar. Fiquei sem entender. - Só posso liberar conhecidos do sr. Lucas, parentes e amigos. Fãs não são permitidas.
— Eu sou amiga dele! - bati com as mãos na bancada da portaria.
— Não vou te liberar, não insista, por favor.
Que raiva que me deu desse síndico. Peguei o celular e liguei pro Lucas.
— Pede pro síndico me liberar? Tô aqui na portaria.
— Esqueci de avisar ele. Tô indo ai!
Coloquei o celular no bolso e fiquei encostada na parede, esperando. Em menos de dois minutos avistei Lucas vindo, todo lindo de bermuda e chinelo com a Pucca no colo... ou seria Lucca? Ah, foda-se o nome! Vinha se achando o gostoso desfilando no meio da rua.
— Ô seu João, pode liberar ela. É minha amiga. Esqueci de avisar que estava esperando ela.
Ele abriu o portão e eu entrei.
— Vou precisar da sua ajuda – Lucas foi logo dizendo.
— Oi pra você também! Estou ótima tá? - mostrei a língua - Oi Pucca! - peguei a cachorrinha no colo.
— Olá! - beijou meu rosto – E é Lucca, idiota – gargalhou. – Então... Tô me virando na cozinha.
— Você destruiu ela e quer que eu arrume?
— Não né doida! - abriu a porta e coloquei a Lucca no chão.
— Onde posso deixar? - mostrei o celular e o óculos.
— Coloca ai na mesinha - apontou pra mesa de centro e foi pra cozinha.
Deixei as coisas ali e fui atrás dele. Ao chegar na cozinha me deparei com a mesa cheia de coisas. Como uma pessoa muito curiosa, fui olhando coisa por coisa. Tinha pote de whey protein, cartela de ovo, canela, uva passa, farinha de arroz, café solúvel, goma xantana (se usa em sorvetes), adoçante, jarra de água, pratos, liquidificador, tigelas, colheres.
— Pra que isso? - apontei pra mesa.
— Meu café da tarde de hoje. Aliás, nosso café - Lucas caminhou até o armário.
— Já aviso que eu não bebo ovo cru - ergui as mãos como se me rendesse a um assalto.
— Faz parte da receita, não é pra beber! - bateu em minha testa e gargalhou - Separa a clara da gema pra mim? – fiz cara de nojo. - Para de frescura. É só quebrar o ovo e ir jogando a gema de uma parte da casca pra outra, deixando a clara cair na tigela.
— O que eu ganho em troca? - o encarei.
— Vários beijos - fez cara de safado.
— Me recuso! – ri. - Me empresta uma camiseta sua? Não tô a fim de sujar essa.
— Vai lá no meu quarto e pega qualquer uma.
Fui até o quarto dele e comecei a mexer nas camisas penduradas no cabide. Vesti umas dez e todas ficaram enormes em mim! Peguei uma regata preta (capa do cap), vesti e me olhei no espelho. Ficou parecendo um vestido, mas é melhor do que nada. Guardei as outras e desci.
— Suas blusas parecem vestidos em mim.
— Ninguém manda ser baixinha né?
O encarei e ele riu indo pra geladeira.
— Quantas claras? - caminhei até a mesa.
— Doze.
— DOZE? - quase gritei.
— Meio a meio.
Fui quebrando ovo por ovo, separando clara por clara até que terminei. Aquele cheiro de ovo estava embrulhando meu estômago.
— Tá bom? - levei a tigela até ele, que estava fazendo frapê no liquidificador.
— Tá ótimo empregada.
Fingi não ter ouvido e fui lavar minhas mãos.
— Vê se ficou bom - ele me entregou um copo de frapê e uma colher. Até que não estava ruim.
— Pra quem não faz academia, odeia dietas e seus derivados, ficou bom.
— Porque você não faz?
— Nasci linda, maravilhosa e gostosa. Não preciso disso meu amor!
— Tenho que concordar.
Dei um meio sorriso, um pouco sem jeito. Ele guardou os copos de frapê na geladeira e foi pra mesa.
— Isso não vai ficar com gosto de ovo não? – perguntei. Ele balançou a cabeça negando.
Depois de muita conversa jogada fora, chão sujo, tigelas sujas também, minha cara estava cheia de farinha... a tapioca estava pronta.
— Você ta tão pálida... – Lucas ironizou.
— Vai se ferrar! – peguei um guardanapo e passei no rosto. – Saiu? – Lucas riu e assentiu. - Certeza?
— Saiu, tá limpo já. Que moça desconfiada!
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Opostos - Fanfic Lucas Lucco
FanfictionSão inúmeras diferenças que fica até difícil descrevê-las. Mas foi nessas diferenças que eu me apaixonei, foi nessas diferenças que eu deixei o amor falar mais alto do que eu mesma mais uma vez. "Seria mais fácil, se ele fosse um estranho, de quem...