Resolvi ir embora e Lucas quis me acompanhar até em casa. Nos sentamos no sofá e ficamos jogando conversa fora.
— Tá com pressa de ir embora? - perguntei. Lucas negou. - Vamos andar? - falei já bolando algum plano para sairmos de casa.
— Pra onde? Estamos sem carro, esqueceu?
— A pé uai. Tem uma praça perto daqui de casa, é pouco movimentada. A gente podia ir lá.
— É pouco movimentada, mas é movimentada. - balançou a cabeça negando - Melhor a gente ficar aqui.
— Larga de ser chato! Ninguém vai te reconhecer.
— Como não? - cruzou os braços.
— Tenho meus truques. - pisquei - Hein, vamos? Tá na hora de você tirar um dia pra si mesmo, pro Lucas Corrêa, não pro cantor. Quanto tempo você não anda a pé sem alguém te parar pra tirar foto?
— Alguns anos... - disse pensativo. Fiz uma carinha de cachorro sem dono e ele sorriu. - Tá bom! Vamos! Mas eu preciso me disfarçar.
Nem respondi, apenas o puxei pela mão e o arrastei pro quarto do meu pai. Ele se sentou na cama e eu fui pro guarda-roupa, me perdendo entre tantas peças penduradas nos cabides.
— Que tamanho você usa? - falei enfiando a cara no meio das blusas, tentando achar o tamanho delas.
— Camisa? - afirmei com a cabeça – Sei lá... Depende do modelo.
— Tira essa camiseta que você tá! - falei enquanto mexia nos cabides.
— Já tá querendo abusar do meu corpinho? - ri ainda mexendo nos cabides - Psiu, olha aqui.
Olhei pra ele e ele começou a caminhar em minha direção, fazendo uma dancinha um tanto quanto sensual (ou não), enquanto mordia os lábios e erguia a camisa. Ó céus! Aquilo era uma perdição na minha frente!
Me controlei pra não agarrá-lo enquanto ele dançava meio que dando voltas ao meu redor, encostando seu corpo ao meu. Ele tirou a camisa devagar, puxando-a pela gola, fazendo com que ela saísse de uma vez de seu corpo e a pendurou em meu ombro, ainda dançando. Mas eu precisava zuar com a cara dele, então coloquei o pé no caminho, o que o fez tropeçar e ir de bunda no chão.
— Ai carai! – resmungou. - Para de rir cacete!
— Não dá! - falei rindo.
— Porra Camila! Eu tava na maior sensualidade e pá né, tava te deixando seduzida pô! - reclamou ainda jogado no chão. - Você me paga! - resmungou de dor.
— Desculpa, sério! Machucou? - falei preocupada, porém ainda gargalhando.
— Só tá doendo - fez bico e estendeu a mão pra que eu o levantasse.
— Ai que dó! - gargalhei mais ainda. - Vem, levanta - o puxei e ele ficou de pé, com a cara fechada. - Tá doendo muito?
— E você acha que não? Lógico que tá! Bati minhas costas - fez bico de novo.
— Para com esse bico!
Peguei uma blusa xadrez vermelha e azul de manga longa. Ele vestiu a blusa e ajeitou as mangas.
— Deu certo? - ele afirmou - Agora vem comigo!
O puxei novamente pela mão, dessa vez pro meu quarto. Abri uma gaveta do guarda-roupa onde só tinham óculos de sol e peguei um Clubmaster da RayBan, entregando o mesmo a ele. Tinha uma caixa num canto do quarto, era tipo um baú, arrastei ela pro meio quarto e me ajoelhei no chão, revirando a tal caixa.
— Não é isso... - joguei um CD da Xuxa no chão.
— E fica me zuando porque eu assisto Bob Esponja né? - gargalhou.
— Ganhei da minha vó com seis anos – ri. - Pelo menos ela é real e o Bob?
— Num sabe brincar, num brinca! - disse derrotado. Fui jogando as coisas pra fora da caixa, tinha cinto, fantasias... Epa! Tirei uma fantasia de mulher maravilha da caixa e comecei a rir das lembranças que ela me trazia.
— Epa... - pegou a fantasia das minhas mãos. - Você vai vestir isso aqui pra eu ver!
— Nem morta! - tirei a fantasia da mão dele. — Nunca! Usei isso na festa de 18 da minha prima. Morro de vergonha dessa fantasia – ele me encarou como se perguntasse o motivo. - Porque graças a ela a festa toda ficou falando da minha bunda! O short é curto e mostra a polpa da bunda - falei enquanto me recordava da festa.
— Agora é que eu quero ver você com ela!
— Vai ficar querendo! Nem sei por que tenho isso aqui.
— Ah... mas eu quero ver você com ela.
— Sonha Lucas! Não paga imposto não - voltei a mexer na caixa. - Que droga! Cadê? Não é você também... - encarei um relógio de pulso e o joguei pra trás. - Acheeeeeei! - peguei o que eu queria.
— Carai muié! Me mata de amor que é melhor!
— O que foi? - me levantei e o vi com a mão na testa - Te acertei? - ri sem jeito.
— Acertou, mas ainda bem que foi na testa.
— Desculpa bê! - segurei seu rosto e enchi sua testa de beijos.
— Me acerta de novo? - rimos - O que você achou?
— Isso! - mostrei a ele.
— Uma peruca rastafari? De onde saiu isso? Não vou usar isso.
— Rastafari ou black power - mostrei a outra peruca.
— Nenhum dos dois. Tá me achando com cara de que? - colocou as mãos na cintura e ficou batendo o pé no chão.
— Nada ué, só tô te arranjando um disfarce. A não ser que você queira se vestir de mulher, porque tem uma peruca loira aqui e um vestido sexy no meu guarda-roupa... - dei um sorriso típico de quem queria aprontar.
— Tá maluca? Prefiro meu cabelo ao natural e com roupa de homem! Me arranja um boné.
Peguei o boné no guarda-roupa e entreguei a ele. Aproveitei e tomei um banho rápido, vesti uma legging preta, uma blusa de crochê de manga longa e ombro caído na cor nude, uma touca vinho e um chinelo nos pés.
— Ainda acho que vão me reconhecer - falou se olhando no espelho.
— Deixa o boné na cara - virei a aba do boné pra frente - e fica de cabeça baixa quando tiver andando.
— Tem a tatuagem aqui no pescoço aparecendo. Vão ver!
Mexi nas minhas maquiagens, peguei um pancake (base em pasta) e passei nas tatuagens que estavam aparecendo no pescoço e nas mãos.
— Isso vai dar certo? – ele disse com receio.
— Se não der, pelo menos a gente tentou. Vamos?
Peguei as chaves da casa, um par de patins e dinheiro e saímos. Na calçada, tirei o chinelo e calcei o patins.
— Deixa eu já ficar com a câmera pronta aqui né, já que estou prevendo altos tombos.. – mostrei a língua e estendi a mão pra que ele me ajudasse a levantar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Opostos - Fanfic Lucas Lucco
FanfictionSão inúmeras diferenças que fica até difícil descrevê-las. Mas foi nessas diferenças que eu me apaixonei, foi nessas diferenças que eu deixei o amor falar mais alto do que eu mesma mais uma vez. "Seria mais fácil, se ele fosse um estranho, de quem...