Capítulo 1 - Batendo de frente

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Se pudesse, daria o mundo a qualquer pessoa que conseguisse fazer meu lindo rebento de olhos verdes parar de chorar. O barulho incessante se intensifica mais do que há três minutos quando acordei e mesmo querendo apenas dormir, me levanto sonolenta para pegar meu gorducho de três anos no colo.

Varei a noite anterior tentando terminar um trabalho pra faculdade, e não tive tempo pra tirar um cochilo durante o dia. Conclusão: estou exausta. Mas não posso e nem vou reclamar, meu garotinho é tudo o que tenho de mais precioso na vida. Por ele jamais vou desistir até alcançar objetivo de me formar.

Diferente das outras vezes, meu pequeno não para de chorar e tento todas as alternativas que costumo usar para acalmá-lo. Seu choro não cessa e começo a me preocupar. Rubem nunca foi de fazer manha e desço as escadas assustada à procura da minha mãe.

— Mãe! Preciso de ajuda com o Rubinho. — bato de leve na porta do seu quarto e espero alguns segundos até ouvir o barulho de chinelos arrastando no chão. Dona Íris sempre teve sono leve. A porta se abre e minha salvadora pega o menino no colo, ninando-o na direção da cozinha para não acordar meu pai. Nada melhor que a voz da experiência. — Já tentei de tudo, mãe e nada. O que será que ele tem? — suspiro enquanto ela tenta distraí-lo, mas nada surte muito efeito.

— Podem ser muitas coisas, filha. Tentou o chazinho para cólicas? — questiona ao tocar na testa do meu bebê por um segundo.

— Não quis tomar, nem tentando forçar. — lamento passando as mãos nos seus fios castanhos, o olhar da minha mãe demonstra uma leve preocupação.

— Ele não está com febre. Acho que é prisão de ventre, ao menos parece. — ela diz mostrando o quanto sua barriguinha está inchada. Vai chamar a dra. Rebeca? — exalo de cansaço e preocupação, já passa das duas da manhã, mas ligo pra sogra de Lia no automático. Desde que meu filhote nasceu que ela se prontificou a ajudar sempre que possível, não é a primeira vez que algo do tipo acontece apesar de que poucas vezes nestes dois anos meu menino tenha ficado doentinho.

— Obrigada senhora Mendes. — bocejo ao desligar o telefone, o pequeno diminui o choro, mas continua a fungar de forma incessante. Isso me parte o coração.

£££

A médica termina de examinar meu filho, minha mãe logo o veste enquanto espero pelo diagnóstico.

— Muito bem, mamãe. — a médica sorri e mesmo sem querer meu coração se alivia um pouco. Se fosse algo grave ela não estaria sorrindo, não é? Não sei, mas realmente espero que não seja nada demais. — Seu filhote está com prisão de ventre, Luma. Tem que usar este remedinho e tomar cuidado com o que ele bebe ou come. É necessário equilibrar as refeições, senão a barriguinha dele não aguenta, ok? — ela faz um carinho em meu braço e sorrio de lado pra minha mãe pegando a receita nas mãos. — Por hora faça massagens em sua barriguinha a cada trinta minutos, se tiver chá de camomila pode dar também. — a acompanho até a porta e nos despedimos;

— Obrigada mais uma vez, senhora Mendes.

— De nada, querida. Pode me chamar se nada melhorar ou o leve amanhã cedo ao postinho, ok? Boa noite, dona Íris. — ela se despede e acena pra minha mãe antes de sair. Pego Rubinho no colo e beijo o topo da cabeça da dona Íris em agradecimento.

— Obrigada, mãe! Eu assumo daqui pode deitar novamente. — encaixo a cabeça do meu pequeno em meu ombro e ganho um beijo, na face, da minha mãe.

—— Deixa a receita comigo. Amanhã cedo peço pro seu pai comprar, boa noite, filha. — solto um "obrigada" mudo e observo minha ajudadora fechar a porta do seu quarto.

Meu garotinho parece mais calmo. Sigo as recomendações da médica sobre a massagem assim que o coloco em minha cama, não demora muito e acabamos adormecendo juntos.

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