Eu já estava cansada da indecisão do meu colega de classe com quem resolvi fazer o trabalho passado pelo professor bonitão e instintivamente tomei o netbook das suas mãos, enquanto ele me fitava num semblante confuso. Ele é uma gracinha, mas lento demais para o meu gosto e uma mãe solteira atarefada como eu; necessitava de algo mais prático.
— Pronto! É aqui que vamos nos concentrar. — apontei girando a tela na direção dele, onde se via o endereço de uma gráfica próxima à Faculdade.
— Mas Luma, essa lojinha aí é tão chinfrim. — ele desdenhou numa careta descontente e a vontade que tive foi meter a mão nas fuças dele. Como podia julgar o trabalho do alheio se nem ao menos utilizou de nenhum dos serviços prestados lá?
— Já fez algum trabalho lá ou conhece alguém que fez lá, Murilinho? — o tonto balançou a cabeça em negativa e suspirei fundo antes de perder a paciência com o seu pré-julgamento. — Então relaxa que eu preciso dessa nota. Ao contrário de você, tenho um menininho pra cuidar e não posso ficar me deslocando pra longe em busca de um trabalho que posso resolver por aqui perto mesmo. — disse ajeitando minha mochila nas costas, enquanto o menino ainda parecia não ter entendido minha praticidade. — Vambora garoto! — dei um puxão na gola da sua camisa, enquanto seguíamos até o tal estabelecimento.
Não chega a ser longe, e numa caminhada de uns quinze minutos, estamos dentro da gráfica. É um local um pouco apertado, mas fico impressionada com a quantidade de máquinas trabalhando numa velocidade feroz.
— Posso ajudar? — uma moça simpática nos atende e rapidamente explico o motivo da nossa presença ali. Ela pede que esperemos um minuto pra falar com o gerente e observo encantada algumas pessoas trabalhando na resolução de imagens, adesivos e montagens de revistas; num pequeno anexo ao espaço em que nos encontramos. Deve ser prazeroso trabalhar com o que se gosta.
— Prazer, eu sou Guilhermo Cordeiro. — um rapaz de semblante enigmático nos recepciona e estou em dúvida se ele é um estrangeiro da Ásia ou descendente de família asiática. Independente da sua nacionalidade, ele é muito bonito e educado.
— Sou Luma Ramos e esse meu colega de classe, Murilo Benvides. — ele nos cumprimenta e seguimos todos na vistoria do local. Guilhermo nos explica todas as fases das atividades que a gráfica presta serviços e enquanto ele mostra as coisas, tenho mais certeza no meu íntimo que é isso o que quero para minha vida.
Uso um bloquinho para anotar os detalhes que o gerente me fala, enquanto Murilo se ocupa com os depoimentos de alguns funcionários do estabelecimento. Estou realmente fascinada com essa arte de fazer mágica em papel e todo tipo de trabalho gráfico.
— Satisfeita? — ele sorri ao me estender uma xícara de café e não deixo de demonstrar a alegria de poder acompanhar todo o processo.
— Satisfeita demais. Obrigada Guilhermo. — digo sorvendo o liquido fervente, enquanto seus olhos não saem de mim.
— De nada. Se precisar e quiser, pode voltar outras vezes, será um prazer revê-la.
— Você é sempre assim direto? — franzo as sobrancelhas com curiosidade e ele sorri mais amplamente agora.
— Normalmente não. Só quando algo me chama muito atenção. — ele se aproxima e me desvio dele meio encabulada com a situação. — Desculpe, não quero que tenha uma má impressão de mim. — ele se retrai e Murilo aparece ostentando um pen drive com todo o material colhido.
— Está tudo bem, não se preocupe. — afirmo num sorriso torto e ele parece mais aliviado. Não quero arrumar confusão pra minha vida, não antes de me formar e por isso, procuro não me iludir com nada que apareça em meu caminho. Mesmo que seja meu lindo professor de gráficos adentrando no local em que estou, num sorriso feliz ao meu ver. Ainda vou me dar mal nessa história toda.
— Que surpresa boa! — Guilhermo explana com alegria, enquanto Dornelles o cumprimenta num abraço. Até o perfume dele é de fazer os outros perder o equilíbrio.
— Oi Luma! — seu tom é suave e em seguida ele cumprimenta meu colega num aceno discreto com a cabeça.
— Oi Professor. Vocês se conhecem?
— Somos primos. — Guilhermo diz com orgulho e surpresa me domina. O mundo não podia ser tão pequeno. Aliás, depois de ver uma loira magricela entrar no estabelecimento, poderia afirmar que o mundo é definitivamente um ovo. Ela abaixa os óculos escuros somente para confirmar o que vê e sei que algo não vai terminar bem.
— Bom. Obrigada mais uma vez pela sua ajuda Guilhermo, acho que vou tirar um dez nesse trabalho. — sorrio com sarcasmo na direção do professor e saio levando Murilo a reboque comigo.
— Não posso te acompanhar na volta Luma, preciso resolver um problema pro meu pai. Mas pode deixar que o trabalho vai ficar uma maravilha. — assinto em concordância e me despeço dele num aceno. Murilo pode ser meio lerdo, mas se tem algo que tem primazia é pelo trabalho bem feito.
Antes que eu siga meu caminho pra casa, sinto meu braço ser puxado e os olhos de Dornelles parecem um abismo fundo, cheio de perguntas sem respostas.
— A gente pode conversar um pouco? — ele pede gentil e engulo a seco, indecisa. Não respondo, mas caminhamos lado a lado e posso sentir a tensão tomando conta dele rapidamente.
— O que quer de mim? — pergunto sem rodeios.
— Quero pedir desculpas. Não devia ter agido daquela forma com você. Também quero que se forme. — ele diz muito lógico e reviro os olhos. Cansei dessa brincadeira de jogos de colegial.
— Além disso? — fito-o com decisão e ele sorri como quem foi pego numa mentira. — Não sou boba Dornelles, sei bem a tempestade que está se formando, eu só não sei se... — ele para nossa caminhada e sua voz é de uma calmaria inexplicável.
— Então deixa se formar Luma. E vamos atravessá-la juntos. — suas mãos seguram a minha com força e sorrio descrente com as possibilidades.
— Você não vê que é loucura Dornelles? — suas mãos sobem até meu rosto e tudo o que encontro em seu olhar é desejo. — Você pode se prejudicar, eu posso me prejudicar. Além do mais... — não consigo terminar por que seus lábios grudam nos meus e mil sentimentos confusos se chocam em meu coração. Não sei onde essa loucura vai chegar, mas a sensação que tenho agora enraizada em mim, é de que tudo pode valer a pena. Nem que seja apenas por esses míseros segundos.
— Assim fica fácil passar nas provas, não acha professor? — somos surpreendidos pela fala cínica da loira falsa que estava na gráfica e meu coração bate a mil por hora, quase falhando. Dornelles a olha estupefato e não temos o que retrucar quando está tudo tão claro. Ela se vai num semblante vitorioso e lamento estar passando por toda essa situação.
— Droga! Luma espera! — ele tenta me persuadir de ir embora, mas não o deixo falar mais nada, enquanto corro na direção de casa sem olhar pra trás. Estava tudo indo bem, até meu coração acordar de novo pra vida. Agora simplesmente, já não sei mais o que fazer com ele.
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Genç Kız EdebiyatıApós ser abandonada grávida pelo namorado do colégio, Luma se vê diante da dificuldade em conciliar o sonho da faculdade e a criação do pequeno Rubem. Prestes a concluir seu curso de Web Designer, um professor charmoso, cheio de mistérios e uma revi...