3 Refúgio quebrado 3

150 14 0
                                    

O dia estava calmo. O vento soprava espaçadamente e por entre as folhas soava como sempre tinha soado e como soaria. O Sol não estava muito forte, sendo que à sombra o ambiente era perfeito. Uma enorme confusão criava-se no pátio principal da escola e toda a escola era uma zona barulhenta e cheia de emoções. Zangas, amores, lutas, novas amizades, tudo se formava e destruia naquele que não sendo o universo dos protões e electrões, era um cosmos por si com as suas regras e o seu caos próprio.

Do Kyungsoo cedo percebera este jogo. Era interminável e não lhe fazia sentido. Nem sempre fora afastado das pessoas. Na escola anterior tinha feito algumas amizades preciosas. Mas nessa mesma escola as tinha perdido sem razão nenhuma. Naquele caos onde todos se enganavam e onde os sentimentos de cada um pouco importavam, ela não quisera entrar mais. Então agora ia para ali.

Era o seu diminuto paraíso. Num canto da escola havia um pequeno jardim. Rodeado por paredes em três lados era tão pequeno que pouco mais de 10 pessoas ali podiam estar. Contudo, era só ele que lá ia. Debaixo daquelas árvores e rodeado de flores algumas floridas outras já secas. No meio daquela vegetação algumas pedras assentes no chão cortavam caminhos sinuosos que ao alargarem tinham pequenos assentos também eles de pedra.

Era num destes bancos que se sentava o pequeno Do Kyungsoo afastado daquilo que não compreendia e que também não queria. Gostava de almoçar ali (trazia comida preparada pela sua querida mãe) e depois ficava ali a olhar para o céu ou para as flores. Às vezes encostava a cabeça a uma árvore e dormitava um pouco enquanto não dava o toque de entrada. Sonhava com tudo e com os amigos que já tivera.

Por isso, assutou-se quando a sua paz foi quebrada e viu aquele rapaz moreno à sua frente a sorrir. Pensou que era um sonho ainda e então tocou-lhe na cara com a mão e nos lábios. Gelou quando o outro pôs uma expressão assustada e confusa.

-Aaa... o que é que estás a fazer?
-És real?! O que é que fazes aqui? Sai! Aqui é meu!
-Não sabia que isto era propriedade de alguém. Mas é tão bonito aqui. Percebo porque te escondes aqui. Gostas de flores?
-Sai daqui!
-Não. Não é teu, posso ficar se quiser.

Não sabendo como reagir ou o que fazer para o tirar dali, começou a ficar vermelho e a olhá-lo com um olhar matador. Era o que queria fazer antes que mais algum espertinho se lembrasse de ir ali destruir o seu espaço sagrado.

-Como é que vieste para aqui? Só eu sei o cam...
-Olá. Sou o Kim Jongin. E tu? - apresentou-se sorrindo.
-Não te interessa! Volta para onde vieste! Olha que eu posso te bater. Não tens medo de mim? Não me achas estranho?
-Acho que és a pessoa mais linda e interessante desta escola inteira. - disse Kim Jongin olhando-o com um olhar enternecido. - E já conheço grande parte da escola, portanto sei o que digo. Os teus olhos são quase mágicos e atraem-me como nunca tinha sentido.

Vermelho como um tomate, Kyungsoo começou a fugir. Ele estava a chamá-lo bonito? Que raio?! Não podia estar bem. Se calhar comera alguma coisa estragada na cantina e agora andava a disparatar com todos. Não podia ser verdade. Ele era feio e estranho. Todos lhe diziam isso. Todos menos a sua mãe que ele adorava e amava. Só ela lhe dizia que os seus olhos eram grandes e bonitos como pérolas. Agora viera aquele idiota sabe-se lá de onde, estragava-lhe a sua paz e ainda lhe mentia e fazia troça. Como é que se chamava mesmo? Kim Jongin? Idota, só podia ser.

Chegou à porta da sala de aulas e já tinha tocado o toque de entrada pelo que não percebeu porque estavam todos em alvoroço dentro da sala. Entrou e no meio da sala viu Baekhyun e Chanyeol a discutirem aos berros, com Sehun, o novo miúdo, muito assustado atrás deles.

Mais confusão e pessoas zangadas. Sentou-se e esperou pelo professor enquanto mantinha a cabeça baixa apoiada nas mãos.  Que idiota o amor!

Quebrando a máscaraOnde histórias criam vida. Descubra agora