Mudança

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Estava sentada no enorme sofá branco que havia na sala. Ficava observando meu pai brigar com a TV, ele não aceitava os erros dos jogadores do seu time preferido "Arsenal". Tentei não ligar para os seguidos palavrões que ele dizia sem ligar para a minha irmã de 4 anos que o olhava assustada, mais logo sorria achando graça do seu desespero. Deitei no enorme sofá rezando para que alguém entrasse pela aquela porta e me tirasse daquele tédio. Mais ao invés disso minha mãe aparece pulando no meio da sala. Meu pai coloca a TV no mudo e olha para ela assustado.

- Aconteceu algo? - Ele perguntou tomando um gole de sua cerveja.

- Sim, aconteceu.

- O que? - Ele disse impaciente.

- Bom sabe o Sr. Drummond?

- Sim. - Respondemos em uma especie de coral.

- Então ele vai se mudar, vai morar com a filha em Louisiana então essa casa vai ficar desocupada.

- E daí? - Disse desanimada, tentando entender aonde ela queria chegar.

- Bom a casa do Sr. Drummond é três vezes maior do que a nossa, se colocarmos essa a venda e comprarmos a dele vamos ter uma casa três vezes maior.

Ela era tão especifica que chega a me assustar as vezes, ela sempre sonhou em comprar a casa do Sr. Drummond, então essa era a oportunidade única, quase pulava de tanta empolgação. Meu pai passou a mão nos seus cabelos loiros e a olhou sério.

- Miranda não vamos nós mudar - Minha mãe logo tirou o sorriso do rosto e passou a olhá-lo com raiva.

- Por que não?

- Por que nossa casa é ótima. Não precisamos de uma casa três vezes maior só somos 4 não precisamos de tanto espaço - Ela sentou ao lado do meu pai o olhando com carinho, era assim que ela conseguia o que queria.

- Amor esqueci de contar a vocês que a Gaby está voltando para casa. - Ela disse animada, levantei em um salto do sofá a olhando surpresa. Gaby é minha irmã mais velha e sempre teve prazer em me humilhar em me maltratar. Ela se mudou para New York à 4 anos, para tentar a carreira de modelo e aposto que não deu certo e ta voltando para o colo dos pais.

- Por que ela está vindo? - Disse com raiva.

- Filha, ela é sua irmã, nada que diga irá mudar o fato que ela está voltando. - Sentei no sofá me deitando novamente. Tudo que eu menos queria era ver a minha irmã, mais o que posso fazer? nada que eu diga vai mudar, eles nunca acreditaram em mim e não vão acreditar agora. O que me restava era sentar e ficar escultando os planos futuros da minha mãe.

Passei o resto do dia vendo a minha mãe enlouquecendo meu pai para comprar a casa. Aquilo estava mais do que chato então levantei e sai. Quando estava saindo vejo um enorme caminhão azul parado em frente a casa do Sr. Drummond. Na lateral do caminhão tinha escrito "Mudanças Scot's". Me aproximei mais um pouco quando vejo o Sr. Drummond vindo em minha direção com passos lentos, ele vinha sorrindo com os braços abertos, talvez pedindo um abraço.

- Olá Nina. - Ele disse simpático.

- Oi Sr. Drummond.

- Por favor me chame de Marco, me sinto velho quando diz "Sr. Drummond" - Sorri abaixando a cabeça, em seguida levantando e encarando um homem velho, gordo e careca que carregava a TV do Sr. Drummond.

- Já está indo?

- Sim. Falando em mudança, sua mãe esteve aqui minutos atrás.

- Ah, me desculpe se ela falou alguma coisa.. Alguma coisa ridícula.

- Bom, ela estava meio animada, desesperada, não sei bem.

- Mais então, está disposto a vender a casa para minha família?

- Bom queria vender para alguém que conheço, mais minha filha vendeu para uma família de Nova York.

- New York? Porque uma família de New York vem para uma cidade chata no interior de Atlanta? - perguntei curiosa. Esse tipo de coisa nunca acontecia.

- Não sei, aqui não é mais uma cidade chata, estão investindo muito em empresas por aqui. Está ficando um lugar bom de se morar.

- É, mais quem são?
- Bom o homem que comprou é um grande empresário é tem uma grande distribuidora no Texas, ele está em busca de um lugar calmo pra ele é seus 3 filhos, então nossa cidade é a melhor opção.

- Hum.. Vai ser complicado sem o senhor, acabei me acostumando com a sua presença.

- Não vou sumir, juro. Mas, Nina, posso lhe pedir uma coisa? Uma coisa muito importante? - disse ele vindo em minha direção com a mão sobre o queixo, parecia pensativo.

- Claro.

- Nina não deixe o Alex pisar em você. Já presenciei ele lhe humilhar muitas vezes e você simplesmente aguentar. Não faça isso, você é uma menina linda, merece o melhor. E acredite, o melhor está por vim. - Sorri achando estranho o que ele estava falando, o abracei forte em seguida vendo ele entrar no enorme e caro carro preto. Agora é só esperar os novos vizinhos. Entrei em casa e me deparei com a minha mãe quase destruindo tudo. Meu pai tentava acalmá-la, mais não resolvia.

- EU DISSE QUE PRECISÁVAMOS IR LOGO ATRÁS DESSA CASA. AGORA ELE JÁ VENDEU, TARDE DEMAIS. ESPERO QUE ESTEJA FELIZ, ME FEZ PERDER A CASA PERFEITA. - Ela dizia alto. Meu pai não sabia mais o que dizer, ele tentava falar algo mais ela o interrompia, aquilo estava me incomodando.

- CALMA MÃE. Não precisamos daquela casa, a Gaby pode estar vindo. Mas, mesmo assim, tem espaço suficiente para dez dela. Então, para de ser infantil e agradece o que você tem. Que droga. - Disse alto o bastante para que todos escutassem. Ela me olhava com raiva, respirei fundo e subi para o meu quarto, precisava pensar no que disse, precisava pensar nas consequências. Sinto meu telefone vibrar no meu bolso, tiro ele rapidamente e vejo que é o Alex.

- Oi Ale. - Disse desanimada, não estava com saco pra conversar com o Alex.

- "Oi Ale" - Ele falou imitando minha voz não animada.

- Qual é teu problema? - Ele disse estressado. Acabei me acostumando com a ignorância do Alex que agora o que o Sr. Drumont havia me falado fazia sentido.

- Nada, o que foi Ale?

- Vim te chamar pra ir na festa do Matt comigo hoje a noite.

- Não sei Ale..

- Por que não sabe? - ele parecia chateado.

- Por que sempre que vou com você pra essas festas acabo ficando sozinha, você fica com os seu amigos, bebendo e me deixa sozinha. - ele sabia ser verdade, não tinha como negar.

- Vai ou não? - Como ele é chato.

- Vou.

- Falo, te pego as 20:00.

- Ok.. Beijo. - Ele já havia desligado. Não aguentava essa maneira do Alex me tratar, acho que não mereço isso, sempre tentei ser a namorada perfeita e ele nunca deu valor. Ele não iria morre se me tratasse bem uma vez na vida.

O garoto da casa ao ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora