Zachary tremia nervoso ao lado do Rei Richard. Faziam vinte anos desde a Primeira Guerra das Bruxas, mas o Rei Richard, antigo espadachim, ainda se portava como se tivesse pronto para arrancar sua cabeça com sua espada. Ombros largos e curvados, barba por fazer e um cabelo longo, Rei Richard a muito tinha parado de se preocupar com sua aparência.
Ali, junto a ele e todos os outros candidatos a espadachim, Zachary se sentia pequeno e como se não estivesse preparado para o serviço.
- Eu posso afirmar que hoje sou um rei orgulhoso – Rei Richard se levantou de sua cadeira no pátio real, onde acontecia o evento para próximo espadachim, e começou a discursar – Tenho hoje perante mim dez jovens extremamente talentosos, que tiveram a chance de serem dirigidos por meu grande amigo e fiel companheiro, Pietro Ventana.
Pietro se levantara da cadeira ao lado de Richard e agradecera a menção.
- Cinco espadachins e cinco conselheiros. – Richard continuara – Quem quer que seja escolhido hoje deve se sentir orgulhoso. A honra do homem não é a vitória em si, mas sim a luta que o leva até lá.
As palavras do rei penetravam em Zachary como sua lâmina penetrava em tudo que tocava.A festa era enorme e todos de Ur eram autorizados no Castelo Real nesse dia. A situação, porém, não era de festa. Zachary se aplicara para o papel pois era o que sempre fora esperado do jovem, mas, secretamente, tinha medo. Jonas Stone, o musculoso espadachim de Ur, tinha sumido repentinamente, juntamente a sua fiel conselheira, Anna, a arqueira. Os dois eram um sucesso por toda Ur. Os habitantes podiam dormir em paz sabendo que haveria esses dois para os proteger. E, subitamente, eles não estão mais lá.
O trabalho acabara de se tornar mais perigoso.
Zachary havia começado a repensar tudo aquilo pelo qual ansiava.
Seu pai sentira o peso disso e o abordara antes de irem para o Castelo.
- Filho.- começara Weslley, um homem trabalhador, que já estava chegando na sua idade e que amava seu filho mais do que tudo. – Independente do que aconteça hoje, você nos fez orgulhoso, certo?
- Obrigado, pai... eu precisava disso – Zachary estava nervoso. A notícia do espadachim tinha abordado a todos em Ur de surpresa e os estudantes de Pietro sentiram-se despreparados para lidar com essa situação agora.
- Jonas é... era um homem forte, sábio e mesmo assim... – Weslley parara. – E Anna... ah, Anna... você sabe. – a família de Zachary conhecia a arqueira, era uma grande amiga da família, e, alguns anos atrás, quando Zack era um garoto, costumava visitar a casa para agradar o garoto, que a via como uma grande heroína.
- São altos riscos, eu sei, nós sabemos. Sempre foi assim. Tenho certeza que o rei está trabalhando com o pessoal dele para trazê-los de volta.
- Meu filho... sem o espadachim e seu conselheiro... quem é o pessoal do rei?
Seu pai estava certo, Zachary pensou. O rei parecia pesar bem os habilidosos garotos e tomar uma decisão sábia, mas no fundo Zack sabia que ele estava desesperado. Rei Richard precisava de alguém a quem recorrer quando os dois maiores heróis de Ur haviam sumido.- Pietro, gostaria de dizer algumas palavras? – Rei Richard voltara a sua cadeira.
- Ah, sim, claro, companheiro. – Pietro levantava com a postura da única pessoa que podia chamar o grande Rei de Ur de companheiro. Ele era conselheiro real, professor dos jovens e ainda assim, o que mais chamava atenção do rei, era a sua amizade. – Bem... todos esses jovens, cada um deles, treinei com zelo, carinho, e punho de ferro, principalmente, como se fossem meus. – Ao contrário do Rei Richard, que depois de casar-se com Helena tivera três bebês (duas garotas e um garoto), Pietro, depois da guerra, dedicou-se a treinar os jovens que aspiravam a cargos de importância, tais como espadachim e conselheiro. Por fora aparentava estar bem, tal como o Rei, mas por dentro devia estar em lágrimas. Tinha muito carinho por Anna como aluna, e tinha Jonas como um filho seu. Não tinha família real: pais mortos, sem irmãos, sem parentes próximos. Pietro era um homem sem propósito para viver além da luta, mas que lutou o suficiente para ter mais propósito que o próprio rei. Treinava com esmero, e treinava bem. – Eu e Richard já conversamos e entramos em concordância sobre quem deveria ser o espadachim. Isso significa que ele é o melhor de todos? Não, não significa. Significa que o garoto ou a garota que for escolhido nesse momento é o melhor para Ur nesse momento? Espero que prove tal coisa, sim. Mas, acima de tudo, a pessoa escolhida vai além das habilidades físicas. Vai além das notas alcançadas nas provas comigo. O escolhido será uma pessoa com equilíbrio suficiente para lidar com os acontecimentos ao seu redor. A pessoa certa não é aquela que nada teme, mas aquela que sabe do que temer. Como todos sabemos, o escolhido haverá de escolher seu conselheiro. Nem eu nem Richard temos nada a ver com sua indicação. Por isso, a pessoa escolhida será de total confiança, pois a dupla que sair daqui hoje como espadachim e conselheiro sentirão o peso de Ur em suas costas... e terão que gostar. Obrigado pela atenção.
Pietro se senta enquanto todos ficam calados.
Todos os concorrentes estão tremendo agora. Rapazes e moças que se aplicam ao cargo de espadachim e conselheiro agora tremem como se fossem mandados para o abate depois do discurso de Pietro.
Richard se levanta.
- Bem... o maldito parece ter pego todas as palavras! – as palavras brutas que saiam da boca do rei ajudaram a quebrar o clima tenso. Todos riram.- Concordo com tudo que foi dito, e nada mais me é deixado a falar. A pessoa a qual acarretamos o cargo de espadachim de Ur é... Zachary.
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O Filho Perdido - As Crônicas de Ur I
FantasyDepois da Grande Guerra, o maior desafio de Ur é manter-se longe da magia das bruxas. No entanto, numa aventura a pedido do rei, o espadachim e seu conselheiro, protetores de Ur, podem despertar novamente a relação do reino com as bruxas. Ur faz par...