IV - No controle

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"De onde vem toda essa claridade?!" Grito em pensamento enquanto tento tapar os olhos com o travesseiro. Estou acordando mais uma vez nessa casa, não posso acreditar que essa pobre infeliz ainda não percebeu o que está acontecendo.

Levanto me sentindo tonta, sinto uma dor como se tivesse levado uma pancada na cabeça e só tenho certeza disso quando me vejo no espelho com uma imensa macha roxa na testa.

_ Droga! _ o xingamento é inevitável quando tenho a ideia de tocar no hematoma.

_ Vejo que já acordou, querida. _ Lucas estica o pescoço de dentro do banheiro com um sorriso estúpido nos lábios.

Respiro fundo antes de falar qualquer coisa para evitar socá-lo até a morte.

Respiro novamente, abro os olhos e retribuo aquele sorriso imbecil.

_ Sim, já estou acordada.

_ Você teve uma noite difícil, hein! Ainda não entendi como conseguiu tropeçar no carpete da escada daquela forma.

Me olho no espelho mais uma vez, erguendo o cabelo para ver a marca novamente. Sem dúvida não foi uma queda, mas finjo que foi isso que ocorreu e continuo jogando com ele.

_ Também não consigo entender, sou uma verdadeira desastrada.

_ Está na minha hora, querida, vai ficar bem sozinha? _ Ele se aproxima e segura minhas mãos entre as suas.

O cheiro que vem desse homem me enoja, quase não consigo suportar seu toque, mas preciso continuar jogando, vestindo a personagem.

_ Sim, com certeza, ficarei bem, e caso eu precise ligo para a vovó e peço para que...

_ Não! _ ele grita nervoso me interrompendo.

Fico de olhos arregalados, qual será o próximo passo? Meu coração começa a bater muito rápido e minhas mãos estão suadas entre as dele, que agora me seguram apertado.

_ Não... ligue para a vovó. Acho melhor você ligar para a Michele caso precise de alguma coisa, não vamos preocupar a vovó atoa. _ Ele tenta parecer calmo novamente, mas sua ação me deixa desconfiada, nunca tinha pensando nisso: ir até a fazenda fazer uma visita sozinha.

_ Tudo bem, caso eu precise ligarei para Michele, você tem toda a razão.

Ele parece aliviado, me dá um beijo suave e se despede.

Fico parada no mesmo lugar esperando a porta da frente bater. Pronto, ele saiu. Corro para a janela e fico olhando enquanto ele sai com o carro. Corro para meu armário, minha bolsa não está aqui, não está! Droga! Penso um pouco e, droga novamente, minha bolsa ficou no carro de Lucas. Desço as escadas correndo e vou na garagem abrir meu carro, o laptop está lá, respiro aliviada.
Entro em casa e coloco o laptop na mesa, é hora de procurar por Pedro, está na hora de as coisas começarem a tomar seus devidos lugares, não posso ficar mais um ano nessa prisão.
Envio a ele uma mensagem curta, para evitar que outra pessoa a leia e possa atrapalhar o que tenho em mente.
A resposta vem logo depois:
"Rua 7, número 38, 18:00 horas."
Pronto, está combinado.
Um lembrete pisca em verde limão no canto da tela, abro para ver qual compromisso a inocente Victoria marcou para nós.

"Consulta às 15:00 horas."

Então hoje é dia de visitar o belo doutor Keller, maravilha. Eu só o consegui ver uma vez e por poucos segundos, desde que ela começou a aprender como me calar tem sido difícil tomar conta do meu corpo.
Hoje irei sozinha a consulta e talvez da próxima vez em que Victoria ir vê-lo ela consiga acesso a toda a verdade, isso se houver próxima vez, pois pretendo resolver tudo em pouco tempo.

Ela Esteve Aqui - Trilogia Faces Obscuras IOnde histórias criam vida. Descubra agora