7º Dia

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Durante dois dias Yoongi ficou atado àquela cama. Dois miseráveis filhos da puta dias Suga ficou tomando e perdendo o controle do corpo, tentando se soltar, o que resultava em mais machucados se formando onde ele estava preso.

Durante aqueles dias ele não comeu. Os enfermeiros vinham médica-lo com uma injeção igual a primeira, apenas para que Suga parasse de gritar e dormir.

Assim que abriu os olhos, no sétimo dia, Suga já estava no controle e deu um sorriso ao ver que estava solto. Ele se levantou da cama e observou os pulsos, onde estavam marcas vermelhas e arroxeadas, pele levemente cortada pelos puxões que ele deu contra o material rígido das amarras. 

Saiu do quarto e viu dois dos enfermeiros que o prenderam no outro dia, que se aproximaram e lhe deram sorrisos amigáveis, que Suga respondeu com um olhar assassino e um sorriso insano.

Pronto para se juntar aos seus amigos? — Um dos enfermeiros perguntou, ele tinha cabelos castanhos escuros e quando sorria uma covinha surgia do lado direito, o que seria adorável se Suga não o odiasse por ter prendido ele naquela cama dura.

Eu não tenho nenhum, quer ser meu amigo? Podemos brincar, eu te amarro na cama e te corto em pedacinhos, farei bem de vagar para você durar mais, juro que não cortarei nenhuma artéria para encurtar a brincadeira — Suga falou e o enfermeiro engoliu em seco, dando um passo para trás, mas o outro não se intimidou e segurou o ombro do garoto. 

Vamos, vai perder o café da manhã — O loiro falou empurrando o garoto que moveu o ombro, se soltando do enfermeiro e se apressou para andar mais a frente deles. 

Assim que se sentou na mesa, comeu feito um pouco, sem se importar nenhum pouco com o fato de estar se sujando todo ou os olhares que os enfermeiros de antes estavam lhe dando. Seus enfermeiros particulares. Enfermeiros que ele tinha que se livrar. 

Assim que terminou, se levantou e estava pronto para ir para a sala de tv quando o loiro se aproximou, Suga estava curioso em saber o nome do enfermeiro, mas tinha preguiça de questionar algo tão insignificante. Ele olhou para o enfermeiro em seu uniforme branco impecável e deu um sorriso, planejando algo que irritaría o enfermeiro engomadinho.

Tome — O enfermeiro esticou um pequeno copo com as pílulas que ele devia tomar pela manhã, mas antes que Suga pegasse o copo, ele tirou o sorriso e se inclinou para perto do enfermeiro, pegando na blusa dele pela bainha. O enfermeiro olhou para ele confuso e estava pronto para tirar as mãos dele de si quando o garoto foi mais rápido e limpou o rosto sujo em seu uniforme. — Ora, seu — O enfermeiro deu um tapa em Suga, que caiu no chão com o golpe, seus lábios formando um sorriso por ter conseguido irritar o enfermeiro enquanto um filete de sangue escorria por seus lábios e a bochecha marcada com os dedos do outro.

Suga se levantou pegando as pílulas que se derramaram no chão, fingiu engolir e abriu a boca para mostrar a mesma vazia, mal o enfermeiro sabia que ele estava escondendo a mesma para usar num futuro contra o mesmo. 

Ele ia se livrar do loiro. Não se satisfaria até vê-lo morto. 

Se sentou no sofá ao lado de Taehyung, o mesmo já estava lá vendo os desenhos de sempre, sentado com as pernas contra a peito e as abraçando com o queixo apoiado nos joelhos. E enquanto estava ali, Suga observou o garoto, os pulsos e tornozelos tinham as mesmas cicatrizes dele, supondo que ele teve mais uma de suas crises e foi amarrado, da mesma forma como ele fora. 

Taehyung não estava ouvindo Namjoon, o mesmo parecia estar ocupado ou em algum lugar por ai, onde Taehyung não sabia, afinal Namjoon nunca falava o que fazia enquanto desaparecia por ai, apesar de serem poucas as ocasiões em que sumia. E sem o amigo imaginário ali, a cabeça de Taehyung parecia levemente mais clara, mas era mais claro que a sua doença lhe permitia ser, afinal, ele nem sabia se a existência do garoto ao seu lado era real ou mais uma de suas alucinações, ele nem sabia se ele mesmo era real

O que você tanto olha? — Taehyung perguntou num fio de voz e Suga deu um sorriso, se aproximando e esticando a mão, tocando na cabeça do garoto e movendo os fios de cabeça para saírem dos olhos do mesmo.

Vamos ser amigos TaeTae? Suga sorriu e o garoto moveu o rosto, os cabelos caindo de lado, mas dessa vez fora de seu rosto, olhando para o garoto de cabelos loiros ao seu lado. Namjoon o chamava assim e mais ninguém. Ele não sabia como o garoto conhecia o seu nome, mas durante a sessão em grupo ele fora amigável com ele, pelo menos era o que Taehyung se lembrava.

Vamos ser amigos Suga — Taehyung falou dando um sorriso ao desencostar a cabeça dos joelhos, seu sorriso era incomum e Suga gostou disso. Suga adorou, na verdade, queria ver o amigo sorrindo mais, mas tinha coisas a fazer antes, um plano a realizar antes.

Ele se ajeitou no sofá e esticou o pescoço, virando o rosto para olhar no espelho convexo, observando onde todos os enfermeiros estavam. Ele precisava de uma crisa. Precisava que alguém gritasse, esperneasse de um jeito tão chamativo e doentio que todos os enfermeiros fosse ao socorro dele.

TaeTae, quem é o mais insano daqui? — Suga perguntou divertido, mais um sorriso surgindo em seu rosto, Tae lhe deu mais um sorriso e se ajoelhou no sofá, olhando em torno da sala e apontando para um garoto de cabelos pretos como ônix, sentado sozinho no chão, montando um quebra cabeça de peças miniaturas que formavam uma paisagem que Suga não reconheceu mais não se importava. — Quer brincar, TaeTae? — Suga perguntou se levantando, o sorriso insano não saia de seu rosto enquanto ele erguia a mão para o outro, que segurou depois de passar alguns instantes olhando e se levantou. 

Taehyung estava feliz, ele não conseguia tocar em Namjoon, em Suga sim, Suga era gentil, diferente de Namjoon. Suga sorria. Suga sorria por causa dele. Suga era divertido. Suga queria brincar. 

Dou-lhe um pau, diz que é mau. Dou-lhe um osso, diz que é grosso. Dou-lhe um pau, diz que é mau. Dou-lhe um osso, diz que é grosso. Dou-lhe um pau, diz que é mau. Dou-lhe um osso, diz que é grosso — Taehyung começou a cantarolar enquanto se aproximavam de onde o garoto estava sentado. A rima era irritante e Taehyung não parava de repetir, Suga não se importava, mas o garoto do quebra-cabeça sim. Sem soltar sua mão de Taehyung, Suga se agachou diante do garoto que mantinha a cabeça baixa, olhando para o quebra cabeça de olhos arregalados. — Dou-lhe um pau, diz que é mau. Dou-lhe um osso, diz que é grosso.  Dou-lhe um pau, diz que é mau. Dou-lhe um osso, diz que é grosso.  Dou-lhe um pau, diz que é mau. Dou-lhe um osso, diz que é grosso — Taehyung repetia cada vez mais rápido e Suga sorriu, vendo o garoto diante de si se contorcer um pouco, tentando ignorar as palavras.

 Dou-lhe um pau, diz que é mau. Dou-lhe um osso, diz que é grosso. Dou-lhe um pau, diz que é mau. Dou-lhe um osso, diz que é grosso. Dou-lhe um pau, diz que é mau. Dou-lhe um osso, diz que é grosso. Dou-lhe um pau, diz que é mau. Dou-lhe um osso, diz que é grosso — Suga começou a repetir junto e de repente, todos os outros que estavam na sala falavam a mesma coisa, ao mesmo tempo, no mesmo ritmo, fazendo o eco das vozes aumentarem. O garoto do quebra cabeça cobriu as orelhas e começou a gritar, muito alto, um grito que quase fez os tímpanos de Suga estourarem, mas ele aumentou ainda mais a voz, não se importando nem um pouco com a possibilidade de ficar surdo e Taehyung gritou junto a rima. 

Os enfermeiros correram, empurrando Suga e Taehyung para longe do garoto, que gritava e bagunçava todo o seu trabalho na montagem do quebra cabeça. Os enfermeiros tentavam controlar o garoto, que se debatia e gritava e enquanto a confusão ocorria, Suga recobrou o equilíbrio e puxou Taehyung que ria, Suga olhou para os espelhos e correu, correu em direção a cozinha, que agora estava vazia. Pegou uma faca e escondeu em seu sapato.

Taehyung o olhava, sorrindo, seus olhos brilhavam de um jeito insano, e Suga adorou isso. Mais do que tudo que já tinha visto até agora. 

Efeito Borboleta ↠ Dearmad [BTS]Onde histórias criam vida. Descubra agora