EPÍLOGO

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Os raios da manhã brincavam com as sombras, dançando conforme o movimento que o vento causava nas folhas da árvore. O céu era de um azul claro com poucas nuvens que passeavam com formatos de animais que Jungkook observava com atenção enquanto os formatos se alteravam.

Ele havia sido acordado cedo naquele dia, um enfermeiro o ajudou a se arrumar e quando pronto o deixou no pátio sozinho, o mandando esperar ser buscado. E agora aqui estava ele, sozinho, observando as nuvens enquanto suas pernas balançam pela altura da mesa de piquenique em que estava sentado encima, os pes tocam superficialmente a grama recém cortada que ainda estava úmida pelo orvalho.

Durante o dia anterior ele ficara pensando incessantemente nas palavras de seu terapeuta, que afirmava que tudo o que se lembrava era um constante delírio, um delírio que ele não conseguia se acostumar com a ideia. Não entrava em sua cabeça que tudo era apenas uma ilusão, que nada que vivera era real, que nenhum de seus amigos era real e principalmente que Yoongi não era real.

Ele não conseguia acreditar que a pessoa que ele jurava amar não existia. Que sua pele não era tao pálida quanto a neve do inverno mesmo com as cicatrizes que acompanhavam sua essência ou que seus fios de cabelos lisos de um rosa desbotado não eram reais e que ele não passara um dia inteiro acariciando enquanto eles dividiam uma cama de hotel, que seus lábios rosados e macios nunca tocaram os seus. Aquilo só podia ser um pesadelo ou seu mais belo sonho. E por um segundo seu coração se encheu de esperanças, pensando que Yoongi não havia se suicidado, para logo se encher de tristeza e o sorriso que estava em seu rosto enquanto observava as nuvens desapareceu ao ligar um ponto com outro.

Afinal, se ele não existia, do que adiantava saber se ele havia se suicidado ou não. Ele não era real mesmo.

Um suspiro saiu de seus lábios e ele fechou os olhos, sentindo o sol tocar sua pele e um calor preencher seu corpo. Ele nem sabia o que estava esperando por, mas o sol somado ao vento que bagunçada seus cabelos era muito agradável para ele querer sair dali e questionar.

Ele ouviu o som de passos, mas não se atreveu a abrir os olhos, se quisessem algo com ele teriam de se pronunciar, mas não o fizeram então ele acreditou ser apenas um outro paciente aproveitando do sol.

Quando enfim abriu os olhos, se viu observado por alguém não muito longe de si, mas também não ao alcance de suas mãos. Olhos castanhos que brilhavam na luz do sol como gotas de ouro, cílios longos e cheios faziam movimentos lentos enquanto ele piscava, os cabelos loiros descoloridos emoldurava seu rosto em um corte perfeitamente alinhado, lábios não cheios mas também não tão finos formavam quase o desenho de um coração em uma linha inexpressiva, argolas douradas estavam em suas orelhas e pareciam não fazer jus a seriedade de sua expressão, para finalizar seu rosto, sua mandíbula terminava em um queixo quase quadrado, tudo isso em uma pele branca quase porcelânica, seu corpo coberto em um terno inteiramente preto que parecia ser feito sob medida com a gravata de nó justo no colarinho acompanhado de sapatos finos muito bem engraxados. Ele parecia a definição de beleza aos olhos de Jungkook que quando voltou a olhar para seu rosto sentiu seu rosto esquentar, se sentindo envergonhado por analisar o outro que em nenhum momento desviou os olhos de si, ele abaixou a cabeça e começou a brincar com a manga de sua camisa de manga, se sentindo estranhamente ansioso na presença do desconhecido.

Jung Kook — O desconhecido se pronunciou pela primeira vez e os olhos de Jungkook se arregalaram e mais uma vez ele teve de olhar para o rosto do desconhecido, assustado e confuso. Não esperava que o desconhecido conhecesse ele, será que ele era quem mandaram-no esperar?, foi o que pensou enquanto observava mais uma vez o outro a sua frente, que deu mais um passo a frente, mas ainda assim uma distancia respeitosa insuficiente para se tocarem. — Fui enviado por vosso pai para levá-lo de volta ao larEle falou muito formal e Jungkook se perguntava se ele era um protótipo de nobre dos livros de contos de fadas, mas não se importou, ele estava hipnotizado pela presença e beleza do homem que parecia trabalhar para seus pais. — Posso acompanhar-lhe? — Ele perguntou, sua expressão seria se modificando enquanto seus lábios se formavam um sorriso sincero, exibindo seus dentes brancos e parte de sua gengiva rosada. Jungkook acenou um sim sem confiar em sua voz que provavelmente acabaria traindo-o ao gaguejar de nervoso, ele desceu da mesa com as mãos do outro e quando já estava pisando na grama ele não o soltou, apenas deslocou a mão dele para o interior de seu braço e mais uma vez ele se lembrou dos livros, seria ele um ator? Acostumado com papeis de cavaleiros? — Como está a passar o dia? — O estranho perguntou engatando numa conversa agradável.

Efeito Borboleta ↠ Dearmad [BTS]Onde histórias criam vida. Descubra agora