Epílogo.

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Raven tomou ciência, pouco a pouco, do lugar onde se encontrava. Estava em uma cama e nua. Mikhail estava a seu lado e enredava os dedos em seu cabelo úmido. Reconheceu o tato de suas mãos lhe trançando o cabelo, com movimentos tranqüilos e sossegados, de forma prática fazendo sentir-se mais cômoda, apesar de sua mente nublada. Parecia estar num velho castelo, pequeno e indevidamente construído para resistir um ataque. O aposento estava quente e Mikhail havia queimado ervas aromáticas que pulverizavam seu aroma, acrescentando um toque de romantismo, a já de por si romântica, luz das velas. Ele havia tomado banho e também a tinha banhado, de modo que seus corpos cheiravam ao sabonete de ervas que ele usava. Gastou tempo para trançar o cabelo, enquanto Raven tentava se orientar na desconhecida casa. Mikhail roçou sua mente, encontrou confusão e uma firme decisão de permanecer lúcida, mas sentia-se atemorizada por sua presença, e ainda a assustava mais o fato de confiar em sua própria visão do que acontecera. Raven estudou com atenção cada lugar da casa, cada parede, cada detalhe, enquanto seu coração pulsava frenético em seus próprios ouvidos. Era um lugar formoso. O fogo ardia alegre na lareira e das longas velas, desprendiam uma ligeira fragrância que se misturava com o relaxante aroma das ervas curadoras. Uma Bíblia belamente encadernada estava na pequena mesa de noite, junto à cama. Não reconheceu nada, mas tudo era vagamente familiar. O edredom era grosso e quente, muito suave sobre sua pele nua e ela descobriu que não tinha nada de roupa. A princípio, se sentiu vulnerável e tímida, mas voltou a perceber a sensação de estar no lugar certo, de pertencer a esse lugar e a esse homem. Suas carícias lhe eram familiares, e despertavam alarmantes sensações em seu corpo. - O que fez a Monique e a seu marido? - perguntou segurando com força o edredom entre seus dedos. Tentou ignorar o calor que desprendia do corpo masculino ao aproximar-se dela e tocar sua pele, ao sentir o áspero roçar de seu peludo peito contra suas costas, ao sentir seu membro endurecido contra suas nádegas. Ele se sentia a gosto, sentia-se parte dela. Mikhail depositou um beijo em seu pescoço, deslizando a língua em sedosa carícia até sua pulsação. O corpo do Raven se estirou pela antecipação, mas sua mente parecia confusa. - Estão a salvo, em sua casa, amando um ao outro como deve ser. Não se

lembram nada do que aconteceu acontecido com André, nem as atrocidades que cometeu com eles. Acreditam que somos amigos, bons amigos. - Ele disse, beijando-a, numa carícia ligeira como o toque de uma pluma que fez que o sangue de Raven se acender. Mikhail moveu então as mãos para a estreita cintura, deslizando-se pelo talhe até aprisionar os seios entre suas mãos. Voltou a roçar sua mente, e ao contato, Raven se afastou dele. - Por que me teme, Raven? Viu o pior de mim, viu-me como um assassino, como o braço que reparte a justiça de nossa gente. - Seus dedos acariciavam os mamilos num roçar lento e sensual que provocavam ondas de calor pelo corpo de Raven. - Acha que há maldade em mim? Tome minha mente, pequena. Não posso te esconder nada. Jamais ocultei minha verdadeira natureza. Antes me via com compaixão e me olhava com amor, aceitava-me. Acaso esqueceste tudo? Raven fechou os olhos. - Já não sei o que acreditar. - Me beije, Raven. Una sua mente à minha, une seu corpo ao meu para que sejamos um só ser. Antes confiava em mim, confie novamente. Olhe-me com os olhos do amor, com os olhos do perdão pelas coisas que fui obrigado a fazer, pela fera que habita em mim. Não me olhe através dos olhos de alguém que desejava destruir, a nós e aos nossos. Se entregue a mim. - Sua voz era sedutora, um feitiço de magia negra. Suas mãos acariciavam cada centímetro de sua adorável pele, conhecia-se de cor cada curva, cada covinha. Seu corpo ardia de necessidade e sua fome despertava. E a dela junto à dele. Brandamente, para não alarmá-la, Mikhail aprisionou o esbelto corpo do Raven contra o edredom, cobrindo-o com seu corpo musculoso e grande. Ela era pequena e muito frágil sob suas carícias. - Por que converteste minha vida, Mikhail? Sempre estive sozinha, fui forte e tive confiança em mim mesma, você se apropriou de tudo. Suas mãos escorregaram pelos contornos do corpo de Raven, até chegar a seu rosto e emoldurá-lo entre elas. - É minha única e verdadeira vida, Raven. Tenho que reconhecer que a arranquei de tudo o que era familiar, mas jamais pensei em te manter isolada. Sei o que a solidão suporta, o que é uma vida solitária. Eles a usavam Raven, utilizavam-lhe, teriam acabado com você. Não sente que é minha outra metade, que eu sou sua outra metade? -

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