[Carolina]
Acordei com os raios de sol a baterem-me na cara, logo percebi que já era dia, olhei para o relógio e dei conta de que já era 1h da tarde.
- Bolas, não acredito! A Amanda vai-me matar!
Levantei-me rapidamente, vesti a primeira roupa que vi no armário, peguei numa maça e sai da cozinha a correr, quando dei de caras com a minha mãe que acabara de chegar dos correios.
- Bom dia querida, tanta pressa logo de manhã, onde vais?
- Bom dia mãe, vou ter com a Amanda á aula de hidroterapia, prometi-lhe que ia assistir e adormeci! – Disse, apressada.
- Ah, então vai lá! Olha, cheguei agora mesmo dos correios, quando chegares tens uma carta para ler, parece-me que é do teu pai!
- Ah boa, mas agora não posso, tenho mesmo de ir, até logo mãe! – Dei-lhe um beijo no rosto.
- Vai lá antes que a Amanda te mate – Rimo-nos – E manda-lhe um grande beijinho.
- Será entregue, até logo! – Mandei-lhe um beijinho com a mão.
Ia cheia de pressa a atravessar a rua quando de repente alguém vem contra mim.
- Não vês por onde andas? – Perguntei, irritada pois estava cheia de pressa.
- Desculpa, de facto não vejo mesmo, fui um trapalhão. Scott podias ter-me avisado. – O rapaz sorri para o cão, e só ai percebi que era cego.
- Oh meu deus, desculpa eu... eu não sabia! Magoei-te? – Olhei nos seus olhos, embora ele não desse conta disso, ele era realmente giro.
- Sem problema, eu e o Scott estamos bem, certo companheiro? – Ri-se e o cão ladra, como se entendesse, realmente era incrível aquela cumplicidade toda.
- Bom, precisas de ajuda? Acho que é o mínimo que posso fazer para me redimir disto.
- Agradeço, mas não é preciso. Posso não ver, mas senti que ias com pressa, não te empato mais! – Sorriu-me, de forma carinhosa.
- Eu insisto. – Sorri – Ias para onde?
- Para minha casa.
- Muito bem, e onde é?
- É já nesta rua.
- A sério? Então moras perto de mim!
- Que cena, nunca tinha ido contra uma vizinha de rua. E muito menos ela se tinha oferecido para me levar a casa. – Ambos rimos, ele era de facto engraçado.
Íamos os dois, lado a lado a conversar, quando o Scott decide parar, a casa devia ser aquela.
- Bem, parece que estás entregue. – Sorri-lhe e dei uma festinha ao cão.
- Obrigado mais uma vez, pela companhia.
- Não tens de quê, era o mínimo que podia fazer! Bem...Visto que já estás bem, se calhar eu vou indo.
- Espera... não te vou voltar a chamar como "vizinha de rua" não achas? Prefiro saber o teu nome. – Ele sorriu e eu dei conta de que realmente nem o nome dele sabia.
- Carolina, mas podes tratar-me por Carol.
- Tenho a certeza que és ainda mais bonita que o teu nome. – Eu senti as minhas bochechas a ficarem vermelhas. – Não precisas de ficar envergonhada, as verdades são para ser ditas! – Eu fiquei impressionada, mesmo sem ver, parecia que ele sentia tudo o que se estava a passar á sua volta.
- Bem... obrigado... Acho eu – Dei um sorriso tímido. – E tu, como te chamas?
- Dinis.
- Bom, Dinis, eu tenho mesmo de ir se não me levares a mal.
- Na boa, claro que não levo a mal. Antes de ires, podes dar-me o teu número? Gostava de voltar a estar contigo um dia destes.
- Posso, claro.
Trocámos os números, dei-lhe um beijinho no rosto, novamente uma festinha no Scott e segui caminho até local onde a Amanda tinha as aulas de Hidroterapia. Já não era propriamente cedo, por isso decidi apanhar o autocarro visto que se fosse a pé já nem amanhã de manhã a apanhava lá. Assim que cheguei, dei de caras com ela e com o Alex que vinha a empurrar a sua cadeira, vinham ambos muito divertidos.
- Estou a ver que essa aula correu muito bem! – Sorri para eles e eles retribuíram.
- Sim, correu maravilhosamente. – Amanda sorriu – Mas olha lá, onde é que te meteste? Estive na esperança que aparecesses.
- Tive um contratempo.
- Um contratempo? – Perguntou-me curiosa.
- Sim, eu já te explico tudo.
-Ok, eu vou só tomar banho então. – Alex largou-lhe a cadeira.
- Precisas de ajuda? – Perguntei.
- Não, obrigada amor, mas tenho de tentar sozinha. – Eu assenti, estava muito orgulhosa dela, por estar a evoluir a pouco e pouco. Ela olhou nos olhos de Alex e ele piscou-lhe o olho, eu olhei para ambos mas como não queria interromper o clima fiquei calada e Amanda foi em direção aos balneários, decidi ficar a falar com Alex sobre os progressos que Amanda tem vindo a fazer.
- Então, a minha menina continua a fazer progressos?
- E muitos! – Sorriu. – A mão direita dela já está muito melhor, inicialmente ela nem se mexia. A esquerda a mesma coisa, as perninhas a pouco e pouco também vão começando a bater, e ela está muito mais autónoma, até em relação á transferência para a cadeira.
- Que bom, fico mesmo contente. – Sorri orgulhosa. – Obrigado por ajudares tanto a Amanda.
- Não tens de quê, é o meu trabalho.
- Vá lá, estamos sozinhos, não precisas de dizer que é "somente trabalho" , sei que sentes algo por ela! – Ri-me e ele fica atrapalhado.
- Ah....Ah....
– Não precisas de ficar assim, se queres que te diga, admiro bastante o teu trabalho e sobretudo a ajuda e apoio que tens dado á Amanda, como sabes a vida dela desde aquele dia mudou por completo, não foi fácil e ainda não é fácil ela aceitar esta nova realidade, ela era nadadora de alta competição e de repente viu o sonho dela andar para trás...
- Pois eu sei, ela contou-me tudo isso, mas sabes? Eu acredito que com a força de vontade que ela tem, ela vai conseguir voltar ao que era. – Sorri.
- Somos dois a acreditar, então.
Continuámos a falar, até que ouvimos uma porta bater. Era a Amanda que estava a sair do balneário.
- Então, do que estão os meninos a falar?
- Estamos a falar de todos os progressos que fizeste. E estou muito orgulhosa de ti mesmo! – Sorri e dei um beijo na testa de Amanda.
- Obrigada, meu amor! – Ela sorri.
- E não és a única a estar! – Alex sorri, e Amanda fica envergonhada. – Bem , eu tenho de ir, tenho uma aluna á minha espera, e desta vez para Fisioterapia.
- Sempre cheio de trabalho. – Amanda sorri-lhe – Vai lá, até à próxima sessão.
- Ou quem sabe, até antes disso.
- Hã? O que queres dizer com isso?
- Fica atenta ao telemóvel. – Alex dá-lhe um beijinho na testa e sai.
- Love is in the air! -Olhei para ela e soltei um riso.
-Opá, para oh! – Riu-se e deu-me uma chapada na mão.
- Autch, estou a ver que o Alex tem puxado por ti e pelas tuas mãos, já não me meto mais contigo! – Ri-me.
- Que engraçadinha! – Riu-se e fomos para uma esplanada, á espera que a minha mãe nos viesse buscar.
YOU ARE READING
Tudo é Possível
RandomAmanda era uma jovem de 18 anos, apaixonada pela vida. A natação era também a sua grande paixão. Estava prestes a ir aos Jogos Olímpicos. Mas nesse mesmo dia, tudo muda. Um acidente a meio da prova, faz com que Amanda fique numa cadeira de rodas e c...