Um ser inútil?

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— Rachel! Acorde logo! Você vai chegar atrasada se dormir mais. – grita a minha mãe, com sua voz irritante.

           Droga.

           Olho para o despertador e percebo que realmente estou super atrasada.

           Levanto-me em um salto e vou direto para o banheiro.

           5 minutos depois já estou pronta.

                Apenas solto o meu cabelo que neste mês está todo branco com algumas mechas azul celestial, roxo e violeta, cada mês eu pinto de uma cor diferenciada. Minha mãe vive dizendo que um dia eu ainda vou ficar careca, mas e daí? O cabelo é meu e faço o que quiser com ele.

Meu estilo é bastante peculiar, se eu fosse me descrever seria mais ou menos assim.

'Mistério pra alguns, Solução para outros, Inferno para poucos, Perfeita para loucos, esse é o meu estilo'

 Pego as minhas coisas e assim que desço, minha mãe me olha da cabeça aos pés, lançando um olhar de reprovação.

 Apenas ignoro e pego uma maçã que está sobre a mesa.

 Quando estou quase saindo de casa. Eis que vem a minha mãe falando.

 — Você tem que comer mais. Entre e coma mais alguma coisa agora!

 Nem me dei o trabalho de respondê-la, apenas segui o meu caminho para a escola e a deixei falando sozinha.

 Como já deu para perceber, eu não me dou bem com a minha mãe, que depois da morte do meu pai ela resolveu descontar toda sua tristeza em mim. Eu não tenho tolerância alguma para aturar gente mimada e chorona. Fora que para mim, 99,9% do mundo são de pessoas sem visão, pessoas que só ligam para o seu próprio bem.

 Assim que passo em frente de uma casa, vejo uma caixa no lixo se mexendo. Sabe aquele momento em que você fica com a pulga atrás da orelha de tanta curiosidade, pois então, eu estou assim.

Fui chegando perto da caixa e cada vez que me aproximava, um barulho ia aumentando.

Peguei a caixa e quando eu abrir, vi um véu de luz branco ao meu redor e anjos estavam ao me circulando jogando flores e cantando calmamente.

"Afinal, de onde essa luz e esses anjos vieram?" 

levantei a minha mão em movimento como se estivesse espantando algum inseto voador.

Voltei a minha atenção para a caixa que fez com que o meu coração parasse por um tempo.

Um gato ainda filhote estava dentro.

Eu amo gatos, mas logo a minha alegria passou assim que percebi que se eu não tivesse a encontro, o gatinho provavelmente ia virar churrasco.

"Grrr, só de pensar me dá náuseas."

Como eu realmente amo gatos, eu tenho certeza de três coisas. Primeiro, era fêmea. Segundo, era uma gata persa, terceiro, eu a quero.

Ela é tão bonitinha dormindo, toda enroladinha. Fiquei que nem uma idiota parada perto de um lixo, rindo para uma caixa que quando uma menina passou ao meu lado, me olhou tipo dizendo.

"O que essa coitada está fazendo sorrindo para uma caixa? Deve ter algum problema mental"

Assim que ela passou, me lembrei que estou super atrasada para a aula.

E agora? Ferrou! O que eu faço com a gatinha? Eu levo para a escola ou levo para casa e me atraso ainda mais para chegar à aula?

Fiquei tanto tempo perdida em pensamentos que nem vi que o tempo tava passando. Olhei para o meu relógio de pulso e só faltavam 5 minutos para começar a aula. Os justos 5 minutos que eu levaria para chegar até a escola.

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