A noite perdeu sua batalha contra o dia; o sol nasceu, rompendo as nuvens cinzentas, tingindo o céu negro em tons de cinza, logo um roxo escuro e opaco, que se transformou em um azul escuro, que clareou tom por tom até que terminou em um azul claro, manchado pelas nuvens. Harry estava no mesmo lugar, na mesma posição, os olhos verdes abertos, olhando Melanie dormir. Enfermeiras entraram no quarto periodicamente durante a noite, mas ele não se alterou. Sua mão ainda estava enlaçada a dela. Seus olhos não pestanejaram nem um segundo, mas Melanie teve uma noite tranquila de sono. Quando iam dar 8 da manhã, Liam voltou.
Liam: Você tem TOC? – Perguntou, brincando, ao reparar Harry na mesma posição em que o deixara.
Harry: Lá se foi a paz. – Lamentou, a voz rouca pelo longo tempo inutilizado. – Porque ela não acorda? – Perguntou, inquieto.
Liam: Porque ela está com sono. – Disse, óbvio, se aproximando da cama. Ele olhou o monitor ao lado de Melanie e assentiu consigo mesmo.
Harry: E você lhe deu o que, tranquilizante pra cavalo? – Rosnou, virando o rosto. Liam dava dois pitoques na bolsa de soro, agora quase vazia.
Liam: Não seja imbecil. – Pediu, revirando os olhos. – Te incomoda tanto que ela descanse?
Harry: É claro que não. É só... Estranho. – Disse, olhando a mulher novamente.
Liam: Estranho? – Perguntou, franzindo o cenho.
Harry: Eu nunca vi Melanie dormir tão pesado, e acredite, se alguém a conhece, esse alguém sou eu. – Disse, os olhos verdes percorrendo o rosto da esposa – Ela não se remexeu, não resmungou, não suspirou, não se moveu, nada. É anormal. Eu gostaria que ela acordasse logo. – Resumiu.
Liam: Não deve demorar. Ela agora dorme por sono próprio, o tranquilizante pra cavalo não era suficiente pra tanto tempo. – Debochou.
Harry: Ok, você não tem mais o que fazer? Vá atrás da sua mulher. – Aconselhou.
Liam: Na verdade, eu tenho mais o que fazer. E, já que pergunta, Sophia foi embora há 20 minutos. – Disse, tranquilo.
Harry: Não tem outra pessoa a qual infernizar? – Perguntou, os olhos verdes focalizando Liam como duas vespas.
Liam: Sim, mas você é o meu favorito. – Debochou. Harry revirou os olhos. – Como eu disse, eu tenho mais o que fazer, mas preciso lhe devolver algo. – Disse, ainda tranquilo.
Harry o encarou, confuso, mas Liam procurava algo no bolso do jaleco. Ele retirou um pacotinho pequeno, feito de plástico transparente, e estendeu a mão.
Liam: Isso é seu. Estava em seu pulso quando chegou aqui, no dia do acidente. – Harry apanhou o pacotinho, vendo a pulseira de prata repousar tranquilamente ali – Era pra eu ter lhe devolvido no dia em que te dei alta, mas com o escândalo que você aprontou eu terminei esquecendo. Enfim. – Disse, dando de ombros.
Harry: Obrigado. – Disse, simples, e guardou o pacote, ainda lacrado, no bolso da calça que usava.
Liam: Ok, eu vou fazer a ronda pelo hospital. Mais tarde eu volto, e ela já deve ter acordado a essa altura. Se ela acordar, me chame. – Disse, objetivo.
Harry assentiu. Liam saiu, e o silencio voltou a pairar no ar. Ele parou, quieto, os dedos enlaçados ao dela, pensativo. Pensou que a pulseira havia se rompido, que havia perdido ela na explosão do avião, e chegou a lamentar mentalmente por isso. Como diabos uma correntinha mínima de prata sobreviveu a aquilo? Era uma incógnita. Mas como ele próprio sobrevivera também era uma, então ele não se questionou mais. Depois de três horas de silencio absoluto, exceto pela enfermeira que apareceu e retirou o soro da veia de Melanie, os batimentos de dela no monitor começaram a acelerar, lentamente. Harry olhou o monitor; ele havia estado atento aos batimentos dela durante o sono, eram calmos, constantes. Estavam se elevando naturalmente, agora. Nada que alarmasse. Ele olhou o rosto dela, e viu a clareza voltando a seus traços. Poucos segundos depois, se espreguiçando minimamente, os olhos azuis se abriram, olhando o teto. Harry quase chorou.
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P.S.: Eu Te Amo (Livro 2) [H.S]
FanfictionQuando Melanie acreditava que sua cota de sofrimento na vida, um acidente de avião deixa Harry entre a vida e a morte. Melanie se vê obrigada a tomar a decisão mais dolorosa da sua vida para que ele tenha pelo menos a chance de se recuperar. Como se...