Capítulo 1

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Beatrice


O dia poderia ser considerado lindo se não fosse o fato que estou no funeral do meu pai, agora é oficial, eu não tenho ninguém nessa vida, apenas alguns tios e primos, mas não tenho contato com eles, são todos interesseiros e mesquinhos. Meu pai era forte, nunca imaginei que um infarto poderia matá-lo, estou rodeada por pessoas que fingem tristeza, acho que o único que sofre pela morte do meu pai além de mim é o James, motorista e segurança do meu pai, estou considerando mante-lo ao meu lado, afinal de contas, meu pai confiava muito nele. Após algumas horas o enterro acaba, vejo que um primo (não me recordo o nome) vem em minha direção, viro as costas e praticamente corro em direção ao carro, James já está a minha espera, abre a porta do carro para mim e entro no mesmo.

-- Por favor James, vamos, me tire desse lugar, de perto dessas pessoas horríveis. -- ele simplesmente concorda com a cabeça e dá a partida no carro indo em direção a  saída do cemitério.

Fico olhando a rua pela janela, vejo as pessoas que seguem a vida normalmente e sinto inveja delas, eu também gostaria de seguis minha vida normalmente, mas não posso, agora sou herdeira de um império, meu pai era Phillip Montgomery, terceiro homem mais rico do mundo, ele era um homem muito bom, nunca deixou que o dinheiro subisse a cabeça e me criou da mesma forma, sempre ajudou várias instituições de caridade, as quais pretendo manter. O caminho para casa é longo, encosto a cabeça no vidro da janela e adormeço. Não sei quanto tempo se passou, mas acordei com a voz rouca de James, ele balançou meu ombro de leve para que eu acordasse.

-- Senhorita Montgomery, chegamos.

-- Oh James! Me desculpe, acabei dormindo.

-- Não precisa se desculpar. -- ele estende a mão para me ajudar a sai do carro, a qual aceito de bom grado, ao sair, sinto uma forte tontura, sinto os braços de James envolta da minha cintura. -- A senhorita está bem? Sente algo? Quer ir ao hospital?

-- Não, obrigado, foi apenas uma tontura.

-- Qual a última vez que se alimentou?

Fico surpresa com a pergunta e ergo uma sobrancelha.

-- Acho que ontem pela manhã antes de saber o que aconteceu.

-- Pois a senhorita precisa se alimentar, não precisamos de mais um funeral. Venha, vou levá-la até seus aposentos.

Noto a irritação na voz dele, o que me faz erguer ainda mais a sobrancelha, ele me ajuda a entrar em casa, sobe as escadas comigo, abre a porta do meu quarto onde me leva até o lado da cama, ficamos o que me pareceu minutos em silêncio, noto que ele ainda me segura forte pela cintura, acho que ele também percebe, pois me solta.

-- Bom senhorita, o que precisar é só chamar, vou pedir para que Maria traga algo para que se alimente.

Ele fecha a porta do quarto ao sair, sento na cama e sinto uma sensação de vazio muito grande. Mais alguns minutos se passam, decido tomar um banho, levanto e vou até meu closet, escolho um short e uma regata, vou até o banheiro, tiro minha roupa e me olho no espelho, não sou feia, minha pele é um pouco morena, tenho seios um pouco fartos, longos cabelos negros e olhos azuis, ou são verdes? Eles não se decidem, coloco a banheira para encher com água morna, entro na mesma e relaxo o corpo, fecho os olhos, ouço a porta do quarto abrir e fechar, deve ser Maria com algo pra eu comer, ouço a porta abrir e fechar de novo, permaneço o que me pareceu uma hora na banheira, decido sair, me enxugo e ponho minha roupa, prendo os cabelos em um rabo de cavalo alto, vou até o quarto, pego meu celular e vejo que já passa das 21:00, me assusto, como o dia passou tão rápido? Não importa, vejo o que Maria trouxe para eu comer, bebo um pouco do suco de maracujá, nada além disso desce, ponho a bandeja na mesinha, deito na cama, fico um tempo olhando o teto e pensando no dia de hoje, viro pro lado e poucos minutos depois eu adormeço sentindo um grande vazio no peito.

De Repente Eu e VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora