Capítulo 2

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James


Vejo as pessoas que estão presentes no funeral do senhor Montgomery, sei muito bem o que essa gente veio fazer aqui, estão tentando se aproveitar desse momento tão triste na vida da Beatrice, estou o tempo todo observando ela de longe, vejo afastar as pessoas que tentam se aproximar, eu vejo a tristeza e o desespero estampados no rosto dela. Deus, como é linda, esse rosto de boneca que ela tem, parece ser mais nova que os 24 anos que tem, eu queria poder abraçá-la, dizer que estou aqui e que tudo irá se resolver. Afasto esses pensamentos de mim, estou aqui para cuidar da segurança dela, nada mais. Pouco antes do funeral acabar vou até o carro, vejo quando a Beatrice foge de um primo, sorrio disfarçadamente disso,não sei por que, mas achei engraçado, quando ela se aproxima abro a porta para que entre, entro logo em seguida e ouço o que fala, apenas concordo com a cabaça, fico o tempo todo a olhando pelo retrovisor, noto que está distraída. Claro James, ela acabou de perder o pai. Vejo quando dorme, ela até parece um anjo dormindo, ao estacionar em frente a casa, desço para abrir a porta para ela, me aproximo relutante, quando ela acorda me olha meio envergonhada por ter dormido, pede desculpar e eu apenas digo que não precisa se desculpar.

Ela sai do carro e permaneço ao seu lado, quando vejo que ela tá prestes a cair sou mais rápido e a seguro pela cintura, me irrito ao ouvir a resposta que me dá quando pergunto a última vez que comeu, o que ela pensa que está fazendo? Precisa se alimentar, ajudo ela a entrar em casa e a levo pro quarto. Nunca tinha entrado nos aposentos dela, ele é bem grande, uma cama enorme com dossel, tudo é branco, volto minha atenção pra ela, sinto o cheiro do shampoo misturado ao perfume que ela usa, me afasto dela antes que eu faça alguma besteira,


-- Bom senhorita, o que precisar é só chamar, vou pedir para que Maria traga algo para que se alimente.

Saiu do quarto em direção a cozinha, encontro Maria lavando algumas louças, encosto no balcão da cozinha e cruzo os braços.

-- Maria, poderia levar alguma coisa para a senhorita Montgomery comer? Ela não se alimenta desde ontem de manhã.

-- Está bem James, vou fazer e já levo pra ela, como ela tá?

-- Tá na medida do possível, não e fácil perder o pai, ainda mais que ela era muito apegada a ele.

-- Você tem razão, foi tudo tão rápido, ele era forte como um cavalo.

-- Sim, ele era, vou pro meu quarto, se precisar é só me chamar lá.

Saio da cozinha em direção ao meu quarto que fica nos fundos, ao entrar tranco a porta, vou até o armário, pego a chave e abro o mesmo, pego alguns papéis, sento na cama, começo a olhar tudo de novo, essa história tá muito mal contada, não tem nem dois meses que o Phillip fez exames e tava tudo normal, três dias atrás ele me chamou e disse que se algo acontecesse eu deveria investigar, e pediu também que eu protegesse a Beatrice com a minha própria vida, eu prometi, e uma promessa minha nunca é quebrada. Volto a guardar os papéis e trancar o armário, tiro a roupa, vou até o banheiro, fico embaixo do chuveiro pensando em tudo o que aconteceu nesses últimos dias. Termino o banho, enrolo a toalha na cintura, coloco uma cueca box, deito na cama, ponho os braços atrás da cabeça, meus pensamentos voltam para o momento em que segurei a Beatrice antes que ela desmaiasse. Para com esses pensamentos James, você é apenas o motorista, ela jamais olharia para você, é areia demais pro seu caminhãozinho. Por mais que eu tente a Beatrice não sai da minha cabeça, é como se o cheiro dela ainda estivesse em mim, respiro fundo, fecho os olhos pegando no sono facilmente.

De Repente Eu e VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora