5 • Renascendo

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"Aonde estamos?", Harleen pergunta passando a mão sobre sua bochecha que insistia arder levemente, o tapa foi tão doloroso que ela nem sabia porque estava doendo. Coringa a colocou dentro de sua Lamborghini e a levou até Química Ace. Era como um prédio abandonado e Harleen observava tudo, com cuidado.

"Aonde não é mais importante que quando", Coringa diz abrindo os braços rodeando seu olhar para todos os cantos. "É o seu aniversário", completou, entusiasmado.

"Mas o meu aniversário não é..." Harleen diz completamente confusa. O palhaço a interrompeu parando em seu frente a segurando pelos ombros fazendo olhá-lo atentamente.

"Não o aniversário da Harleen Quinzel... O seu aniversário", penetrou os olhos azuis, que estavam assustados. Passou as pontas dos dedos sobre o cabelo loiro. "Esse lugar é especial para mim. Aonde eu nasci. O que aconteceu comigo... Me concertou aqui e pode concertar você também", diz psicodélico e atípico. Harleen engoliu aquelas palavras como elogio e assentiu sem questionar.

Eu sou toda errada, pensou Harleen.

Coringa fez um gesto com a cabeça ao decifrar seus pensamentos com os gestos, e atravessou o corpo de Harleen, a deixando para trás, esperando que o seguisse e assim fez até chegar à uma plataforma, ela se aproximou para olhar. Havia um tanque transbordando algum tipo de líquido viscoso num tom esverdeado, borbulhando, suas narinas sugaram odores fortes fazendo seus olhos lacrimejarem e ao lado da plataforma, que parecia ter mais de cem metros de altura, tinha uma escada de ferro ao lado da plataforma. Ela não fazia a menor ideia o que significava tudo aquilo.

Coringa sorriu ao ver a expressão confusa de Harleen e se aproximou ficando de frente ao seu corpo que se mantinha na diagonal.

"Eu preciso saber mais uma vez, você quer mesmo isso, Dr. Quinzel?", perguntou ele. Seria a última vez que a chamaria assim.

"Sim"

"Tenha cuidado!", se aproximou ainda mais, a obrigando á ficar frente á frente. Segurou o rosto de Harleen com a palma da mão deixando a sua tatuagem com um sorriso perfeitamente na altura da sua boca, como se ela estivesse sorrindo através daquele sorriso medonho. "A vida não é apenas uma piada. É uma grande roda de sentimentos e desejos, que se tornam rendições e depois poder. Depois não diga que não foi algo impensado. Você quer isso?", perguntou pela terceira vez, sendo piedoso, uma única vez em toda a sua vida.

"Eu quero!", admitiu sentindo os dedos gélidos dele passeando pelos seus lábios umedecidos. Ela não estava se importando pelos desejos ou poder que sentirá, ela só queria estar com ele.

"Você é tão boa...", murmurou perto dos seus lábios dando à entender que a beijaria. Harleen deixou a boca entreaberta e fechou os olhos lentamente, o esperando incendiá-la com o seu beijo mas ele não fez, Coringa deu a ela a falsa esperança. Desviou seus lábios e a segurou com as duas mãos nos braços e a empurrou daquela plataforma abaixo, com agressividade. Foi um ato tão simples de acontecer. O corpo de Harleen voou por instante, entre berros e desesperos, até cair no tanque fervente.

Ela gritava por ajuda, sentido sua pele sendo rasgada e sua garganta se queimando, entrando em seu cérebro, com o líquido. Ela sentia seu corpo entrando em óbito mas não desistia em pedir ajuda enquanto o Coringa a olhava paralisado na ponta da plataforma sorrindo abundantemente com a respiração ofegante e adrenalínico, esperando pelo momento certo. Harleen queria muito fazer o que ele queria, o que insinuava, mas nunca imaginou que seria algo assim.

"Socorro!", implorou fazendo sua voz ecoar pelo local. De relance ela viu o palhaço a olhando e o único som que ouvia era ruídos do líquido que a queimava profundamente até perder as forças, até sua respiração começar a falhar junto com suas forças. Ela não entendia o porquê dele não salvá-la.

"De nada, amor. Eu sei, isso dói um pouco mas...", o palhaço diz sardônico ouvindo o desespero de Harleen se transformar num completo silêncio. "...Você está prestando atenção? Olá-a?", olhou para baixo vendo o corpo se afundando no tanque. Ele revira os olhos, não era o momento certo mas ela era tão fraca que não aguentava até o seu discurso terminar primeiro. Rapidamente tirou o seu terno irritadiço e com impulso, jogou o seu corpo em direção ao tanque com os braços abertos.

Assim que sente o líquido tocar sua pele, sem fazer efeito, procura pelo corpo na profundidade. A pegou pelo braço imerso e destruído, como o resto do corpo, trazendo até a superfície. Sua respiração volta num susto junto com a palpitações do seu coração e abre seus olhos inchados desesperadamente, ela estava transformada, a verdadeira Harley nasceu. E era a cópia verdadeira e fiel ao palhaço, a aparência de um completa o outro. Em menos de segundos, sua pele estava destruída, deixando amostra cada parte da sua carne mas agora estava repleta de tatuagens, seu cabelo mais loiro e seu corpo quase nu, apenas com o resto da roupa consumida pelos liquidos químicos. Seus olhos que continuavam mais azuis que nunca encararam o palhaço com um sorriso nos lábios. No fundo sabia que ele iria salvá-la mesmo que se questionou no desespero.

"Eu não en... Isso é real?", Harley se pronuncia pela primeira vez com o pouco de lucidez da sua massa cinzenta que restaurava aos poucos deixando Harleen descansar em um sono profundo e eterno.

"Não!", Coringa responde naturalmente. Segurando o corpo dela com uma mão nas costas e a outra entre suas pernas deixando a cabeça jogada pra trás. Ele admirava a sua nova Harley, é tinha que admitir, ela estava sendo a melhor. "Agora você pode fazer o que quiser, Harley", diz realizado com o sorriso no rosto. É óbvio que era mentira.

"Eu gostei disso, puddin", Harley abre um sorriso deslumbrante, revelando seus dentes com a língua entre eles. Ela o puxa para um beijo feroz e violento, sem se importar com nada em volta, aliás, porque se importaria? Assim que o beijo se encerra, depois de um longo tempo, o palhaço soltou sua magnífica e tenebrosa risada. Comemorando seu triunfo, entre manipulações e encantamentos.

Agora ela se juntou ao circo, deixando de ser a psiquiatra, deixando apenas rastros da sua antiga vida. Uma mãe dura e um pai psicopata que foi preso. Talvez isso fosse um sinal, mostrando como sua vida se tornaria. Por ter sido uma mulher um tanto dedicada e orientada a carreira, a faculdade, a sua vida até encontrá-lo, pensando que podia curá-lo mas isso só estava a deixando cada vez mais apaixonada até chegar ao ponto onde falar sobre um romance no local de trabalho que deu errado mas ninguém podia culpá-la, é natural ser atraída por um homem que poderia fazê-la rir novamente.

Mas agora é tarde, Harley Quinn não sabia mais o que era sentir qualquer sentimento além de obsessão, ao lado do Palhaço do Crime. Isso sim, é o verdadeiro inferno.

•••

Eu misturei tudo mesmo, o filme com a HQ, *risos*, mas espero que tenham gostado. All love. ♥

D A N G E R • j & hOnde histórias criam vida. Descubra agora