Capítulo 6

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Oi pessoas, espero que gostem desse capítulo, a meta é postar dois por semana.
Boa leitura!

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C. O. R. E. Y.

Minha mãe nem sempre foi assim, ela era tranquila e não se preocupava tanto com coisas poucas como essa, mas eu não á culpo, ela só não quer perder mais um filho, esse deve ser o pior pesadelo dela, foi muito difícil para todos nós, e apesar de termos dado a volta por cima e estarmos bem, ainda dói um pouco, nela principalmente, por isso ela é tão superprotetora, é só medo de passar pela mesma dor de novo, perder George foi a pior coisa de nossas vidas, e ela realmente acha que sendo assim vai evitar que qualquer mal aconteça comigo.

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– Oi Corey. – assim que entro na aula de teatro, Judy me cumprimenta, como é a minha primeira aula de teatro não sabia que a encontraria aqui.

– Oi Judy. – digo com um sorriso largo e me sento ao lado dela em uma das poltronas no pequeno auditório da escola.

– Não sabia que iria fazer aula de teatro, não imaginei que gostasse.

– Bom eu nunca fiz teatro, mas sempre achei legal artes assim, então como estava na lista de atividades extracurriculares quis tentar.

– Que bom, vou adorar ter sua companhia. – ela diz sorrindo e o professor entra na sala antes que eu possa responder.

– Boa dia alunos. – ele diz de um modo artístico, todos respondemos em coro – Sou o professor Stefan, sejam muito bem vindos, antes de começarmos gostaria de dizer umas palavras. – ele faz uma curta pausa dramática e nos encara – A arte que irão aprender aqui é muito grandiosa, não irão só aprender a interpretar, irão aprender a vivenciar um personagem, a sentir na pele as emoções que ele sente, irão aprender a se doar aos personagens e a compreende-los de uma forma única, irão ser os personagens, irão emocionar e se emocionaram, quero alunos dedicados a arte, por isso peço que colaborem e que se dediquem, afinal, talvez vocês não tenham escolhido a arte, talvez a arte tenha escolhido vocês.

Após ele ter falado todas essas coisas uma salva de palmas ecoou pelo auditório, e então ele agradeceu de maneira artística e retomou a aula, falando sobre Shakespeare, os clássicos e dizendo que nossa primeira tarefa seria formar duplas e ensaiar para uma pequena amostra de Romeu e Julieta para a próxima semana. Judy ficou eufórica e me pediu para ser a dupla dela, eu aceitei é claro, combinamos de ir na casa dela segunda após a aula.

Quando acabou a aula de teatro já estava na hora do intervalo, era sexta feira e nossa escola não teria nenhuma aula esse sábado, afinal amanhã seria o jogo super importante de basquete, coisa que estava deixando os meninos do time em uma mistura de animação e tensão, eles queriam ganhar mais que tudo e isso seria uma tarefa difícil, segundo Shay.

– Oi – digo assim que vejo Lua guardando seu material no armário –, como está?

– Oi – ela diz com um pequeno sorriso – estou bem, obrigada.

– Vai no jogo amanhã, não é?

– Eu ainda não decidi.

– Vamos, vai ser legal.

– Não sei, sempre que alguém fala essa frase alguma coisa desastrosa acontece – não consigo conter o riso e ela também não.

– Prometo que caso aconteça algo desastroso te ajudarei.

– De verdade? – ela pergunta arqueando uma sobrancelha de brincadeira.

– De verdade. – digo esticando o mindinho pra ela, que o aperta com o próprio mindinho, parece infantil isso, mas eu não ligo.

– Então já que você prometeu, eu vou.

– Eu sabia que iria – digo tentando esconder minha total euforia – e a festa?

– A festa é outra história. Detesto festas, então a resposta é não.

– Ah, por que?

– Porque não.

– Bom, pelo menos você vai ao jogo – digo dando de ombros, quero a companhia dela, não sei ao certo porquê, só sei que seríamos ótimos amigos, ela só precisa colaborar –, mas assim, você passa o intervalo sozinha?

– Sim, por que?

– Onde você fica?

– Debaixo de uma árvore lá fora, é um lugar tranquilo.

– Ótimo, vou com você. – ela sorri e em minutos estamos sentados em uma árvore na frente da escola conversando sobre livros, filmes e a reação dos nossos pais quando chegamos em casa, ela disse que foi como se a mãe dela não tivesse notado, mas que depois disse que tinha achado estranho a filha que nunca sai, ter voltado tarde, no final ela nem precisou se explicar, a mãe não ligou. Já eu contei da maneira mais engraçada, que minha mãe quase ficou louca, ela riu e depois quis saber por quê minha mãe é tão superprotetora.

Sei que dói falar sobre isso, mas era inevitável falar pra ela, sempre que eu perguntava sobre a vida dela – principalmente ontem durante o trabalho – era como se uma barreira gigante se formasse entre a gente, ela desviava ou mudava de assunto, minha curiosidade estava me matando, mesmo que ela fosse uma menina normal com uma vida normal e nada de interessante, queria que ela me contasse mais sobre ela, e pra isso precisava que ela confiasse em mim.

– Era um dia normal sabe, ele estava me ensinando a jogar basquete, eu tinha nove anos e ele dezesseis, sempre fomos inseparáveis, mesmo com a diferença de idade, ele era um espelho pra mim, era legal com todo mundo... Enfim, a gente resolveu comprar sorvete em uma sorveteria perto de casa, quando a gente estava atravessando a rua... – fiz uma pausa e engoli em seco com a voz já embargada – um carro desgovernado nos atropelou, eu fiquei em coma durante uns dias, quando eu acordei ele estava morto, desde então minha mãe morre de medo de que algo aconteça comigo também, sempre tá tentando me proteger das coisas.

– Eu... eu sinto muito, mesmo, não sabia que tudo isso tinha acontecido, não deveria ter perguntado. – eu não havia percebido, mas os olhos dela estão marejados, assim como os meus, pelo menos agora eu sei que ela não é tão insensível.

– Não, não sinta, já faz tempo e as vezes é bom conversar com alguém sobre os assuntos ruins, eu sinto muito a falta dele. – digo tentando evitar que alguma lágrima caia.

– De qualquer jeito – ela diz pegando em minha mão, e um fio de eletricidade percorre o meu corpo. – eu sei como é difícil perder alguém que a gente ama tanto, a dor é eterna, não passa com o tempo, até diminui um pouco, mas continua lá; e falar sobre a nossa perda é complicado, eu te entendo. – posso ver a dor em seus olhos, não pela história que eu contei, mas por algo na vida dela, algo que eu gostaria de saber.

– Você já passou por isso? Digo, perder alguém tão próximo? – ela solta minha mão e posso sentir seu desconforto.

– Quase todo mundo já perdeu alguém, mas eu não gosto de falar sobre isso – ela diz levantando e me estendendo a mão –, agora vamos, não quero chegar atrasada pra outra aula de novo.

– Vamos – digo me levantando também e tentando disfarçar a decepção por ela não conversar comigo sobre isso – você não quer mesmo falar sobre isso? As vezes ajuda dividir os sentimentos com alguém.

– Corey, desculpa, mas eu não gosto nem um pouco de falar sobre esse assunto. – ela diz rispidamente.

– Desculpa, eu não...

– Tudo bem – ela diz me cortando – eu vou pra sala agora.

Ela praticamente corre pra dentro do colégio e eu me sinto péssimo na mesma hora, eu sempre fui curioso, só não sabia que isso faria mal para os outros.
          

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P.S. 2 da pessoinha que revisou: continuem dando amor para essa coisinha linda S2.

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