Professores

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Eu ouvi os passos dela se afastando. Senti vontade de dar meia volta e falar para ela que foi uma brincadeira, mas era tarde demais. Resolvi me empenhar e procurar a classe de poções.

Depois de um tempo procurando sem sucesso, resolvi perguntar a uma garota da Grifinória que vinha correndo pelo corredor. Encostei no braço dela.

-Ei, você... Sabe onde é a sala de poções? - perguntei, tímido, com a voz baixa.

-Sala? - perguntou ironicamente e riu - A aula é nas masmorras! - disse, em tom sombrio, e depois riu. -Vem, a gente já deve estar atrasado. - ela puxou minha mão para que eu a acompanhasse correndo até uma escadaria, que dava direto nas masmorras.

Os alunos estavam conversando animadamente pondo seus caldeirões sobre as mesas em dupla. Vários ingredientes decoravam as prateleiras de um modo sombrio.

-Ei, quer fazer dupla comigo? - perguntou a garota -Margareth já tem dupla...- resmungou.

-Hum... Tudo bem. - disse, e então abri um sorriso que deixaria Rose orgulhosa por ter sido tão simpático. A garota sorriu de volta e nós fomos sentar em uma mesa no fundo da classe. Quando nos acomodamos, um corvo invadiu a sala como um borrão negro, voando até mesa do professor, o que fez os alunos paralisarem, o olhar fixo no animal.

Um aluno da Grifinória tomou coragem e resolveu se aproximar da ave. Ele saltou para trás assustado quando o pássaro se transformou em uma mulher que não parecia ter mais de vinte anos, de cabelos repicados castanho avermelhados e de expressão solene, sentada elegantemente sobre a mesa.

-Boa tarde, alunos. - disse ela com um sorriso sínico. Apesar de bonita, usava maquiagem escura e pesada. Seus pulsos eram cobertos de pulseiras de couro cheias de espinhos metálicos. Um piercing prateado pendia de sua narina esquerda, o que estranhamente caía muito bem nela, ressaltando seus enormes olhos verdes. Um murmúrio de "boa tarde" encheu o ar quando os alunos saíram do estado de choque. -Eu sou a professora Winifreda Campbell.

-Winifreda? - estranhei. A garota sentada ao meu lado riu baixinho. O que eu não esperava era que a professora ouvisse.

-É gaulês. Nasci na Ilha de Gales. - explicou, sem se importar com a grosseria. -Mas podem me chamar de Winnie, se quiserem.

A professora ensinou sobre as propriedades mágicas do benzoar, que pode ser usado para a cura de qualquer veneno. No final da aula, esperei que todos saíssem para conversar com ela, a curiosidade vencendo a batalha contra a timidez.

-A senhora é uma animaga? - perguntei, indo direto ao ponto.

-Não é óbvio? - ironizou - e, por Merlin, não me chame de senhora, não sou tão velha assim.

-Meu avô era animago. - comentei

-Eu não ligo. - disse ela simplesmente. Se fosse Tiago em meu lugar, ele faria questão de mencionar que ela deveria ser mais respeitosa com "o pai do Harry Potter".

-Você... - calculei minhas palavras para não dizer algo irrelevante novamente. -Gosta muito de corvos? - perguntei.

-Para falar a verdade, não muito. O plano era eu conseguir me transformar em raposa, mas não deu muito certo... - explicou. Não sabia como esse negócio de animago funcionava ou se seria muito indiscreto perguntar por que ela não conseguiu se transformar em raposa, então deixei quieto.

-Obrigado por responder minhas perguntas, eu acho... Hum... Tchau. - disse, com a timidez voltando.

-O garotinho não tem nome, não? - perguntou quando eu estava prestes a sair.

-Hum... Alvo. Alvo Severo Potter. - disse, antes de começar a subir as escadas, correndo. Escutei um "tchauzinho" vindo das masmorras atrás de mim.

Encontrei Rose na saída das masmorras. Juntos, fomos para a última aula do dia, Defesa Contra as Artes das Trevas. Nós conversávamos animadamente, afinal de contas, essa era uma das aulas mais esperadas por todos os alunos do primeiro ano. Infelizmente, dividiríamos a sala com a Sonserina, o que significava encarar Emily novamente. Senti meu estômago revirar.

Achei que nós tínhamos sido os primeiros a chegar. Então, entrei na sala, arregalando os olhos quando percebi que não estávamos sozinhos. Um rapaz de cabelos azuis turquesa que, assim como Srta. Winnie, parecia muito novo para ser professor, estava num canto, abraçado com uma menina loira que não reconheci de primeira, já que não conseguia ver seu rosto. Eles, que até então soltavam risadinhas, se calaram ao olhar para mim. Os dois coraram, surpresos. Quando a menina correu até a porta, eu pude ver que se tratava de minha prima, Victorie. Nunca tínhamos sido muito próximos por ela ser bem mais velha do que eu, mas a beleza herdada de suas descendentes veelas era evidente.

-Tchau, Teddy. - disse ela, antes de sair da sala. Rose parecia indignada.

-Aquela era a Victorie? Quer dizer, a nossa Victorie?- perguntou -Ela não é muito nova pra você? - indagou, encarando o professor.

-São só dois ou três anos de diferença e... - ele tentou se explicar -Pera aí, desde quando eu devo satisfações a você?- perguntou. Quando escutei sua voz, reconheci quem era e senti o cartão colecionável que encontrei na embalagem do sapo de chocolate no trem pesar no bolso de minhas vestes. Durante a maior parte de minha vida, Teddy morou com a minha família. Certa vez, me explicaram que ele não era um Potter de verdade, mas sim afilhado de meu pai. Seus pais biológicos haviam falecido durante a batalha de Hogwarts, porém eu o via como um irmão bem mais velho. A pouco tempo, quando ele acabou seu curso em Hogwarts, resolveu que viria concorrer a vaga de professor de Defesa Contra as Arte das Trevas, apesar de ser bem novo para o cargo. Não o tinha reconhecido de primeira porque ele estava um pouco diferente. Seu cabelo, que antes era bagunçado e liso, estava cortado rente a cabeça, ficando mais longo no topo, formando ondas cacheadas, mas mantendo o tom azulado de sempre.

-Teddy! -Corri até ele para abraça-lo, mas fui interceptado e ele me imobilizou para bagunçar meus cabelos, como se eles já não fossem arrepiados o suficiente.

-Maninho! - exclamou -Nem te reconheci! Olha só como já está enorme! E aquela moça ali é a Rose? Tem certeza? - brincou, fazendo um gesto com a mão para que minha prima se aproximasse -Eu estava morrendo de saudades de vocês! - riu.

-Quer dizer que não aguenta mais enfrentar o Tiago sozinho, não é? - resmungou Rose. Teddy não gostava de demonstrar favoritismo, então apenas riu, como se fosse uma piada.

-Você devia voltar pra casa de vez em quando, Teddy! - aconselhei -Quer dizer, eu não acho que você tem maturidade o suficiente para morar sozinho. - disse em tom de brincadeira. Recebi um tapinha na cabeça.

-Quem é o adulto aqui? - perguntou, rindo.

-Biologicamente falando, você não é adulto. - argumentou Rose.

-Legalmente falando, sou maior de idade. - disse Teddy, orgulhoso -E além do mais, fiz dezenove ano passado, então sim, eu sou um adulto. - ele me largou para fazer uma dancinha da vitória

-Maturidade em pessoa - ironizou Rose, rindo -Por favor, pare de passar vergonha.

-Vergonha é o meu nome do meio - disse ele - Teddy Vergonha Tonks Lupin Potter! - recitou, orgulhoso. Sorri ao perceber que ele adicionara o "Potter" no final do nome. -Bem... Agora, com licença, eu tenho uma aula a dar. Seus colegas estão chegando. - ele andou em direção a frente da classe e se apoiou sobre a mesa, observando os alunos se acomodarem. Eu e Rose escolhemos uma carteira na frente da sala e nos sentamos para assistir a aula.

Teddy era realmente bom para um professor tão inexperiente. Ele nos ensinou o principal feitiço de proteção, o Protego , e em que situação utiliza-lo. Infelizmente, não consegui prestar muita atenção à aula em si. Na maior parte do tempo, eu fiquei encarando Emily e me perguntando o que eu tinha feito.



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