Família

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P.O.V. Alvo

Eu estava feliz. Adorava o natal. Adorava a neve. Adorava os presentes. Adorava ficar com a família. Era tudo incrível.

No dia de ir para casa, eu e Rose ficamos num vagão junto com Matt e Ally. Todos estávamos ansiosos para as celebrações.

-Eu nem acredito que vou ganhar uma coruja!- Disse a menina, ajeitando os óculos, alegre.

-Qual vai ser o nome dela?- Perguntou minha prima, sorrindo.

-Espadachim.

-Bem... Original.- Zombou Matt, rindo ao receber uma cotovelada da amiga.

-Cala a boca.

-Eles não fariam um belo casal? Pena que a Ally gosta do Steven.- Sussurou Rose em meu ouvido, rindo.

-ROSE GRANGER WEASLEY.- Gritou a amiga, chocada. -Eu falei pra não contar pra ninguém!- Disse, dando um chutinho no joelho dela, que ria. Incrívelmente, ela conseguiu ficar corada, mesmo com a pele morena.

-Ora, como se fosse algum segredo.- Rebateu, dando de ombros. Realmente, eu sempre percebia como ela ficava olhando para o lufino nas aulas de herbologia. Devia ser por isso que era quase tão ruim na matéria quanto Jojo. Acariciei Sr. Bolinho, que estava no meu colo, disfarçando a vontade de rir.

-Ally e Steven, sentados numa árvore, se bei-jan-do!- Cantarolou Matt, recebendo outra cotovelada.

Chegamos à estação King's Cross. Me despedi dos amigos antes de Rose segurar minha mão, correndo para descer do trem. Tio Rony estava num canto com a esposa, que espichava o pescoço para ver por cima da multidão. Minha prima disparou até lá, abraçando os dois. Seu pai a ergueu no ar, arrancando risadas da filha.  Caminhei até eles, sendo apertado pela Tia Hermione.

-Alvo! Está tão crescido!- Comentou, me olhando de cima a baixo, mesmo sabendo que eu não estava nem um pouco mais alto. O marido me puxou pelo pescoço, me dando um cascudo amigável. Sr. Bolinho se aproximava, preguiçosamente. Logo depois, Victorie apareceu, animada. Esperamos até que Tiago chegasse. Ele tinha uma marca de batom no rosto.

Então nós fomos até uma das lareiras. Observei enquanto o Tio Rony jogava pó de flú nas cinzas, criando uma chama verde e crepitante.

-Quem vai primeiro?- Perguntou, sorrindo para nós.

-Eu posso ir.- Murmurei, dando de ombros. Peguei meu gato no colo e coloquei o pé no fogo, entrando lentamente. -A Toca.- Falei, tentando não engolir a fuligem.

Quando abri os olhos, estava numa lareira completamente diferente. Fitei a sala convidativa, repleta de membros de minha família, que soltou um brado de alegria ao me ver. Lily saiu da multidão, pulando em cima de mim, espantando o Sr. Bolinho, que escapuliu para algum canto escuro.

-Oi, Alvo!- Cumprimentou, com um sorriso enorme.

-Oi, Lily. Você sabe que tem oito anos, né? Você é pesada.- Resmunguei, rindo, enquanto a largava no chão.

Corri até o meu pai, que estava ajoelhado no centro da sala.

-E aí, filho?- Falou, me envolvendo num abraço apertado. Ele estava sem seus óculos, que provavelmente estava nas mãos de alguma criança, já que aparentemente o passatempo da família era deixar meu pai cego por um tempinho.

-Tudo ótimo.- Respondi, ouvindo mais alguém chegar. Virei a cabeça a tempo de ver Rose saindo das chamas, cuspindo cinzas. 

Conversei com cada membro de minha enorme família. Tio Jorge equilibrava os óculos de meu pai na ponta do nariz enquanto carregava o pequeno Fred nos ombros, dando a mão para Roxane, que era um pouco mais velha que Lily.
-Isso tem dono. - disse a ele, apontando para os óculos.
-Eu sei. Ele está procurando essa coisa já faz uma hora. - riu. Seus filhos o acompanharam, rindo também.

Tio Gui e tia Fleur aguardavam Victorie próximos ao seu irmão Louis, que deveria ter uns três anos. Tio Carlinhos tinha uma nova cicatriz no braço e estava sentado num canto afastado, conversando com o tio Percy e sua família.

Tiago e Victorie chegaram logo depois, junto com os tios Rony e Hermione. Rose já abraçava Hugo por trás, apoiando o queixo em sua cabeça, enquanto ele tentava escapar da demonstração de afeição. Então, ouvimos um estalido, seguido de um barulho de trompete vindo do quintal. Quando fomos até lá, encontramos a mamãe e a tia Angelina, que provavelmente haviam acabado de aparatar ali, vindas de um jogo de quadribol. Elas começaram a fazer uma constrangedora dancinha da vitória, o que significada que haviam ganhado a partida.

Comecei a andar até lá. Assim, repentinamente, minha mãe correu em minha direção, me derrubando na neve num abraço dramático, com cuidado para não me machucar, debaixo de todo aquele equipamento.

-Meu filhinho finalmente veio me visitar, depois de tanto tempo!- Falou, beijando meu rosto.

-Mãe, foram só quatro meses.- Resmunguei, rindo. Senti Lily se juntando ao abraço, seguida pelo papai.

-Tiago Sirius Potter Weasley, estamos tendo um abraço em família aqui.- Chamou minha mãe, rígida.

-Eu dispenso.- Recusou meu irmão, com um sorriso cínico.

-Eu não estou pedindo.- Ameaçou, o puxando para perto. Então ficamos lá por alguns segundos, apenas em silêncio.

Quando consegui me desvencilhar, cumprimentei tia Angelina, que já estava junto à seu marido e seus filhos. Vi minha mãe envolvendo Rose em outro abraço de urso, em seguida atacando Victorie.

Então o vovô e a vovó apareceram, cumprimentando os netos recém-chegados. Estava ficando frio lá fora, então entramos na Toca para conversar.

-Jorge Weasley, devolva já os óculos de Harry! - repreendeu vovô, desencadeando uma perseguição pela casa. Meu tio desviava dos móveis com agilidade, ao contrário de papai, que esbarrava em tudo e todos, sem enxergar direito onde estava indo.

-Como vai a Copa das Casas, Alvo? Ganhou muitos pontos?- Perguntou minha mãe, competitiva.

-Copa das Casas?- Repeti, confuso.

-A diretora McGonnagall tirou a Copa das Casas no primeiro ano. Ela disse que incentivava a competitividade entre as casas, o que gerava intrigas desnecessárias.- Explicou Rose. -Você não prestou atenção no discurso do primeiro dia?

-Ah, eu não acredito!- Bradou tio Rony, abismado. -Tiraram a melhor parte da escola!

-Ora Ronald, que ótimo exemplo para as crianças.- Ironizou tio Percy.

-Você ficou muito mais chato quando começou a me chamar desse jeito.- Rebateu, revirando os olhos.

-Meninos, parem com isso. Nem parecem que já são homens crescidos.- Ralhou a vovó, impaciente. Então iniciou-se uma grande discução sobre a tal Copa das Casas.

Na manhã de natal, acordei antes de todos. Tiago babava, falando coisas sem sentido.

-Jessica... Volte aqui... Não é minha culpa... Jess?- Balbuciou, meio rouco do jogo de quadribol em família do dia anterior.

Lily roncava alto, abraçada com o Sr. Bolinho. No mesmo quarto que nós, Rose estava deitada de bruços, o rosto enfiado no travesseiro e os cabelos ruivos mais rebeldes do que nunca. Sobre ela, estava Hugo, que descera do seu beliche para dormir com a irmã. O que era estranho, já que ele não era muito fã de contato físico.

No pé de todas as camas, uma pequena pilha de presentes. Sorri para o suéter verde grande demais, com um enorme A amarelo bordado. Então o vesti, sentindo o doce espírito natalino. Aquilo era bom. E pinicava um pouco.


Mais um PotterOnde histórias criam vida. Descubra agora