Expresso de Hogwarts

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        -Tchau, mãe! Tchau, pai! Tchau Lily! Amo vocês!- Gritei pela janela de meu vagão no Expresso de Hogwarts, ao lado de minha prima Rose, que tambáem gritava.

        -Tchau, pai! Tchau, mãe! Tchau Hugo!- Ela estava debruçada sobre a janela, acenando animadamente para os pais e o irmão. Quando ela não pôde mais vê-los, sentou-se novamente, de frente para mim. Sorriu.

       -Está tão ansioso quanto eu, Severo?

       -Já pedi para que não me chame assim.- Reclamei, irritado., ignorando a pergunta. Não queria admitir o quanto estava nervoso. E se eu fosse para a Sonserina? O que meus pais iriam dizer? O que Tiago iria dizer?

        -Não me lembro. Enfim, você não me respond...- Foi interrompida por duas tímidas batidas à porta. Um garoto de cabelos loiros quase brancos e olhos azuis enfiou a cabeça no vagão.
        -Posso ficar aqui? Todos os vagões estão lotados- disse ele, em voz baixa. Ele parecia um pouco nervoso. Olhei para Rose, esperando que ela tomasse a atitude. A prima sempre foi melhor do que eu em fazer amigos. Mas ela parecia sem ação, com um leve rubor estampado em seu rosto.
        -Hum... Claro. Pode entrar.- disse ela, mesmo sabendo que os outros vagões não estavam tão cheios assim.
        -Meu nome é Rose Weasley.- ela sorriu um pouco. Mais cedo, ela me explicou que esta era minha deixa para falar o meu nome.
        -Alvo Severo Potter- Falei, tentando soar mais simpático, e menos antissocial.
        -Meu nome é Scorpius.-disse o garoto, que se sentou ao lado de Rose, que se afastou um pouco, na direção da janela. Estranhei, pois ela nunca tinha se comportado assim. Ele também me incomodou o fato de que o garoto não tinha dito o sobrenome, mas deixei para lá.
Um silêncio desconfortável pairou no vagão. Ajeitei meus óculos, herdados graças aos problemas visuais do meu pai. Scorpius abaixou levemente a cabeça, fazendo com que sua franja caísse sobre seus olhos.
        -Bem... Estão animados?-perguntou Rose, pela terceira vez.
        -Ah... Claro!- falei, tentando não soar irônico. Scorpius permaneceu calado por um bom tempo, antes de responder.
        -Sei lá.-ele disse, dando de ombros.
        -Eu estou muito ansiosa! Minha mãe até me ensinou alguns feitiços!-falou Rose, sacando sua varinha, a qual prendia um coque frouxo em seus cabelos cheios, agora esparramados sobre seus ombros. Sua varinha era fina, de uma madeira escura, entalhada com traços em zigue-zague. Ela pensou por um momento em que feitiço mostrar. Ela respirou fundo para se concentrar, mas foi interrompida pelo badalar de um sininho.
        -Querem algo do carrinho, queridos?-disse a mulher toda sorriso e covinhas parada do lado de fora do vagão, com um carrinho entupido de guloseimas.

        Comecei a revirar meus bolsos avidamente. Fazia tempo que eu esperava o momento de comer os famosos doces do Expresso de Hogwarts. Algumas semanas atrás, no Beco Diagonal, meus pais me estenderam 5 sicles de prata, dizendo que eu poderia gastar no trem. Logo depois, eles voltaram a andar e eu os segui, sorrindo abertamente para as moedas. Então, minha mãe diminuiu o passo, deixando que eu a alcançasse.

        -Não conte para o seu pai.-sussurrou ela, me estendendo mais 10 sicles. Olhei para ela, deslumbrado com a quantidade de dinheiro. A envolvi num abraço rápido, cheio de gratidão. Certa vez, ela me contara como era doloroso ver as outras crianças comprando doces com o próprio dinheiro, enquanto você não poderia nem se dar ao luxo de comprar um lanche no trem. 

        Agora, eu estava com 15 sicles em mãos, me levantando para olhar as gostosuras do carrinho. Meus doces favoritos sempre foram os sapos de chocolate. Cada um vinha com um cartão colecionável de um bruxo famoso. Comprei um sapo para cada um, além de algumas tortinhas de abóbora para mim, pois eu estava morrendo de fome.

        -Ah, obrigado. Não precisava.- Agradeceu Scorpius, que hesitou um pouco antes de pegar o doce. Rose também agradeceu e abriu a embalagem.

       -Mamãe nunca compra esses para mim. - afirmou, pegando o cartão colecionável, onde uma bruxa loira de olhos prateados e sobrancelhas arqueadas sorria e acenava, com seus brincos feitos de algo que pareciam beterrabas -Luna Lovegood, ou Luna Scarmander, com participação importante na Batalha de Hogwarts, hoje grande pesquisadora de criaturas mágicas. - ela leu.

      -Você não vai comer o seu, Scorpius? - perguntei, quando percebi que deixara o chocolate de lado enquanto olhava o cartão.

     -Eu não consigo comer o sapo de chocolate. Eu tenho impressão que ele tem sentimentos ou algo assim... Não que isso seja verdade, é claro. Eu sei que é só... magia.- Se explicou, corando. Então ele virou o cartão -Droga! Potter de novo...- Resmungou ele, mostrando a foto, que mostrava meu pai, que mostrava um sorriso cansado. Parecia ter uns 19 anos na época.

        Então eu abri a caixinha azul em minhas mãos. O sapo de chocolate pulou no vidro da janela, mostrando a imagem do cartão. Ali estava uma sorridente mulher com um cabelo curto rosa chiclete, que mudava de tom, passando para o roxo e depois, azul. O seu nariz também mudava de tamanho, assim como suas orelhas. Ri, virando o cartão para ler sobre ela. Li seu nome em voz alta, com certo estranhamento -Ninphadora Tonks - apesar de esquisito, ele me parecia familiar. Talvez citado certa vez por meu pai. 

        -Olha, estamos chegando- Falou Scorpius, interrompendo meus pensamentos. Ele olhava para a janela.

        -Então temos que nos trocar.- Completou Rose, se levantando e procurando suas vestes no malão. -Vou procurar um vagão.- Falou ela, saindo porta afora. Eu e Scorpius nos entreolhamos. Hogwarts estava mais perto do que nunca.

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