A descoberta

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Naquela mesma noite Diamante estava se preparando pra servir o jantar, fazia alguns dias que Dona Tereza estava fazendo ela trabalhar mais. Ela estava agora ajudando a fazer os serviços da casa e cozinhando, Diamante gostava disso, gostava de se sentir útil, só não gostava quando Dona Tereza lhe pedia pra fazer as coisas de um jeito grosso e logo depois mudava o tom de voz, como se estivesse fingindo.
Diamante tinha acabado de colocar a mesa e estava indo a sala chamar todos para jantar, ela estava andando silenciosamente quando escutou a conversa e alguma coisa a fez parar e escutar mais atentamente, era Fabiano que falava
__E já no outro dia ela estava me pergunto sobre o imbecil do Pedro, acho que ele falou alguma coisa pra ela.
Dona Tereza se sobressaltou e disse, com um voz que Diamante achou não ser possível vir dela.
__Como assim? O que diabos aquele infeliz disse a ela?
__Eu não sei, não perguntei, disse a ela que ele era louco, que era um forasteiro.
Disse Fabiano. Dona Tereza se levantou de um salto e deu um tapa na cabeça de Fabiano
__Menino burro, não sabe nem perguntar direito as coisas. Se eles continuam se falando e ela descobre o que estamos fazendo. Você deveria ser gentil com ela seu asno.
__Ahh mamãe estou cansado de ser gentil com essa garota, ela é tão chata e entediante, se deslumbra com tudo.
Disse Fabiano, revirando os olhos e deixando a cabeça pender para trás.
__Chata e entediante será nossa vida quando colocar vocês para fazerem os serviços de casa, por acaso vocês tem dinheiro para pagar uma empregada, uma forasteira que não tenha mais ninguém na vida, igual essa coitada que você encontrou? Ela é nossa chance, pra onde ela vai se não ficar conosco?
__Oraaa, deixe que ela fuja, assim se tornará de fato uma forasteira e ninguém mais vai querer abrigá-la, então voltará aqui e ficará conosco de uma forma ou de outra.
Disse, por fim, Seu Dirceu, quase gritando.
Diamante sentiu seu coração diminuir atrás da porta, sentiu uma dor terrível, ela tinha que sair dali, tinha que voltar pra casa antes que eles aprisionassem ela ali e não a deixassem sair mais. Ela virou-se e começou a andar devagar em direção a janela da cozinha, pulou a janela e começou a andar, não sabia onde estava, a noite tudo era diferente nunca tinha saído por trás daquela casa, só conhecia a parte da frente, começou a andar e andar sem rumo, sua mente era um turbilhão de sentimentos, e se não conseguisse achar sua casa de novo? Ela não tinha prestado atenção no caminho que tinha trilhado, estava entusiasmada demais pra poder prestar atenção (um grande erro que ela, e nós também, cometemos muitas vezes).
Ela continuou andando, andando sem rumo. Era noite, onde ela dormiria? Era perigoso estar só ali, mas ela continuou, continuou ate sentir seus pés doerem, até sua visão ficar embaçada pelas lagrimas, pela dor que sentia. Eles queriam uma empregada, uma prisioneira, alguém em quem mandar, só isso, ela não teria a liberdade que um dia achou possível ter do lado de fora, e agora ela não fazia a menor ideia da onde ir.
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Já era quase madrugada, Noite sabia que não era seguro estar lá fora, mas isso não importava. Ela estava vestida com um macacão e uma blusa larga por dentro, com uma bolsa nas costas. Todos que a vissem saberiam que não era a primeira vez que ela havia saído, ela não estava com suas melhores roupas mas sim com roupas de forasteira. Ela continuou andando, não sabia bem pra onde, não sabia que rumo Diamante tinha seguido, mas ainda assim continuou.
Algum tempo depois Noite parou de andar e se encostou em uma árvore, estava cansada e desanimada, nem sinal de Diamante.
__Procurando alguém, a essas horas por aqui moça?
Noite se sobressaltou, aquela voz era conhecida, levantou-se de um pulo e deu de cara com um rosto bem conhecido, ainda que a barba e os cabelos estivessem maiores, era ele, o maldito fantasma. O coração de Noite logo acordou e começou a bater desgovernado, seu estomago virou casulo e suas mãos começaram a suar. Ela se xingou mentalmente por ainda sentir tudo isso apenas com a visão daquele ser, obrigou sua mente a se lembrar de toda a dor que ele lhe causará e assim acalmar seu coração e se lembrar de comer pra matar as borboletas do estomago.
Noite reuniu toda a força que tinha e respondeu
__Sim, mas com certeza esse alguém não é você
Noite pegou sua bolsa e voltou a andar sem olhar pra trás, mas ele continuava lhe seguindo. Noite virou-se e lhe encarou por um segundo, ele correspondeu ao seu olhar e abriu um sorriso tímido. O coração e a respiração de Noite logo deram um olá. Maldito seja !!!
__Vai ficar me seguindo?
__Vou.
Ele disse e deu de ombros, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Noite abaixou-se de um salto, pegou um galho e jogou de uma vez nele. Ele se esquivou rapidamente.
__Nossa, você mudou em? Está brava
Ele disse, quase sorrindo.
Noite fulminou ele com os olhos. Desgraçado !!
__Você não tem vergonha de fazer isso? Será possível que todas as vezes que eu sair vou encontrar você pra desgraçar minha vida?
Pedro se retraiu com a ultima frase que ela disse, seu rosto divertido logo se fechou e ele olhou pra Noite com tal intensidade que fez suas pernas tremerem.

Maldição, depois de tanto tempo seus olhos negros ainda brilhavam como as estrelas!!

E Noite se sentia totalmente perdida naquelas estrelas

Noite&DiamanteOnde histórias criam vida. Descubra agora