Questionamentos

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Quando o homem virou-se, Diamante se perguntou se teria feito a coisa certa, o rosto do homem a assustou, ele não era feio sua expressão era, seus olhos transmitiam dor e uma dose de... Culpa?
__Ora, o que temos aqui, também está sendo enganada moça?
O tom da voz do homem conseguiu congelar todo o corpo de Diamante, ela ficou ainda mais assustada. Por reflexo ela deu um passo para trás, o homem a encarou com a tristeza de seus olhos se transformando em frieza e raiva. Mas raiva de quem? Dela?  Diamante se assustou ainda mais, será que aquele homem lhe faria mal?
__Vamos moça, me responda? Ele estava se aproximando, tentando intimidá-la. __Ah que pena, não sabe o que dizer? Pois bem então, vejamos, eles foram gentis com você?  Trataram-lhe bem? Disseram que fariam tudo por você e lhe deram permissão de estar aqui?  E você como uma boba que é acreditou. Vamos ver até quando vai isso, certo?
Enquanto falava o homem foi se aproximando ainda mais de Diamante, e então de um salto agarrou o braço dela, Diamante tentou gritar, mas no mesmo instante ficou paralisada com a raiva que viu aumento nos olhos tristes que a encaravam. A mão dele foi de encontro a corrente que pendia de seu braço.
__Então está explicado, é a primeira vez que sai.
__Quem é v-você ?
Diamante conseguiu dizer com o fiapo de voz que lhe restava.
__Não precisa se assustar tanto, não vou machucá-la
O estranho falou, como se lesse o pensamento dela. E logo depois soltou a corrente e virou-se para continuar o que estava fazendo.
__Se quiser ficar, fique, só não acho que minha conversa lhe atrairá tanto quanto a de meus familiares. Não tenho talento para bajulações como eles.
O homem falou, dando uma risadinha irônica. Diamante recobrou os sentidos que por um momento havia perdido, então (mas tarde, ela não entendeu  bem por que ) puxou um cadeira da mesa e sentou-se.
Eles ficaram em silêncio por um longo momento, o homem concentrado no que estava fazendo,derrubando coisas e fazendo barulho junto, um barulho que  Diamante mal ouvia, em sua mente ecoava todas as palavras que aquele estranho lhe disse a pouco, e a voz de Noite como um sussurro bem no fundo de sua mente.
__Se são sua família, por que falou assim deles?
Diamante ouviu uma voz bem parecida com a dela perguntando isso ao estranho.
__Disse que são minha família, não que são confiáveis.
O estranho virou-se e olhou para Diamante, vendo uma grande interrogação em seu rosto.
Ela não entendia, só tinha Noite como família e nunca lhe passara pela cabeça desconfiar dela, seja lá em que sentido fosse.
__Quantos anos você tem? O homem perguntou
__Quase dois. (Por que o número de anos era contado na forma de dias que se passavam fora de casa e das experiências que viviam)
__Ahh, por isso essa confusão em seu rosto. Mas não se preocupe, logo entendera.
Ele disse e saiu andando, deixando Diamante atônita, sozinha, com medo, sem saber o que fazer.
Minutos depois, Diamante voltou a si e foi andando devagar para o quarto, sentou-se na cama e tentou entender o que havia acontecido. Não sabia quem era aquele homem, não conseguia entender o que ele tinha lhe dito, não queria acreditar. Sua mente estava confusa.  O que ele havia falado sobre as pessoas parecia impossível aos olhos de Diamante, aquelas pessoas não a tratariam mal. Poderiam com o tempo se cansar dela e mandá-la embora, mas lhe maltratar isso não seria possível.
Diamante então tomou uma decisão, iria continuar na casa com os estranhos e prestaria atenção nas atitudes que eles tomariam, se visse algo errado sairia dali e iria procurar outra casa..
Diamante deitou-se na cama e tentou voltar a dormir e esquecer o que havia acontecido naquela noite, amanhã seria um novo dia e ela tinha um mundo lá fora para desvendar.

Noite&DiamanteOnde histórias criam vida. Descubra agora