Sopro da Morte

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Sentei no centro do meu mundo
Em volta, há tudo
Há a mim mesma
Mas as sombras não permitem ver com clareza
Eu não consigo mais sorrir de verdade
Não consigo mais parar de sentir todas as minhas partes ruírem e caírem
E simplesmente sou incapaz de colocá-las no lugar
De colar
De consertar

Não dá,
Não consigo sair do lugar
Eu tentei me mexer e escapar
Mas não dá
Eu estou tão cansada de tentar continuar,
De lutar,
Não desistir,
De não me afogar
Seria mais fácil apenas acabar com isso de uma vez
Seria tão simples
Tão tentador
Simplesmente não sentir mais dor
Simplesmente desistir
Nessa maratona na qual você está sempre em último lugar
E não importa o quanto você corra sempre estará preso lá

Faz tempo que essa máscara foi grudada em meu rosto
E nem, eu mesma, sei mas o que há por baixo
Nem me reconheceria sem ela
Esse escudo para o mundo
Fingindo, fingindo
Mentindo, mentindo
Perdi a mim
As minhas capacidades
As vontades
As verdades

Tudo é sugado
Sobra apenas a casca
Que cai aos pedaços
Desintegrando-se
Sem expressão ou movimentos
Sem sentimentos
Vazia e seca carapaça
Se autodestrói de dentro para fora
Oca e cinza
Evapora
E nem existe mais
Quem outrora foi uma menina jovem e cheia de cor e vida
Hoje é apenas um sopro da morte

- Mari Cassimiro (MillaCasery)

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