5- Pesadelos

420 61 24
                                    

Não quero... Que todos me odeiem.

Olho Harry deitado, uma mãozinha perto da boca. O rosto não está sereno como normalmente, parece cansado. Ajeito o cobertor em cima do seu corpinho e faço carinho com o polegar em seu rosto, levemente, até que suaviza as sobrancelhas, parecendo mais calmo no sono. Levanto e saio do quarto.

Eu preciso descobrir o que aconteceu. Alguém mexeu com ele e não posso deixar isso continuar, ou a pessoa se safar sem escutar umas poucas e boas. Como alguém é capaz de tirar a paz dele assim? De machucá-lo? Só pode ter sido o que Hannah viu naquele dia.

- Ele dormiu? – Lottie, que estava do lado de fora da porta, pergunta.

- Sim – murmuro, olhando para a porta fechada onde ele está do outro lado dormindo depois de muito trabalho, me sentindo furioso e preocupado.

- Venha, vamos conversar – chama com uma caneca na mão e vai para o quarto dela.

Eu a segui. Nós sentamos num sofá e ficamos em silencio por um tempo.

- Me conte o que aconteceu – diz finalmente e eu tomo um ar antes de começar a contar tudo. – Ele ia roubar giz de cera? – afirmei. – Mas por quê? Ele já não tem uma caixa?

- Tem. Eu perguntei isso, mas ele não quis responder – apoio o rosto na mão.

- Para quê ele queria giz, de qualquer forma?

- Para desenhar para mim – olho para um ponto da mesa onde ela estava colocando a caneca com chocolate quente, sentindo lagrimas formarem em meus olhos.

Ela pega uma revista ali perto, enrola e bate na minha cabeça. Eu desperto na mesma hora.

- Não chora!

- Mas foi tão bonitinho quando ele disse isso! – me defendi, querendo chorar. – Foi muito fofo e foi minha culpa, ele só queria me fazer feliz.

- De qualquer forma, ele não te contou porquê tentou roubar, não é?

- Não. Ele anda estranho, como te falei – cruzo os braços, recostando no sofá.

- Crianças – bufa, mas em seguida faz um rosto sério. - Elas nunca dizem para os adultos quando algo as machuca. Elas escondem, preferem guardar para si com medo de causar problemas ou algo assim – vai explicando. – É por isso que devemos estar sempre atentos.

Olho para minha irmã, ela tem razão. Eu acho.

- O Harry só tem você nesse momento, Louis.

Aquilo entra como uma faca no meu coração. É uma responsabilidade maior do que pensei. Não que eu esteja reclamando de ser importante assim para ele, mas tenho medo porque sei que se algo acontecer vai ser minha culpa e nunca vou me perdoar.

- Sim – falo, quase inaudível.

- O que será que houve... – minha irmã levanta, passeando pelo quarto e pensando.

Eu olho para o quarto dela. Tem cortinas pesadas com bordados e uma cama de casal estilo de princesas de castelo. Esse sofá que estou sentado tem brilhantes e é ornamentado, além do tapete de pele e as paredes com papel estampado. Que diabos? Porque aqui parece ser mais chique que o resto da casa?

- Desde quando seu quarto é assim? Que estranho! – olho suspeito para o lugar.

Ela me ignora.

~*~

- Pronto! Tudo nos trinques! – falo com mais animação que necessário, depois de ajeitar a boina na cabeça de Harry. – E aqui nós temos o seu lanche! – mostro a lancheira. – Adivinha o que é? – ele me olha com os olhos arregalados. – Bolinhos de chuva! – comemoro, levantando os braços que nem ele faz. – Então, fique feliz!

Lovely Boy || kid!Harry (l.s. au)Onde histórias criam vida. Descubra agora