Capítulo 07 - Letícia

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Ainda estática, sinto o calor tomar conta do meu corpo e a minha pele queimar. Sua voz reverbera o desejo em mim. Será que agora o bastardo me seguirá para se vingar? Meu Deus! E se ele for um perseguidor ou um serial killer? Viro-me o mais devagar possível.

— Desculpe-me, senhor, mas essa é uma reunião privada. Somente para convi...

— Senhor Zachary Thorton O'Brian, como está? – Lorena corta a minha frente na tentativa de corrigir meu deslize. Ela aponta para mim. — Essa é a anfitriã dessa edição, Le...

— Letícia. Eu sei – ele termina a fala dela.

Não! Não! Não! Por favor, Deus. Não faça isso comigo. Muda, chocada, de boca aberta, pasma, descrente e todos os outros adjetivos cabíveis e possíveis aqui são citados em minha cabeça, que está girando. Perco-me em sua boca deliciosa, que continua a se movimentar, fazendo com que eu o deseje ainda mais. Esforço-me para ouvi-lo:

— Então, Letícia, acompanha-me?

Claro que sim! Não! Não quero nada com esse... esse... Urgh!

— Lorena o fará, senhor O'Brian. Com licença.

Viro-me e caminho em direção a minha mesa arrumada. Preparo-me para começar a apresentação, mesmo sentindo minhas pernas tremerem e borboletas esvoaçarem em minha barriga. Kevin coloca-se ao meu lado e inicia a reunião.

— Sejam bem-vindos à sexta edição da Vitrine. Fico honrado por terem aceitado nosso convite para estarem presentes. Espero que os projetos apresentados alcancem o gosto de alguns e, assim, poderemos concretizar fortes parcerias. Deixo vocês com a competente Letícia Barros, a anfitriã do evento.

Em meio aos aplausos, tomo meu lugar e começo minha jornada.

— Obrigada, senhor Cooper. Boa tarde a todos. É um prazer tê-los aqui...

— O prazer é todo nosso, signorina – o italiano com um sorriso galante fala.

O infeliz do Zachary Olhos-Azuis sentou-se em frente a mim, em linha reta. Deus, agora sou eu que preciso da sua proteção. Como posso me concentrar em frente a um loiro, alto, com olhos azuis intensos e detestavelmente lindo? Seus cabelos, compridos e bem cortados, vão até abaixo do ombro. A barba por fazer contorna aquela boca que, com toda certeza, foi desenhada para o pecado. Lábios finos repuxados em um sorriso de canto fazem minha calcinha umedecer.

Ele tira seu terno e a sua assistente pega-o prontamente. Sem tirar seus olhos dos meus, ele dobra as mangas. Pacientemente, abre mais um botão da camisa e recosta-se na cadeira com aquele sorriso sarcástico nos lábios.

— Gostou, senhorita Letícia?

Só então dou-me conta de que assisti ao seu showzinho de boca aberta. Balanço a cabeça para desanuviar e começo meu discurso:

— À frente de vocês há uma pasta para que acompanhem as apresentações. Quaisquer dúvidas que possam ter, estejam à vontade para perguntar, a qualquer momento.

Olhar diretamente nos olhos das pessoas é um ponto a favor de quem está negociando, isso mostra força e determinação. Tento olhar para cada um e, como a mulher forte que sou, desvio o meu olhar de Zachary bravamente. Aquele olhar hipnótico confunde-me. Faço um sinal para ligarem o retroprojetor.

— Nosso primeiro projeto é uma empresa de software. Dois jovens trabalham duro desenvolvendo aplicativos que facilitam a comunicação dentro das empresas. Eles adaptam a funcionalidade de cada unidade e tipo de serviços de acordo com cada empreendimento. Senhores, seria algo simplório se os smartphones não fossem um dos equipamentos mais vendidos no mundo. Sua facilidade de transporte... – alcanço o meu celular e o coloco na palma da minha mão. — E o poder de levar seu mundo na mão. A vantagem? – dou um sorriso de gato cheshire. — As mensagens e os e-mails chegarão aos seus funcionários, mesmo que eles estejam off-line.

A Vitrine - 2ª Edição     (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora