11°Capítulo: Ana

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Mel acabou de sair, por um instante esqueço o livro, o cubo, a lanterna, tudo.. só consigo pensar no que poderia ter acontecido na cena em que ela entrou no meu quarto minutos atrás, a imaginação é despertada por um forte desejo..  Não..  Não temos tempo para pensar nisso, temos uma grande descoberta pela frente, eu tenho certeza! Volto meus pensamentos para a lanterna, acendo e viro ela em direção a parede, e... A luz é azul. Por que será? Pego então o livro e com a lanterna ainda acesa sento em minha cama e viro a lanterna para sua capa dele, e letras surgem nela como se estivessem sendo queimadas agora espero as letras na capa se formarem para que eu possa ler o título...
- Meu diário...
Um diário, mas de quem? Acho que estava muito cansado, acabo por dormir enquanto penso nisso...

...........

Acordo com um som alto de música, estou com uma certa dor nas costas por ter dormido de mal jeito, tomo um banho gelado para ver se desperto um pouco. Me visto e vou atrás de mel, chego em frente ao seu quarto e bato na porta, ninguém atende, entro no quarto, se ela pode entrar no meu quarto, por que não posso entrar no dela?

- Mel... Mel...

Chamo, mas ninguém responde, n há ninguém no quarto... Vou em direção ao refeitório, será que pela primeira vez na vida ela acordou cedo e foi tomar café? No caminho para o refeitório encontro com um homem encostado na parede e ele me chama para me aproximar, ele tem a cabeça raspada e sinto cheiro de cigarro enquanto fala:

- Já sabe da sua amiga? - ele diz em tom de deboche.
- O que aconteceu? - pergunto prestes a perder a linha.
- Não se sabe ao certo, mas ontem à noite houve um grande estrondo e ela não é vista desde então. Já há boatos de que está morta e você sabe quem é o principal suspeito.

Sinto meu sangue ferver e o agarro pela jaqueta de couro.

- EU NUNCA FARIA NADA DE RUIM COM A MEL...

- OK, OK... Acredito em você, mas o resto daqui não acredita...

- Eu tenho que acha-la...

- E aonde vamos?

- Como assim aonde vamos? - pergunto surpreso.

- Vai precisar de companhia, e eu não tenho muitos amigos... Além disso eu vou ser útil, se ela foi levada pra fora daqui eu acho que sei para onde foi, uma cabana no meio da floresta é um possível lugar...

- Cabana?

- A Cabana é só fachada, mas esteja preparado pra lutar...

- OK, OK... Sendo assim vou precisar minha arma, você vem junto pra mostrar o caminho, mas na hora de lutar vê se não me atrasa.

- Prometo....  Que você vai mudar de ideia..

Vamos andando até o meu quarto, pego minha arma e continuamos rumo a cabana, ainda é cedo quando entramos mata a dentro. E me dou conta de uma coisa:

- Qual é seu nome?

- Ordep, e o seu?

- Leinad!

- Você não é daqui, não é Leinad?

- Não, sou de um caçador de um vilarejo vizinho..

Ouço um barulho.

- Se abaixe....

Notamos algo se mexer muito rápido entre as árvores, parece algo grande, vejo o vulto passar.

- Quem está aí?...

Escuto risadas que parecem ter vindo do vulto, eu aponto a arma e pergunto de novo.

- Quem está aí?...

Sinto Ordep cada vez mais assustado, mas quando olho pra ele tenta disfarçar, para manter a imagem de durão. O vulto para! É uma menina, não consigo ver seu rosto, mesmo parada ela ainda parece muito rápida para acompanharmos.

- Quem é você, ou melhor, o que é você?

Ela olha para a arma apontada e percebo que está incomodada, então abaixo a arma e digo:

- Pode se acalmar, ninguém aqui quer machucar você!

Assim que digo essas palavras o que antes era um vulto aos poucos se revela uma menina ruiva de olhos verdes e um rosto repouso de sardas, traços muito delicados, e está com um simpático e cativante sorriso no rosto.

- Graças a deus, chega de fugir por hoje.

Sua voz tem um ar doce, suave como o beijo do céu no mar ao entardecer, mas espera? Fugir? Como assim?

- Por que diz que estava fugindo?

- Faz dias que estou sendo perseguida, se for pra falar disso não acho seguro conversar aqui. Conheço um lugar seguro aqui perto...

- Desculpe, nós estamos atrás de alguém... Uma amiga que foi sequestrada.

- Não tenho muito o que fazer aqui, então se quiser posso ajuda-los, vai ser útil ter alguém rápida como eu na equipe...

Ela abre um sorriso encantador, olho para Ordep e ele está babando.

- Ordep? O que você acha?

Ele volta a realidade é acena que sim com a cabeça.

- Qual é o seu nome?

Pergunto.

- Não consigo me lembrar!

- Sendo assim você não me dica escolha!

Viro para Ordep e pergunto.

- Ela tem cara de Ana?

Ordep responde quase que imediatamente em tom de brincadeira.

- É ela tem cara de Ana!

- Então está decidido, vamos te chamar de Ana!

Ela olha achando que é brincadeira, mas no fundo de seus olhos vejo também um pouco de gratidão.

- Ana, está aceita em nossa equipe!

Estendo a mão para cumprimenta-la e ela aperta imediatamente.

- Ana é um ótimo nome.

...........

Andamos muito tempo e já está pra escurecer, decidimos passar a noite no local do qual Ana havia falado, consiste um abrigo subterrâneo, abaixo de uma grande árvore, quando entramos damos de cara com um quarto grande com uma cama e uma cozinha bem improvisada, porém muito bem arrumado, logo arrumamos nossas coisas e após comer algo que tínhamos trago em nossas mochilas, eu e Ordep deitamos cada um em seu saco de dormir, em pouco tempo ele já está roncando e Ana não disfarça a risada. Viro de lado e fixo meu pensamento em Mel, seja quem for que a tenha capturado, só aviso uma coisa: Eu vou te encontrar!

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