Sexta-feira 6 de Julho, 16:45
Anderson havia recebido um telefonema no dia anterior do presidente do clube Pinheiros, um dos mais tradicionais clubes de São Paulo, convidando-o para visitar as novas e modernas instalações do clube.
Anderson Previero era um nadador fantástico. Detentor de uma energia invejável, ele era uma máquina humana que estraçalhava todos os adversários que atravessavam o seu caminho, assim como a maioria dos recordes das provas que disputava. A gana de vencer e a vontade de competir fazia de Anderson um garoto querido por alguns e odiado por quase todos.
O recorde pan-americano do norte-americano George Stwart havia sido trucidado por Anderson no último pan-americano disputado em Winipeg no Canadá. A sua meta agora era os jogos olímpicos de Tóquio no Japão, que seria disputado no ano que vem.
Aos vinte e dois anos de idade, Anderson já havia ganhado o último campeonato mundial de natação disputado em Madri além do pan-americano no Canadá. No campeonato mundial Anderson ficou um tanto quanto frustrado por não conseguir quebrar o recorde mundial de George Stwart e pelo fato do californiano não ter disputado o mundial da Espanha.
Anderson Previero era extremamente impulsivo, confiante e otimista. Ele só competia em um estilo: peito. Era extremamente veloz e sua envergadura, juntamente com o seu um metro e noventa e cinco de altura, o ajudava na sua performance dentro das piscinas.
Descendente de uma família tradicional carioca, Anderson iniciou sua paixão pela natação nas águas claras e calmas de Angra dos Reis, cidade paradisíaca do litoral Sul do estado fluminense. A família de Anderson tinha uma bela casa na praia da figueira e todas as férias todos iam para lá.
Anderson Previero Costa Magalhães era neto de portugueses que vieram para o Brasil na primeira metade do século XX, refugiados das guerras e do grande caos que assolava a Europa. Anderson vivia junto com a mãe Maria Amélia, o padrasto Carlos Eduardo e os dois irmãos, Joaquim, o caçula, e Maria Beatriz a irmã do meio. Porém, todas as atenções estavam voltadas sempre para Anderson, o queridinho da família Costa Magalhães.
Joaquim despontava como um exímio jogador de futebol, aos doze anos já era considerado por treinadores e olheiros uma estrela que estava nascendo nos gramados, entretanto, a jovem promessa era sempre ofuscada pelo irmão mais velho. Toda essa "preferência" pelo primogênito fizeram com que Anderson se tornasse um garoto mimado, arrogante e petulante. Tudo o que ele queria deveria ser sempre realizado do jeito dele, não aceitava sugestões e odiava amigos "palpiteiros". Seus namoros duravam poucos meses, pois apesar de toda a fama e dinheiro que ele e sua família possuíam, as garotas não suportavam toda aquela pose.
Anderson havia treinado oito horas naquele dia, estava estafado, o seu semblante demonstrava todo o cansaço daquele dia de treinamento árduo. Os jogos olímpicos aconteceriam daqui a dez meses e Anderson queria trucidar todos os seus adversários como estava acostumado a fazer.
Naquela noite Anderson viajaria para São Paulo, pois no outro dia visitaria o clube Pinheiros. O voo partiria as sete e cinquenta da noite. O seu padrasto já havia arrumado um lugar para ele ficar na capital paulista, o flat da família localizado na alameda Santos.
A tarde estava fria, fazia cerca de vinte graus. Anderson arrumou sua mochila e a colocou no seu carro, um Audi A8, e foi dar uma volta pela cidade maravilhosa antes de viajar. Ao chegar no bairro do Leblon, ele estacionou o seu veiculo e decidiu caminhar pela orla. Os nadadores profissionais ao contrário dos jogadores de futebol, não eram tão bajulados e assediados pela multidão, sendo assim, Anderson podia caminhar tranquilamente pelas ruas do Leblon e de Copacabana.
Anderson usava uma bermuda jeans, tênis sem meia e uma camiseta regata, apesar da temperatura baixa para os padrões cariocas, ele adorava mostrar os músculos torneados dos braços e antebraços. Na parte lateral de ambos ombros, bem acima do músculo deltoide, Anderson tinha uma tatuagem idêntica em ambos lados: uma águia segurando um grande naipe de Paus em suas garras. Para Anderson a sua tatuagem simbolizava força e poder. Anderson caminhou até a orla de Copacabana, lá decidiu tomar uma água de coco e acompanhar alguns jovens que jogavam futevôlei. Depois de ficar sentado por alguns minutos num banco por ali, ele se levantou e começou a caminhar de volta.
Uma brisa fria tocava o rosto de Anderson e mexia os poucos cabelos lisos e louros que tinha na cabeça. A pose ereta e os músculos rígidos daquele gigante chamavam a atenção de todos que passavam por ele, principalmente das garotas.
Anderson sentiu o seu celular vibrar no bolso da sua bermuda jeans, então imediatamente o tirou do bolso e o atendeu.
- Pronto!
- Onde você esta? Perguntou Carlos Eduardo, padrasto de Anderson.
- Estou dando uma volta. Por quê?
- Não se esqueça que o seu voo é as sete e cinquenta hein, não vá perdê-lo.
- Pode deixar!
- Se cuida!
- Ok. Tchau!
Anderson não gostava de ninguém no seu encalço, nem mesmo os seus pais.
Anderson queria ser independente, decidiu ir de carro para o aeroporto e deixá-lo no estacionamento, assim não dependeria de ninguém.
Quando já estava chegando próximo ao seu veículo, o telefone celular de Anderson tocou novamente.
- Pronto!
- Onde você esta? Perguntou uma voz conhecida do outro lado da linha.
- Estou no Leblon a caminho do aeroporto.
- A encomenda que você pediu está comigo, se você quiser levo agora mesmo pra você.
- Se você não demorar! Tenho um voo as sete e cinquenta. Estou em frente ao bar do Bolado.
- Beleza! Em dez minutos chego ai.
- Demorô! tô esperando então.
Apesar de toda pose de forte, Anderson carregava um grande fardo em seus ombros. A responsabilidade que ele havia adquirido ganhando troféus e quebrando recordes causava uma grande pressão na sua cabeça. Ele havia criado uma imagem de si mesmo de atleta imbatível, porém, não existiam atletas imbatíveis. E quando a frustração o invadia, Anderson procurava algo para descarregar todas as suas decepções e desilusões: a droga.
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SETE COPAS (Degustação)
Mystery / Thriller*IMPORTANTE! OBRA REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL, PLÁGIO É CRIME* Um crime bárbaro choca a elite paulistana. Um assassinato esconde um enigmático mistério. A forma como ocorre, a causa e principalmente a marca deixada na vitima pelo agressor, p...