Dois Olhares encontrados e as Estrelas Orbitantes

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No outro dia, a gente acabou indo para o parquinho de volta. Foi a primeira vez que eu gostei de verdade de uma garota Blasker.

Ela usava seu grande moletom amarelo, que parecia engraçado nela. Engraçado, porém adorável.

A gente brincou de correr, de pular, de dançar e até rolamos no pó de pedra. Ela ria como nunca, eu acho.

— Plark?

— Klinf?

— Você pode me beijar hoje?

Às vezes a sinceridade dela me surpreendia.

— Hm, acho que sim. Você quer dizer... no rosto, certo?

— Acho que não. Nos lábios, por favor.

— Não sei se estou pronto, Lori.

— É claro que está. A televisão disse que a gente beija quando se gosta, e você gosta de mim. Eu sei disso, tá?

— E como você sabe disso?

— Sabendo, oras.

— Você é inteligente. Vem cá então, vamos tentar. Mas você tem que fechar os olhos!

— Não, você fecha!

— Tá bom, não faz diferença.

Eu me ajoelhei na frente dela, que também estava ajoelhada. Não sabia como fazer aquilo, mas iria tentar.

— Vai, fecha o olho.

Eu espremi os dois e tentei deixar meus lábios normais, mas simplesmente não sabia fazer aquilo.

— Calma, bobinho.

Eu senti ela perto, bem perto. O nariz dela bateu no meu, e eu quase que abri os olhos.

— Eu gosto muito de você, Blaskda.

Ela encostou sua boca na minha, e eu fiquei meio sem reação. Deveria sentir alguma coisa? Deveria derreter, ou virar pó que nem as pedras? Eu não fazia ideia!

Ela ficou uns bons segundos me beijando, até que se distanciou de novo. Eu continuei com meus olhos fechados, estava com medo de olhar pra ela.

— Ah, o que... o que você achou, Jimin?

— Eu... achei legal. Eu acho. Estranho, talvez?

— Eu acho que eu gostei. De verdade.

— Ah é? Ah... que bom!

Dei uma risada nervosa e espremi mais os olhos.

Mas a verdade era que... eu queria muito olhar nos olhos dela!

Eu tinha que me arriscar.

— Você já pode abrir seus olhos.

Eu que, estava com os olhos bem apertados, os abri devagarzinho, e pra minha surpresa, ela não os fechou correndo.

O que aconteceu depois, é meio difícil de explicar em palavras.

Quando duas estrelas dos olhos se aproximam, a atmosfera ao redor tem umas reações meio estranhas. E como nós nos aproximamos naquele dia, a reação foi, com certeza, a mais doida da minha vida.

As estrelas-pequenas jogadas no parquinho começaram a flutuar, e elas brilhavam junto com os olhos dela. Tudo ao redor era luz, e por um segundo eu me preocupei se minha mãe ia me buscar pelas orelhas por estar fazendo bagunça lá fora.

Mas as estrelas dos olhos dela brilhavam tão forte que eu não pude ir embora. Todas as estrelas ao redor giravam, como se nós fossemos o sol e elas, apenas alguns planetas em órbita. Tudo era luz, e o sorriso dela não me deixou preocupado. Ela gostou daquilo, o que os Blasks às vezes chamam de "nossa bagunça estrelar".

É uma lenda antiga, que diz que quando os olhares se encontram e a bagunça estrelar acontece, aquelas estrelas dos olhos pertencem uma a outra pro resto da vida. Minha avó contava que as estrelas só brilhavam se tinha algo especial no meio delas.

Eu fico feliz porque hoje eu sinto que aquele algo especial era o "amor" de vocês. Aqui, a gente não tem esse termo bonito, mas a gente sente isso mais que vocês, provavelmente. É como se o amor fluísse da gente naturalmente, como se fizesse parte do nosso DNA Blask. A gente ama todo mundo.

Mas esse algo especial é o amor especial. Eu não sabia que podia amar alguém especialmente com 10 aninhos, então foi o melhor dia da minha vida descobrir que aquilo era possível.

Talvez a lenda de vovó estivesse certa, porque minha garota Blask ainda gosta de mim. Ela faz as estrelas dentro de mim orbitarem, e até hoje a gente dança com as estrelas à nossa volta.

Por isso, terráqueos, vocês deveriam amar mais. Talvez vocês não tenham as estrelas pra mostrar se é amor ou não, mas devem encontrar suas próprias estrelas, os seus próprios sinais.

Eu pesquisei por um tempo alguns sintomas de amor que você podem ter e – caramba – vocês são estranhos. Minhas professoras dizem que não podemos confiar muito na internet, e eu realmente desconfio que dor de barriga, tontura, vontade de chorar e falta de ar possam ser sintomas do amor. Mas se no caso for, não ignorem os sinais!

Eu não vou mentir, posso ter exagerado um pouco em alguns detalhes, mas foi o que a professora disse que tornaria a história mais interessante.

Espero que tenham gostado.
Tchauzinho!

stars [jimin]Onde histórias criam vida. Descubra agora