A cada dia que passa, minha memória melhora. Começo a lembrar de quando era adolescente. Lembro-me da minha infância, como se fosse ontem. No colégio, nunca fui o mais popular, nem o mais desejado. Sempre fui daqueles que procuram de algum jeito encontrar seu lugar no colégio e se enturmar.
Estudei em vários colégios durante minha vida, todos com filosofias parecidas, colégios católicos. Durante minha adolescência, tive algumas paixões platônicas, nunca correspondidas. Sentia que vivia em uma realidade diferente da qual somos programados para viver.
Não consigo entender certas coisas que para as pessoas é normal. Sempre tive problemas com isso. Sarah foi a primeira mulher que se interessou em querer realmente saber o que eu penso em relação às coisas e ao mundo.
O apoio dela no meu tratamento para recuperar a memória é essencial, pois, ela me ajuda a exercitar a cabeça, me incentiva e acredita em mim. Isso para mim já basta para me ajudar muito. Porém, antes dela, as outras meninas não se preocuparam com isso.
Estava para embarcar no avião, quando Sarah me liga, desejando-me boa sorte na missão. Eu me sinto muito mais seguro e confiante ao ouvir sua voz. Prometo a ela que farei de tudo para voltar pra ela quando eu conseguir acabar com a quadrilha.
Embarco no avião e faço uma rápida oração, pedindo a Deus para que me ilumine durante a missão, para que eu possa voltar vivo para ela, para que eu possa ajudar aquelas pessoas. A cada dia que passa amo mais meu trabalho, amo mais estudar Psicologia.
Após algumas horas de viagem, o avião chega ao aeroporto do RJ. Após vinte minutos, já estava com minha mala seguindo para o hotel, pretendendo voltar para casa o mais rápido possível, voltar para Sarah.
Quando fazia um passeio pela praia de Copacabana, um rapaz encapuzado me entrega um envelope. Não consigo ver para onde ele foi, pois eu me assustei com o impacto do envelope no meu peito. Olho o envelope e volto para o hotel.
Abro o envelope já no quarto, curioso para saber o que tinha dentro dele. Quando o abro, tiro de lá algumas folhas com algo que parecia ser um código, com números e letras. Sento-me à mesa no meu quarto, ao lado da cama fico olhando o código tentando entender como ele funciona. Pego uma caneta e uma folha e em algumas horas decifro o código. Surpreendo-me quando leio o papel com a tradução do código.
"Thiago, eu sei de sua missão. E vou ajudá-lo nisso. Contudo, não posso revelar minha identidade, para minha segurança. Mais de 300 mulheres de todas as idades foram sequestradas para serem escravas sexuais. A quadrilha é liderada por Henrique Ferreira. Seu braço direito chama-se Felipe Martins. Traficam armas para uso próprio e trafica droga para os EUA."
Releio mais algumas vezes para ter certeza de que não estou deixando nada passar despercebido. Percebo que muitas coisas fazem sentido, por exemplo, o fato de que quase todas as pessoas sequestradas que eu encontrei são mulheres e todas muito bonitas.
Ligo para o comandante do Exército, e conto às coisas que descobri. O mesmo fica surpreso, me diz que a situação é pior do que ele imaginava. Dá-me a péssima notícia que a quadrilha descobriu que voltei à ativa e que Sarah corre perigo. Quando ele diz isso, imediatamente ligo para Sarah e peço para ela se esconder.
Quando ela atende ao telefone e eu ouço sua voz, minha vontade de ver ela se multiplica. Sinto-me culpado por estar colocando sua vida em perigo. Ela me diz que não está brava comigo e desde o início sabia dos perigos de ficarmos juntos por conta do meu trabalho.
Pego minha jaqueta de couro, a chave do carro e vou para o porto de Santos, Onde é o lugar que as drogas e as pessoas entram e saem do país. Vou de carro porque posso por a vida de muitas pessoas em perigo se entrarem no avião. Saio do hotel perto das 21h00min. Chego ao porto de Santos de manhã.
Já no porto, observo o movimento do lugar e das pessoas. Ando com o celular na mão olhando um guia turístico, como se fosse mais um turista visitando a cidade. Como não encontro nada de anormal, resolvo voltar a noite. Volto para o hotel, me arrumo e vou para um restaurante que fica a poucas quadras para almoçar. Ligo para o comandante para informar detalhes.
Me surpreendo ao ver que ele já estava no restaurante, sentado numa mesa mais escondida ue as outras. Sento na frente dele. Ele me olha e me conta mais detalhes sobre a quadrilha, sobre o que ele pretende fazer. Esta não é uma quadrilha normal como as outras, pois essas pessoas tem muitos políticos e policiais como amigos. Também possuem armas muito mais superiores que as armas de quadrilhas rivais.
Ouço seu plano com atenção. Primeiros dias serão de observação, para saber qual é a movimentação. Um agente já está infiltrado na quadrilha, se chama João, apelidado de Carrasco pelos integrantes da quadrilha, pois executa os inimigos dos chefões. Pelo menos pensam que faz isso.
-Thiago, eu quero prender essas pessoas tanto quanto você, acredite. Você sabe que é impossível fazer isso sozinho. Por isso estou aqui, pra te ajudar. Trouxe uma ótima equipe de militares. Vamos conseguir, mas para isso precisamos ficar juntos.
O chefe da quadrilha, Paulo é um homem muito perigoso. Já cumpriu prisão por homicídio triplamente qualificado, latrocínio, roubos, furtos e tráfico de pessoas, armas e drogas. Não é um homem fácil de se ganhar a confiança. Conseguir infiltrar João na sua quadrilha, sem levantar suspeitas, já é uma vitória. Ele nunca deixa passar em branco detalhes, por mais simples que eles sejam.
Por este e outros motivos nprecisamos prender logo essas pessoas. Eles podem descobrir a verdadeira identidade do agente a qualquer momento, ele corre grande perigo. É casado e tem duas filhas pequenas. Elas não precisam crescer sem ter o pai ao lado.
O tempo passa e nem percebemos. Ficamos quase duas horas conversando, relembrando missões e operações. Nós dois precisávamos disso. Um momento para esfriar a cabeça, relaxar. Todos os envolvidos no caso estão sob muito estresse.
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O amor contra a guerra
RomanceMeu nome é Thiago, e tenho 25 anos, eu acho. Não tenho muita certeza, pois por causa de uma pancada na cabeça, esqueci quase tudo. Mas uma médica incrível me atendeu no hospital, ela roubou meu coração. Com seu apoio, consegui recuperar a memória. N...