O amor contra a guerra

III

Ainda era cedo quando acordei, era antes das 08h00min. Foi quando  o Dr. Marcelo me deu alta. Vou para casa de um amigo. Chama-se André, que me recebe com alegria. Conto para ele que me lembro da nossa amizade, desde a infância até fatos recentes e ele fica muito feliz com a notícia.

Quando chega a hora, me arrumo para o encontro. Pego meu carro, e vou até o restaurante e pego uma mesa. Não demora muito para ela chegar. Ela está usando um vestido Preto, maquiagem muito bem feita. Seus lábios carnudos estão pintados com um batom vermelho, em suas mãos uma bolsa aparentemente cara.

Depois de babar alguns segundos, vou até ela. Beijo seu rosto, a abraço e conduzo-a até a mesa. Puxo a cadeira para ela se sentar e peço as bebidas e cardápio. Olho ela nos olhos.

-Você está linda, nunca vi coisa igual. ­­-Sorrio, corado.

-Obrigada, você está um gato. -Ela fica corada também

Sorrio e logo a comida chega. Conversamos sobre muitos assuntos e cada vez mais percebo o quanto ela é incrível e divertida. Uma mulher sonhadora com muitos desejos para realizar. Uma ótima profissional e pessoa. O tempo passa rápido e nem percebo. Ela recebe uma mensagem, que a deixa triste.

-Estão precisando de mim no hospital, preciso ir. Ela dá a notícia, triste.

-Tudo bem, Sah.

Peço a conta para o garçom e pago. Conduzo-a até a porta.

-Esta noite foi incrível!

Sorrio olhando ela nos olhos, sem conseguir parar. Observo ela olhar para as estrelas, seus olho brilham com o reflexo das mesmas.

-Verdade, nunca me diverti tanto.

Sorrio e me aproximo aos poucos. Abraço-a pela cintura e a beijo calorosamente. Ela retribui, acariciando meu rosto. Sorrimos e voltamos a nos beijar.

-Boa noite, doutora.

-Boa noite, soldado.

Sorrio e a vejo entrar no carro e ir para casa antes de ir para o trabalho novamente. Volto para casa e deito. Chego sorrindo e durmo sorrindo. Nunca me senti tão bem antes. Durmo rapidamente, mais tranquilo.

No outro dia, de manhã ligo para ela, e conversamos por horas, Marcamos de sair novamente, mas assistir a um filme a noite. Fico ansioso e não vejo a hora passar.

Quando chego ao cinema, ela já está lá. Linda como sempre, maquiada e bem vestida. Camiseta em preto e branco com uma foto de um urso de pelúcia e jeans azul. Nos ombros, carrega uma pequena bolsa com batom, celular, carteira...Coisas de mulheres.

Vou ao seu encontro. Beijo e abraço-a. Fico muito feliz quando a vejo, uma sensação boa inexplicável. Como se tivesse no Paraíso, do qual não quero sair.

O filme começa logo após sentarmos em uma das últimas fileiras do cinema. Era um filme romântico. Contava a história de um casal durante a Segunda Guerra Mundial. Ela adorou o filme. Trocamos vários beijos durante o filme, o que tornou o momento mais especial.

Passam dois meses. Vemo-nos quase todo dia, chegamos a visitar cidades próximas, juntos. Cachoeiras, praias, entre outros lugares. A cada dia vou me apaixonando mais por ela, pelo seu jeito de ser. Depois de dois meses, digo eu te amo. Ela responde o mesmo.

Após seis meses de namoro, compramos uma casa no litoral de Santa Catarina e passamos a viver juntos. Ela recebe uma ótima oportunidade de emprego irrecusável no hospital da cidade, na área da Neurologia.

A presença dela na minha vida se torna algo essencial. Ajudou-me a lembrar de muitas coisas. Lembrei que minha missão era no Rio de Janeiro. A quadrilha estava transportando maconha e escravos quando fui sequestrado.

Minha família mora no sul do país, no Paraná. Isso explica minhas características físicas e sotaque. Quando fisicamente estou bem, volto a trabalhar, procurando encontrar mais pistas sobre o caso. Viajo para o Rio de Janeiro, para investigar a quadrilha e descobrir o que ela pretende fazer com tantas pessoas que foram sequestradas e para onde vão todas as drogas, armas e munições que traficam.