Começamos a revistar o local, procurando provas, armas, drogas e as pessoas traficadas. No primeiro container, encontramos as drogas. Maconha, crack e cocaína. Quando um policial abriu este container, parecia que tínhamos entrado na Floresta Amazônica, de tanto verde que tinha. A cocaína encontrada tanto no contêiner quanto nos carros, daria para formar uma nova cracolândia.

No segundo contêiner encontramos as pessoas. Tinha mais de 200 pessoas presas lá dentro. Sem água, sem comida. Tinham apenas umas as outras. Brasileiros, argentinos, americanos, dentre outras nacionalidades. Ricos, pobres, todos unidos para saírem vivos daquela situação. Algumas pessoas estavam feridas, mas nada grave. Mas estavam magros e desidratados, algum com sinais claros de anemia.

Várias ambulâncias foram chamadas para levar todos ao hospital. A Polícia Ambiental juntamente com outros soldados encontraram os animais silvestres, em um outro container. Havia muitos mortos, por causa de disputa de território. Havia muitas aves, cobras. Estavam desnutridos, alguns mais e outros menos. Mais uma semana e aquele contêiner não teria mais animais vivos para contar história.

Sarah chegou em uma ambulância para ajudar a cuidar das pessoas, ficou surpresa quando me viu. Foi quando percebi que ela não sabia que era naquele porto a minha missão. Ela correu até mim, e deu um longo abraço e um beijo. Ela não parava de sorrir. Algumas lágrimas escorreram de seus olhos e eu as enxuguei.

Depois de alguns segundos abraçados, um olhando o outro nos olhos, voltamos para a realidade e corremos para ajudar as equipes a cuidar das pessoas. Já passava da meia noite, mas o porto estava cheio. Não parava de chegar curiosos, imprensa e mais viaturas. O movimento de ambulâncias e siates era intensa, por conta do grande número de pessoas encontradas e baleadas.

Nem todos os suspeitos baleados morreram, eu sou uma pessoa que evita atirar pra matar, prefiro atirar para deixar a pessoa sem condições de ataque, para que ela possa pagar pelos erros que cometeu. Para que ela se arrependa do que fez e mude de vida.

Trinta homens e quinze mulheres foram presos, e no total, trinta suspeitos morreram. É a maior quadrilha que eu já vi. Muito bem estruturados e armados. Descobri que eles tem ligação com máfias de vários países, grupos terroristas, grandes criminosos e políticos poderosos. O sucesso da operação abriu as portas para várias outras investigações.

Por exemplo, a maioria das mulheres encontradas foram estupradas. Eram feitas paradas em alguns pontos para que eles pudessem se divertir às custas do sofrimento delas. Nesse momento percebi o quanto o sonho de ser modelo ser um grande empresário mexe com as pessoas, que muitos de nós faríamos qualquer coisa para realizá-lo.

Várias ONGs receberam os animais e os assumiram. Vários deles estavam feridos, mas se recuperara. Alguns perderam movimentos de alguma parte do corpo, mas depois de recuperados, nenhum deles morreu por conta de fome nem ferimentos causados nessa época. Ver que meu trabalho também ajuda animais, uma grande paixão desde pequeno, fez eu me sentir um grande herói.

Já passava das duas da manhã quando todas as pessoas e animais já tinham recebido atendimento. Todos estavam visivelmente cansados, mas eu e Sarah não queriamos saber de dormir. Estavamos abraçados, do lado de fora do porto, olhando para o mar. Sua cabeça estava encostada no meu ombro e nossos dedos entrelaçados.

-Eu te amo Sarah, demais. Digo olhando em seus olhos.

Ela e olha sorri e beija meu rosto e sorri, não consigo segurar um sorriso, abraço ela forte, dando para ouvir os batimentos ainda acelerados de seu coração.

-Também te amo, meu anjo. Você é tudo que eu tenho, tudo que eu preciso, tudo que eu quero.

Sorrio, feliz por estar ao lado dela depois de tantos dias longe dela. A distância não é uma coisa com a qual sou bom para llidar, sempre tive dificuldades em relação a isso. Mas eu sei que não importa quanto tempo a gente fique um longe um do outro. Um será a vida do outro.

Busco minha moto, que eu acabei precisando deixar no dia anterior, pois eu fui fazer investigações de última hora e quase fui descoberto. Acabei voltando para o hotel a pé. Dou meu capacete para ela. Ela o coloca e senta atrás de mim na moto, abraçando-me. Ligo a moto e saímos do porto.

Chegamos no hotel, ela me ajuda a fazer minha mala enquanto ela me conta de suas aventuras no hospital durante todos esses dias. Cirurgias de emergência, casos estranhos, ela sempre tem uma coisa nova pra contar. Ouço elas com atenção, e sempre rimos muito.

Conto para ela que esses dias sozinho, longe dela. Não digo, mas depois que acostuma de sempre ter alguém morando com você, você chegar em casa e ter alguém te esperando, e do nada estar sozinho é estranho. Mesmo que por pouco mais de uma semana, eu percebi que não nasci para acabar sozinho, que ela é meu caminho.

Olho em seus olhos e prometo que logo voltarei para ela, que preciso fazer uma última coisa neste caso: ir atrás do grande chefe Vou para o ponto de encontro escolhido pelo comandante. Ele traz consigo 6 soldados muito bem treinados, com 2 metros de altura e muito fortes. Sabemos que o chefe da quadrilha estará altamente guardado por seguranças, armas e câmeras. Não será fácil.

Chegamos em sua casa em silencio. Vou na frente, faço questão disso. Derrubo a porta da frente, ligo a lanterna que está na metralhadora e entro na casa, a procura dele. Um novo tiroteio começa, entre soldados e companheiros de Paulo Ferreira. Ele estava sentado numa poltrona, apenas observando. Quando o tiroteio acaba ele levanta nos aplaudindo, gozando da nossa cara.

-Parabéns, vocês se superaram. Eu sabia que você era um cara que eu deveria ter eliminado há tempos, demorei pra fazer isso. Mandei quatro homens para matá-lo e nem assim consegui me livrar de você, Thiago. Você é um cara muito bom mesmo. Comandante concorda comigo, certo?


O amor contra a guerraOnde histórias criam vida. Descubra agora