lembranças não amenizam a dor.

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Eu dormia sentado numa cadeira ao lado dela, estava com a cabeça apoiada na cama encima da mão dela, quando ouvi a porta se abrir e acordei assustado era o Caio
- Desculpas te acordar cara, vim saber se você ligou pra família dela?
- não - falei derrotado olhando pra ela -  eu ainda não tive coragem, a mãe dela...-  fechei os olhos pensando na dona Blanca e no seu Fernando eles ficariam arrasados. - eu não sei se consigo.
- eu sei que é difícil mas eles tem que saber está bem.
- eu sei - encarei ele por um minuto olhando pra ela, parecia que nunca pararia de olhar pra ela, de verificar se ela respirava se ela estava ali comigo. - e como ela está, quando vai acordar?
- ela está bem, mas não sabemos quando ela vai acordar poncho isso depende dela , infelizmente temos que esperar. Bom eu tenho que ir ver outros pacientes cara vai pra casa descansar, comer alguma coisa quem sabe falar com a família dela, Dulce vai ficar bem estamos cuidando dela - ele colocou a mão no meu ombro tentando me confortar coisa que seria impossível eu estava convivendo com um misto de dor e raiva que tomava conta de mim, pensava se ela pediu socorro ou até chamou por mim, isso seria loucura mas eu estou me sentindo tão impotente.

Algumas horas depois resolvi sair do quarto, estava evitando mas tinha que avisar alguém, liguei pra May, ela ou o Christian teriam o número da Blanca, eles sempre foram os mais próximos de Dulce. Ela me atendeu
- alo
- alo May é o poncho
- poncho ? - ela perguntou meio descrente, não sou muito próximo a ela, na verdade a ninguém do RBD, sempre fui contra a nossa volta, cantar nunca foi um sonho pra mim, o que eu sempre gostei foi atuar e sempre foi o que eu fiz melhor
- Sim sou eu, tudo bem com você?
- tudo, nossa poncho que surpresa, faz tanto tempo que não nos falamos, como você está?
- bem May - menti estava péssimo mas não falaria a verdade pra te que contar o que houve com a Dulce, era melhor não sair contando pra todo mundo, Conversamos uns minutos com ela preparando para perguntar - você tem o telefone da Blanca?
-que Blanca a irmã da Dulce?
- sim dela mesmo, precisava falar com ela, não quis ligar para Dulce pra pedir
- sim tenho vou te mandar por mensagem, mas agora me diz porque precisa do telefone da Blanca
- eu preciso falar com ela, não é nada de mais, May tenho que desligar agora, depois nos falamos Obrigado
- de nada Poncho, foi muito bom falar com você vê se não some viu, Beijos
- pode deixar, Beijos. - eu desliguei e depois de alguns minutos chegou a mensagem com o número de Blanca, não sabia o que falar mas antes de perder a coragem resolvi ligar
Cada toque do telefone parecia eterno, era tão difícil, não sei como falar pra ela o que aconteceu, ela atendeu
- alo
- alo Blanca é o poncho - como a May ela também ficou muito surpresa
- nossa Poncho quanto tempo aconteceu alguma coisa - eu respirei fundo sem outra escolha.
- sim aconteceu, e infelizmente com a Dulce. - eu contei pra ela que se desesperou falou que ia pegar o primeiro voo, estava mais aliviado mas a dor ainda não cabia no peito, resolvi tomar um café já não aguentava ficar mais acordado. Tomava meu café com os olhos marejados tudo que tinha em mim era dor e lembranças. As lembranças dela me sufocavam, pois não conseguia a ver do mesmo jeito, talvez ela acordasse e não seria a mesma Dulce a minha Dulce que tanto eu amei.
- você está bem cara - Caio se sentou me olhando, dava pra ver de longe que eu não estava bem
- não, acabei de falar com a irmã dela, foi tão difícil, acho que a coisa mais difícil que eu já fiz - eu pensei bem com o olhar distante - na verdade não foi a coisa mais difícil que eu já fiz, a coisa mais difícil que já foi me afastar de Dulce, eu sempre a amei demais, sabe quando você encontra alguém que não pode ficar sem, ver ela todos os dias era como uma necessidade básica como comer e respirar, mesmo quando estávamos brigados era assim, eu não conseguia me afastar, e era mais fácil ter ela por perto pelo trabalho, me sentava perto dela só pra sentir seu cheiro, via seu sorriso e isso me fazia Bem, e estar com ela era como ter um céu particular, mesmo com todas as brigas se via de longe que a gente se amava muito, Eu a amava com tudo que tinha mas isso não impedia que eu errasse muito, eu era jovem e famoso tinha o mundo aos meus pés ou pelo menos achava que tinha, e magoava ela sendo um idiota. Mas a amava muito e amadureci a força tudo pra não perder ela de vez, não adiantou muito o grupo acabou e assim a proximidade entre nós dois também, era tão difícil não ver ela é como eu sentia falta,  não dava mais pra viver aquele vai e vem que era nossa relação. Em 2010 eu a encontre, na verdade tivemos um anjo, um verdadeiro cupido, o Luiz sempre torceu muito por nós dois, ele fez de tudo para participarmos de uma conferência juntos, até mesmo fomos juntos para conferencia e eu fui obstinado a ter ela de volta, queria reconquistar a Dulce,  queria ter ela de novo porque era só ver a Dulce pra volta a me apaixonar e acreditar em nós dois, sério que achei que daquela vez ia ser pra sempre, queria desesperadamente casar com ela e ter uma vida com ela, mas de novo era difícil alguém tinha que ceder, eu não cogitei um segundo em ceder e ficar no México com ela e tudo se acabou de novo, eu me arrependi alguns meses depois devia ter aguentado mais um pouco a distância é depois voltar pro México pra ficar com ela seria tudo tão diferente, eu nunca deixaria que algo assim acontecesse com ela, nunca...eu seria aquele marido pegajoso que deixaria ela ir ao banheiro mas ficaria próximo da porta - eu ri mesmo explodindo de dor, limpei as lágrimas que rolavam dos meus olhos, e admiti vencido - hoje eu tô com tanta raiva de mim, que mesmo depois dessa atrocidade que aconteceu eu não posso negar que vejo uma oportunidade de estar perto dela, que essa tragédia teve um lado bom o lado de eu ter ela por perto de novo, e isso me fez perceber o quanto eu sou egoísta, e isso me da muita vergonha, por  ficar feliz em ter ela por perto mesmo nessas condições - eu desabei no choro escondendo meu rosto com as mãos, Caio tentou me consolar coisa que era impossível.
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Eu olhava ela que parecia mais corada, mesmo em baixo de todos aqueles machucados, eu peguei na mão dela e a olhei
- acorda, por favor acorda - beijei a mão dela chorando - eu tô aqui com você, eu nunca mais vou sair do seu lado, nunca mais, você vai ter que me expulsar do seu lado quando quiser ficar sozinha. - eu ouvi a porta se abrir, Blanca entrou acompanhada pós dona Blanca e seu Fernando, Caio estava atrás deles e me olhou, eu me levantei me afastando da cama deixando eles chegar mais perto dela. Dona Blanca começou a chorar muito, abraçou Dulce mesmo na cama
- minha filha... - ela gritou de uma forma desesperada - por que fizeram isso com ela, minha filhinha - ela berrou chorando nunca vi tamanho desespero em uma pessoa, seu Fernando via a cena com os olhos marejados, tinha o maxilar travado com um olhar cheio de raiva. Como eu ele tinha ódio do que aconteceu e mataria esses desgraçados com as próprias mãos. Blanca tentou afastar a mãe da irmã, a acalmando mesmo também chorando muito, Dona Blanca me olhou nervosa não esperava me ver ali com certeza - o que ele faz aqui? Você tem alguma coisa haver com isso  - ela gritou, com certeza achando que talvez eu tinha algo haver como isso, Caio se aproximou dela tentando a  acalmar.
- calma eu que o chamei, eu e o Poncho somos amigos, Dulce chegou aqui sem documentos, ninguém sabia de quem se tratava eu assim que a vi achava que a conhecia de algum lugar, e sim era de uma foto na casa dele, e o chamei, Poncho não sai do lado dela desde que soube e avisou a vocês- ele falou me defendendo dela que parecia furiosa e eu não a culpo.
Pra minha surpresa ela me abraçou, chorando
- Obrigada, por ter ficado aqui com ela. - ela ficou muito tempo me abraçando talvez precisasse disso, eu também precisava.

Mi Tormenta Favorita ( Trendy) Onde histórias criam vida. Descubra agora