Capítulo 15 - Revelações: O sacrifício dos desafortunados ⓘ

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Houve silencio. A matilha estava parada com suas orelhas erguidas. Ravena bufou e deu um sorriso, os lobos então se voltaram para ela. Não havia como negar que a voz era dele, do amado de Eric. Ele agora tinha um sorriso estranho em seu rosto, uma mistura de felicidade com ódio, que francamente não havia uma diferença.

Sarah, Lena, Yaxley se separaram rapidamente, eles haviam aprendido com os movimentos de minha irmã. Caius havia sumido na escuridão, mas seu cheiro indicava que ele estava próximo e logo eu entraria nessa luta, porque Ravena não conseguiria deter um simples bando de lobos dispostos a matar.

- Acabe logo com isso Ravena. – disse bocejando.

Lascas de sua armadura continuavam caindo de sua face. Apesar dos ferimentos que ele haviam causado nela, não havia nenhum sinal de que ela havia liberado o seu poder. Em um movimento brusco ergo meu corpo e caiu sentado no galho acima do que eu estava enquanto Caius fechava sua boca no lugar que eu acabara de estar.

Ravena olhou de imediato para mim, e esse foi seu erro. Sarah, Lena e Yaxley a abocanharam. Seu corpo estava imóvel e o que sobrara da armadura acabara de cair no chão. O que sobrou era metade humano e a outra um espectro negro que emanava do corpo, como uma gosma pegajosa que escorria pelo corpo e se prendia a qualquer coisa solida. Aproveitando esse movimento Eric continuou pelo caminho deixando seus amigos para trás.

Dei um sorriso. Eu poderia para-lo se quisesse. Mas não estava com vontade alguma de fazer isso. Não naquele momento. Ele voltaria, bastava que Ravena mostrasse do que realmente é capaz de fazer. Numa fração de segundo Ravena estava livre de Sarah e Lena, mas Yaxley havia sido pego. Seu sorriso era aterrorizante, nunca havíamos usado nosso Tzul isso significaria que ela levaria a luta a serio agora. E com um único movimento ela partiu ao meio o corpo do lobo que jorrou sangue para todos os lados.

Um uivo de lamentação ecoou por toda a floresta. Sarah, Lena e Caius se aproximaram do corpo de Yaxley que voltara a forma humana após a sua morte. Eu podia ver o ódio nos olhos dele, a baba que caia de suas bocas queriam despedaçar Ravena em pedaços.

- Você irritou os lobinhos mana... – disse sorrindo.

- Não tive escolha, você deixou que o outro passasse por você!

- Calma mana, não foi por que eu quis... – dei um sorriso sarcástico.

- Faça seu trabalho.

- Certo, certo... Não precisa ficar de mal humor.

- Ate mais lobinhas... – disse piscando o olho e desaparecendo em meio a escuridão.

RAVENA

Haviam sobrado três lobos em pé, um desacordado e um morto. Não era difícil mantê-los ali, mas havia um propósito nisso, e a lua não estava no ponto certo para que isso acontecesse. No final das contas, tudo estava indo como planejado. Pelo menos a minha parte estava. A minha preocupação era com Marcus. Ele nunca foi um exemplo de ser pró-ativo.

LUCIUS

- Por que... – Diego sussurrou fraco.

- Meu caro você não sabe a verdade? Lucius nunca contou qual a finalidade disso tudo? – ele riu. – É bem a cara do meu filho mesmo. Tal pai, tal filho. Mas para que nos delongar nesse assunto, quando estou tão perto de conseguir o poder que eu tanto desejei por milênios preso a este local.

- E o que vai fazer com sua liberdade? Fazer compras em um Shopping Center?

O sorriso no rosto de Arcadius sumiu e ele se aproximou de mim, seus olhos estavam furiosos enquanto os meus cintilaram por um breve momento.

- Porque papai? – minha voz estava doce, meus olhos estavam completamente cinza, igualmente meus cabelos longos que brilhavam com a luz da lua.

Ele parou por um instante, sem ação alguma. Diego me olhava sem entender o que estava acontecendo enquanto seu sangue era drenado ele ficava mais fraco e consequentemente eu também estava. Soltei uma gargalhada e logo em seguida senti seu punho em meu rosto. Meu sorriso continuava preso em meu rosto.

- Seu velhote. – gargalho – Ainda se sente culpado não é mesmo? – o olho com ódio – A memoria de minha amada irmã ainda o perturba.

- Não se atreva seu moleque. – disse ele apertando meu pescoço.

Meu corpo estava cansado e não aguentaria por muito tempo. Meu rosto começou a ficar vermelho e o ar me faltava aos poucos, mas ainda sim persisti em manter o sorriso no rosto.

- Pare de zombar de mim! – gritava ele.

- Não vai conseguir seu poder se me matar agora.

MARCUS

- Ei lobinho aonde vai com tanta pressa?

Digo com um largo sorriso, me pondo no caminho do lobo que me olhava ferozmente. Olhei rapidamente para a lua que estava no céu. Ela começara a se tornar carmesim assim como os olhos de jovem Eric.

- Não estou afim de lutar com você, serio. Temos um outro proposito, que vai muito além de sua imaginação e que salvara Diego. É isso o que você quer não é? Salvar Diego?

Um grunhido. O lobo abriu a boca e dela saiu a voz grotesca da forma metade humana e metade animal.

- Eu vou matar você!

Dei um leve sorriso.

- Talvez você até consiga lobinho. Mas sabe nunca transei com um lobo. – mordi os lábios – Porque não faz essa última vontade hem? – gargalho. Eric me olha fixamente e com ódio – É to vendo que senso de humor não é a sua praia lobinho.

A lua atingiu seu ápice, o vermelho começara a iluminar toda a floresta. Olhei para Eric que tinha uma satisfação no olhar. Eu sabia o que iria acontecer agora. Tudo havia sido cuidadosamente sido planejado para isso, e o pior de tudo é que não vou estar aqui para ver a cara do velhote quando descobrir que foi enganado. Dou um breve sorriso.

- Foi um desprazer existir por tantos séculos, o apego é mortal e nos torna tão frágeis quanto qualquer outro ser humano. Viver por si só é uma fraqueza.

Eric começa a crescer, seus olhos estão cintilando e em um movimento rápido suas garras atravessam meu corpo. Senti ele se desfazendo enquanto minha cabeça ia em direção ao chão.

- Que raiva... – digo entediado – Vou perder o melhor da festa.

RAVENA

A lua vermelha já mostrava seus resultados nos lobos, mas quando o chão rachou e as marcas do sinal do feitiço cravado no chão ganhou a cor roxa, percebi que tudo o que havia sido planejado estava acontecendo. Em uma fração de segundo os lobos vieram em minha direção. Suas garras e bocas estraçalharam meu corpo em pedaços. No final a liberdade sempre esta ligada a morte e a vida. Neste caso mais a vida do que a própria morte...

Nota: Tzul vem da palavra Tzelladimiron, uma espécie de demônio.

Darkness of Soul | Livro III | Romance GayOnde histórias criam vida. Descubra agora