Cap 02 Walker

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- Vamos senhora Walker...isso...mais força vamos, mais força...ta quase saindo
De repente um grito ensurdecedor se apoderou do quarto, mostrando o fim do parto, o doutor segurava uma criança nas mãos, "é um menino". A mulher ao escutar as palavras do doutor abriu um sorriso enorme, segurava com mais força a mão de seu marido ao percorrer o olhar da aliança aos olhos do homem ao seu lado, abriu-se um sorriso de orgulho que ia se desfazendo aos poucos. A força em seu aperto começava a diminuir e o doutor já entregara a criança para as enfermeiras.
- Senhora Walker? Senhora Walker responda, a senhora não pode perder a consciência agora... -Mas a mulher nada respondia. - Senhor - O doutor olhava agora para o homem que começara a se desesperar segurando firme a mão da mulher com os olhos cheios de água. - O senhor não pode ficar mais aqui, vamos tentar reanimar ela, enfermeiras, por favor, tragam-me o desfibrilador.
O homem se retirara do quarto angustiado, não tinha visto o filho de perto e ainda teria que deixar sua mulher correndo risco de vida sozinha. Andava de um lado para o outro na sala de espera com uma tensão elevada, podia sentir sem nem estar tão próximo a ele.
- Senhor, esta frio, aceite um dos agasalhos doados aos pobres, ao menos por agora, Londres castiga com suas noites frias nessa época do ano, estamos próximos do natal o inverno começou ontem.-A enfermeira segurava um agasalho marrom estendido ao rapaz que não dera atenção, não escutara uma palavra sequer, como uma reação de reflexo tudo o que disse foi "estou bem" e voltou a andar de um lado ao outro.
Já se passara uma hora desde o grande problema e o rapaz não tinha uma única informação do que estaria acontecendo lá dentro, na porta por onde tinha saído se encontrava um letreiro acesso escrito "cirurgia", toda vez que seus olhos percorriam aquela palavra sentia-se ainda mais aflito. Uma hora depois saia alguém da porta da sala, com uma expressão nítida de tristeza, o doutor retirava sua mascara e abaixara tanto seus ombros e costas que suas mãos quase tocaram o chão.
-Mr. Walker, eu sinto muito...tentamos de tudo, mas eu não pude fazer muito pela sua mulher, seu filho esta a salvo, mesmo as chances de vida dele também terem sido mínimas, parece que sua mulher deu tudo o que podia para que seu filho recebesse o máximo de força vital e sobreviver. Ele se encontra no berçário, não tem nome ainda, ou não sabemos, quando chegar ao berçário diga seu sobrenome, a enfermeira ira encontrar ele ao senhor por esta forma.
-Eu pos...posso...vê-la?.-Sua voz estava fraca e bem tremula, tinha um desespero aparente em suas palavras que agora saiam como suspiros de tão fracas.- Posso dizer que a amo pela ultima vez...?
-Mas é claro Mr. Walker, ela esta a caminho do IML, mas direi para que adiem a viagem umas horas, pode ficar a vontade para visitar seu filho primeiro se preferir. E tudo o que eu posso fazer pelo senhor agora Mr. Walker. - O doutor tinha uma nítida tristeza em sua voz também no fim. -Nosso hospital disponibiliza um pequeno "cartório" se o senhor precisar, quanto antes o senhor assinar a certidão de nascimento dele melhor, tem que ter o nome em mãos, os senhores. - Sua face se contraia de dor por ter falhado em salvar aquela vida. - ...Os senhores já tinham pensado em um nome?
- Jonathan, Jonathan Walker, esse será o nome dele. Elizabeth adorava esse nome.

- Vamos filho acorde, ande, a irmã Marry não vai gostar nada disso, vive dizendo que te dou muito liberdade e que sou relaxado contigo, vamos, chegue no horário para que eu não tenha dor de cabeça mais tarde
- Padre Wallace só mais uns minutos por favor. - Piscando os olhos furiosamente em direção a voz que acabara de falar, via-se um homem no pé de sua cama chacoalhando seus pés, vestia uma batina branca com estolas vermelhas com cruzes nas pontas, cabelos castanhos escuros em forma de tigela de purê, magro como um palito de fósforo, sorria olhando para ele.
- Não, não, ela adora fuxicar em nossas vidas, vamos Jonathan, não quero dar motivos para que ela fique julgando o modo como coordeno minha paróquia, você já esta com 15 anos! Tem que ter responsabilidades, ou você não vai querer assumir essa paróquia quando Deus me levar junto a ele?
- Ora padre Wallace, não fique dizendo besteira, ainda tem um longo caminho para isso, eu já estou descendo, minha mochila esta lá em baixo não esta?. - Disse esfregando os nós dos dedos com força aos olhos que pareciam queimar quando passou por cima de uma fresta de luz vinda da janela do quarto, olhara agora ao redor. O quarto estava uma bagunça, roupas e brinquedos jogados pelo quarto de madeira, assim como a paróquia a casa do Padre Wallace era toda de madeira, particularmente ele achava a madeira a mais bela dos materiais de construção. Seus olhos ainda cheios de remela. - Que horas são padre?
- Sim, seu café também. Agora ande, ande, chega de papo furado! São 6h da manha, esta atrasado. - O padre Wallace caminhava em direção da porta meio aberta, descia as escadas com passos pesados, Jonathan sentia que estava pisando em seus tímpanos.
Olhou para o lado e viu três montanhas de roupas, uma de camisetas, outra com calças e por fim a de cuecas e meias, vinha sempre um cheiro particularmente estranho daquela montanha ou seria apenas sua imaginação? Pois bem, se arrastou em direção as montanhas de vestes e começou a se vestir, fazia calor lá fora, colocou uma camisa xadrez vermelha e preta com uma calça jeans preta, começou a apertar o passo quando foi para calçar a bota de cano auto, correu para o banheiro, de frente ao espelho escovava os dentes e arrumava os cabelos ao mesmo tempo, era uma bagunça só, enxaguara a boca e com os cabelos pretos de uma escuridão gótica, olhara firme para ver se não esqueceram nenhuma remela perto dos seus olhos castanhos escuros, sua pele morena como café com leite, combinara perfeitamente com a camisa, acabara de sair do banheiro e descia as escadas correndo e pulando os degraus finais.
- Padre Wallace, onde esta minha mochila? Não estou encontrando. - Depois de descer as escadas viu o carpete de madeira brilhando no chão, parava de correr para não cair, quase todos os moveis eram de madeira, feitos a mão, a sala e cozinha eram grandes com bastante espaço, tinha uma grande lareira de frente a sala, era a pecualiedade da casa, por ser a única coisa feita com tijolos
- Ora, ora Jonathan, esta em cima do sofá.- Disse ele pela cozinha.- Ande, ande, venha comer algo, tem um lanche para a hora do almoço também. Quando sair da escola faça o que quiser, só não se esqueça que hoje é segunda, temos missa a noite, quero você arrumado as 6h da noite, até por que tens responsabilidades sendo meu ostiário
-Sim senhor, depois da escola vou passar um tempo com a Selena e o Noah no parque, antes das 6h eu vou estar aqui Padre. - Disse Jonathan engolindo uma torrada que estava encima da mesa da cozinha, a cozinha como o restante da casa era totalmente madeira, desde paredes a moveis, mesas e cadeiras feitas a mão.
- Cuidado com esses garotos, não gosto deles Jonathan, veja bem viu.-Disse com um tom um tanto preocupado mas também como um conselho.
- Não tem com o que se preocupar Padre. - Engolindo a ultima torrada e tomando todo o suco correu em direção a porta deslizando um pouco antes de alcançar a maçaneta quase caindo. - Ta muito limpo isso aqui Padre.- Padre Wallace deu um risadinha. - Até a noite.
Era primavera em Hexham, Jonathan corria em direção há escola Josué Roman. Era a única escola da cidade, freiras e padres lecionam para crianças de 10 a 18 anos. Jonathan e Padre Wallace moravam em um vilarejo não muito distante ao centro de Hexham, as casas eram divididas entre madeiras e tijolos, as ruas não eram asfaltadas, ruas de pedras e morros dividiam os locais, Jonathan não morava longe da escola, as casas eram todas muito acentuadas, todos se conheciam, não existiam vizinhos e sim amigos, desde o leiteiro até garoto que entregava o jornal, todos se conheciam, os vizinhos do padre Wallace eram ao lado esquerdo os Clark um casal de senhores idosos casados a mais de setenta anos. Do lado direito moravam a família dos Anderson eram jovens recém casados, porem já tinha duas garotinhas barulhentas como filhas, Julia e Claire eram gêmeas de oito anos, viviam brigando entre si e arrumando bagunça por toda cidade, como não existiam creches no vilarejo até fazer des anos os pais tinham que se virar com seus filhos, todos os cidadãos da parte Norte da cidade iam a paróquia do padre Wallace, nem todos mantinham-se fieis em todas comunhões, porem a paróquia vivia lotada aos domingos, tinha dias em que não se entrava todos. A paróquia do padre Wallace era a mais próxima do vilarejo, mais próximo só a 40Km de distancia. Existia apenas um senhor do qual não frequentava a paróquia, o senhor Vincent não saia muito de casa, sua casa era a mais relaxada do vilarejo, a calha estava solta, telhas bambas, boatos diziam que sempre chovia dentro de sua casa, todas as outras casas do vilarejo tinham um jardim deslumbrante exceto pelo senhor Vincent, seu jardim estava sempre mal cortado e mal cuidado.
Jonathan já avistara a escola Josué Roman, como sempre Selena e Noah estavam ao pé da calçada em frente ha escola sentados, esperando o atrasado Jonathan que via correndo com o suor da corrida seu cabelo começara a enrolar pela falta do gel.
- Olá...bom dia a todos. - Sua respiração ofegante fez as palavras saírem como um suspiro mortal
- Você não parece estar bem... Tem certeza que quer entrar? Podemos cabular hoje sabe, são três aulas da irmã Marry.
- Ora Noah, não vamos cabular coisa alguma! - Disse Selena com um olhar severo. Selena era loira de cabelos longos, iam até metade de suas costas de estatura mediana estava sempre vestindo vestidos longos com bordados e rendas, de cor rosa aquele dia, com uma rasteirinha azul. Sua pele clara lembrava uma boneca de louça, seus olhos azuis eram o que mais chamavam a atenção, suas bochechas coravam tanto quando ficava nervosa quando feliz. Noah estava entrando no estilo punk, cabelos espetados para cima como se estivesse sido eletrocutado, usava uma regata preta escrita em letras vermelhas "The Ramones", calças pretas coladas e uma bota cano médio, estava sempre com seu tocador de CDs em mãos, carregava coleções de CDs na mochila.
- Tudo bem Noah, Selena esta certa, não adianta mesmo fugir hoje, ela não vai ir embora vai?. - Disse Jonathan já com o fôlego reposto. - O que esta ouvindo ai?
- New York Dolls. É uma banda popular de punk-rock, toma pegue o outro fone, já que a Selena não gosta de musica de verdade podemos dividir.- Jonathan aceitou e então entraram na escola.
Talvez por ser a única escola da cidade, Josué Roman era enorme, dividia-se em três andares, eram 33 salas ao total, freiras e padres lecionavam todas as matérias, até línguas estrangeiras. Assim como as casas há escola era toda de madeira, corredores longos e espaçosos salas enormes, não se parecia nada com uma escola e sim um castelo, quem sustentava a escola era o Papa, todo o dinheiro, freiras e padres que ali ficavam eram designados direto do Vaticano, tudo que fosse relacionado ao catolicismo era observado pelo Papa e seus Cardeais, vinham freiras e padres de todos os cantos do mundo, aqueles que se formavam na escola de Josué Roman raramente não se tinha um futuro brilhante, tanto religioso como profissional, o Papa Paul XV foi aluno da Josué Roman quando menor, ele é também o atual líder do clero, cerca de 30 dos 120 Cardeais eleitos são ex alunos de Josué Roman, talvez seja por essa importância que a escola esta sempre em primeiro lugar das escolas publicas da Europa.
- "Che!". Lá vem o queridinho do padre palito. - Um garoto corpulento dos cabelos sebosos que tinham uns fios de barba nascendo que quando perto fediam a cebolas estava na porta da sala 28, classe de Jonathan. Aquele era Miles, um garoto que vivia perturbando Jonathan e seus colegas, desde de que tinham 10 anos estudam junto na mesma classe, desde sempre Miles e seus amigos os irmãos West, Charles e Colin West, Charles e Colin só obedeciam Miles por medo do que ele poderia fazer já que eram magricelas e fracos, só serviam para segurar as vitimas de Miles. Miles era muito forte, vivia espancando os mais fracos, Jonathan, Selena e Noah viam subindo as escadas para chegarem as salas do segundo andar, mesmo assim Miles já os avistara, correu com seu corpo corpulento e muito ofegante para pegar bolinhas de papel e atacar neles, Colin e Charles fizeram o mesmo
- Olhe Jhony parece que Miles começou com a chatice. - Noah apontava para Jonathan conseguir ver Miles. - Vamos dar a volta?
- Não. Olha quem esta vendo, a irmã Marry, talvez agora ela os castigue.
- Jhony ainda tem esperança que a bruxa o ajude? Achei que já tínhamos passado dessa fase. - Disse Noah cumprimentando um passante com a cabeça
Miles, Colin e Charles começaram a tacar aa bolinhas em toda a multidão, era difícil acertar só Jonathan, Noah e Selena com todos em volta e eles em movimento, a senhorita Marry dava pequenas gargalhadas ao verem a frustração dos alunos que foram acertados, alguns xingaram Miles, porem não foram além de palavras, Miles que tinha repetido duas vezes a 8º serie, tinha 17 anos, por isso muito dos alunos de series superiores tinham medo dele.
- Atrasados como sempre. - Marry tinha o apelido de bruxa, que lhe caia como uma luva, apesar das roupas típicas de freiras, ela sempre usava preto ou roxo, ela era bem gorda, mais do que Miles por ser mais velha, tinha um nariz grande e cabelos brancos mal penteados, sua voz era de estourar os tímpanos de tão fina, diz a lenda que ela quebrou uma janela da sala de aula enquanto gritava com um aluno. - Nunca irão aprender a chegar na hora?
- Professora já se passaram um minuto e Miles ainda esta para fora da sala também. - Selena dizia com firmeza
- Não importa, cuidem de suas vidas. - Seu nariz torcendo de raiva, olhava para Jonathan com certo nojo. - E você garoto, o padre Wallace pretende mentir para você até quando?. - Com um tom venenoso ela olhou para Jonathan de canto de olho cruzando os braços, Miles recolheu sua turma antes que os outros pudessem notar, estava sentado perto da Rose fingido estar numa conversa longa há tempos, Rose era a boneca de Miles, ela era muito feia, porem sempre o ajudava por bom grato.
- Verdade... Que verdade?
- Oras Jhony não caia no papo dessa bruxa... - Noah sussurrou para Jonathan. Porem a bruxa escutou.
- Quem você esta chamando de Bruxa Sr Adam? Acho que o senhor gosta de ficar no castigo depois da aula não é? Noah Adam?. - Um sorrisinho malicioso brotava em seus lábios maldosos. - Se não fosse pelos últimos ocorridos até daria castigo a todos vocês.
- Quais últimos ocorridos? - Jonathan estava com a impressão que era o único ali que não fazia ideia do que a bruxa estava falando
- Ora, ora, ora, parece que o Wallace não lhe conta nada hã? - Agora a bruxa gargalhava de maldade.
- Vamos entrar Jhony, deixa ela para lá, temos aula para assistir! - Selena puxou Jonathan pelo braço e o levou a sua mesa a força. Jonathan não deixava de ver tudo aquilo estranhamente.
Marry não gostou nada da intromissão da senhorita Selena Jones. Era como se ela tivesse guardado seu brinquedo favorito
No fim daquele dia ás uma da tarde faltando dois minutos para o fim da ultima aula de ciências do professor Bones que tentava a pulso enfiar na cabeça do Walter um repetente de que nem todos os cogumelos são para serem comidos.
- Façam silencio por um estante, por favor, porem pode guardar seus materiais, devido aos últimos acontecimentos... - Selena e Noah se entre olharam assustandos.- Amanha só terá aula até às onze horas . - Jonathan levantara a mão para fazer uma pergunta. - Sim Sr Walker, qual a duvida? - Professor Bones tinha uma voz tranquilizante, era um homem muito estranho, magro e sempre de terno, era o único professor não padre da escola.
- Que raios de acontecimentos são esses? - Bones olhou-o intrigado, se sentiu até ofendido, mas Jonathan simplesmente ignorou sua reação.
- Ora, como quais? Esses das ultimas noites onde as pessoas... - Tocara o sinal, Noah e Selena viram que Jonathan estava com a mochila nas costas, pegaram as suas mochilas o agarraram e o jogaram para fora da sala sem que ele tivesse tempo de escutar o que o professor falara.
- O que foi isso? Bones ficara furioso por eu ter perguntado e não escutar.
- Tudo bem Jhony, a culpa é minha e da Selena amanha nos falaremos com ele. Vamos para a casa. - Noah pegara seu toca discos do bolso lateral da mochila e colocara um CD do Pink Floyd.
- Achei que você só escutava punk Noah. - Selena olhava o disco do New York Dolls que Noah agora o guardava na capa que o pertencia.
- Ora, pare de bancar a enxerida, Jhony quer escutar comigo?
- Claro! Esse é o álbum do The Wall? Ouvir dizer que o filme é incrível.- Jonathan colocara agora o fone e cantava junto a musica.
- De novo vocês me deixando de lado. - Noah deu de ombros "ninguém mando você gosta de ouvir porcaria" disse para si mesmo. - Jhony não podemos ir ao parque hoje, mamãe me quer cedo em casa. - Estavam descendo as escadas que davam no corredor principal para a saída, Jonathan olhou estranhando. "Ok" foi tudo o que disse.
- Também não vou poder Jhony, meus pais vão tomar um chá na casa dos pais dos West, bem que eu queria ficar contigo, ir a casa desses desgraçados é irritante. - Noah xingara os West em baixo, sabia que Jonathan não gostava
- Bom chegamos na saída, aqui fica minha deixa, até a noite na missa então? - "Até" os dois disseram e cada um foi para um lado, Noah pela direita, Selena pela esquerda e Jonathan voltara na direção reta da qual vinha pela manha, andando pelas ruas ainda pensando no que os amigos estariam escondendo dele cumprimentava muito dos vizinhos que acenavam e ele retribuía do mesmo.

O Demônio caminha sozinho Onde histórias criam vida. Descubra agora